chapter five

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LIL GIELA
Eu não me lembro de literalmente nada de ontem a noite, somente de ter dispensado uma garota e logo depois Júlia ter vindo jogar minha cocaína fora e me cobrir. Ela tem noção do quanto é caro? Procuro meu celular pelos cantos do sofá para ver a hora e acabo não achando, será que eu deixei no quarto? Bebo um pouco do lean que tava em cima da mesa e vou até a cozinha, tendo a melhor vista que eu ja tive, Júlia estava agachada com um shortinho colocando a lata de nescau no seu devido lugar e logo em seguida ela foi terminar de lavar a louça. Não sei por quanto tempo fiquei aqui, mas foi o tempo de uma música minha acabar.Nunca tive alguém que ficasse no meu apartamento como a Júlia tá ficando, nem mesmo a Naxx, bom, esse era nosso plano. Ver alguém cuidando das coisas de casa me fez sentir algo diferente.
- Ou, você tá ai a quanto tempo? Terra chamando Giela? - A voz doce dela entra em meus ouvidos.
- Eu acabei de entrar. Por que jogou minhas drogas fora?
- Melhor do que espalhada, pra qualquer momento a polícia invadir e te prender.
- Não tenho medo de polícia, Júlia.
Abro a geladeira e encontro um bolo de chocolate.
- Vem cá, você acordou que horas pra fazer tudo isso? - tiro o bolo da geladeira e coloco na mesa.
- Depois que eu joguei o negócio fora, eu não consegui dormir mais. Foi a onde eu fiz o bolo, varri, passei pano.
- Valeu- digo com a boca cheia, que bolo gostoso do caralho.
Eu estava sentado de lado no balcão e a Júlia estava em frente a pia, lavando o resto de uns talheres. Veio a lembrança na mente, Naxx e eu naquele mesmo espaço entre a pia e o balcão, mas não era o mesmo que eu tava sentindo no momento com a Júlia, era algo saudável. Era engraçado, porque ela era minha cópia, a diferença é que ela não quer se afundar mais, e sim melhorar. Eu continuo olhando pra ela, eu senti algo semelhante quando comecei a sair com a Naxx. Esquece isso Giela. Mas meu coração falou outra coisa.
" Pega ela e a beija, é o que você quer "
O olhar surpreso de Júlia encontra o meu. Estávamos perto, muito perto. Loren falou que não era pra mim chegar perto dela, nem a beija lá, nem abraçar ela. Mas foda se.
- Com licença? - Falando no diabo. Solto Júlia imediatamente. Loren tinha a chave do meu apartamento.
- A Júlia ia cair, você acredita- coloco minha mão no pescoço. - Ela fez um bolo maravilhoso, quer?
- Eai, pirralha. Como você tá?
- Bem, na medida do possível. - Os dois se abraçam, era um abraço que parecia que eu precisava.
- Beleza então. Deixa eu falar com o Giela um pouquinho tá? Vai lá. - Vish.
- Eu falei grego, filho da puta? - Ele vem me peitando.
- Qual foi a tua hein? E se eu te falasse que a gente transou ontem? Você ia fazer o quê?
Eu não ia brigar com o Loren, nunca, mas ele estava muito puto. - Você gosta dela? É por isso?
- E se eu gostasse? Isso te incomodaria? - Me incomodaria?
- Não, você sabe muito bem que não. Ela só caiu, só isso.
Ele se acalma e se senta no banco.
- Eu não gosto dela, só criei sentimentos de irmão por ela. Quando o pai dela morreu, ela ficou três semanas em casa e nessas três semanas fiz coisas que o pai dela fazia. Cortava a gordura da carne, fazia leite, colocava ela pra dormir. Eu sou o irmão mais velho dela. Só não quero que ela sofra igual sofreu com o ex dela.
- O que quê aconteceu?
- Isso algum dia ela te conta, é pessoal.
O que será que tinha acontecido?
- Não quer mesmo um bolinho?

- Por que isso de repente? - Falo para Júlia sentado no sofá.
- Quero mudar. Um piercing e uma tatuagem não vão me fazer uma sem futuro.
- Bora lá então, ja sabe o que quer fazer?
- Sei lá, só sei que vai ser dois lugares. Nas costas e atrás da orelha. E os piercings vai ser um na orelha, um no nariz, umbigo e sobrancelha.
- Caralho, você aguenta tudo isso? Vai ser as costas inteira?
- Aguento, e sim, vai ser nas costas inteiras.

Júlia decidiu fazer uma cobra vermelha em suas costas, média, acho que ela não aguentaria uma enorme logo de cara. Eu tava fazendo uma também, um patinho pequeno. O por quê? Eu não sei mas queria saber. Júlia já havia colocado seus piercings
e temos que tomar cuidado com ela por pelo menos três semanas. Julia levanta da cama do tatuador, exibindo sua bela tatuagem e seu belo corpo, mas logo colocando sua camisa enorme dos Beatles.
- Quanto ficou? - Ela pergunta.
- Eu pago, pode deixar. - Eu pago e seguimos um caminho até um restaurante.
- Sua tatuagem ficou maneira. Tem algum significado pra você?
- Valeu. Não, só fiz por fazer mesmo. Ela gira seu colar toda vez que está nervosa.
- Vai querer comer o que quando chegar lá?
- Strogonoff de frango, meu favorito.
- É bom, mas não se compara a macarrão.
Seguimos o caminho todo sem conversar, era bom ficar assim com a Júlia. Com ela era paz, não precisava de nenhum tipo de droga, ela fazia o ambiente ficar maravilhoso, como se todo mundo tivesse fumado. Com a Naxx era só o caos.

- Perdão senhor, mas hoje só temos carne mesmo.
- Pode ser, moço. - Julia agradece. - no que pensa tanto?
- Em nada. Eai, tá doendo?
- O piercing da orelha tá ardendo um pouco, ja a tatto tá de boa.
- Aqui está a refeição de vocês, com licença.
Vejo julia arrastando sua carne de um lado lara o outro e me lembro sobre a gordura. Pego o prato dela de surpresa e corto as gordurinhas, colocando em meu prato. Ela sorri contente, foi a primeira vez que eu vejo ela sorrir sinceramente eu acho.

Mas que inferno tá acontecendo comigo? Cortando a gordura pra ela, Giela?
É foda quando alguém que você ja amou destruiu seu coração fortemente, para que não possa amar outro alguém.

𝔪𝔢𝔯𝔡𝔞𝔰 𝔞𝔠𝔬𝔫𝔱𝔢𝔠𝔢𝔪 /Lilgiela33Onde histórias criam vida. Descubra agora