- dá pra você falar o que aconteceu? — Ainda estava arrastando o Giela até o banheiro — o que aquela Naxx te fez?
Giela parecia fora da casinha, mais que o normal, ele estava mal, no fundo do poço.
Mas ele não abriu a caixinha, se ele fosse sincero, creio que realmente só abriria quando estivesse MESMO no fundo do poço.
- ela mandou alguns caras me baterem, foi um truquezinho de merda. Ela me ligou pra gente ficar sossegado, conversando, fumando. Tudo estava indo bem, até ela colocar o pozinho mágico no meu lean e eu adormeci até agora pouco, minutos antes de eu ser massacrado. — as pessoas são loucas ao ponto de amarem quem só quer ver elas fodidas.
- senta ai, eu ja volto. — faço ele se sentar no vaso e liguei para a farmácia em meu celular, pedindo o que era necessário.
- juli, cadê ele? Ele ta bem? O que aconteceu?
- ele tá no banheiro — digo sussurrando.
Vejo ele entrando no banheiro, e imediatamente abraçando o garoto. Giela era uma boa pessoa, por que será que a Naxx fez aquilo? Inveja? Fama? Que raios!
- Ok, estou a espera. Volto ao meu lugar no banheiro. — por que ela fez isso?
Giela me olha, com seus olhos roxos e sangue escorrendo de seus braços.
- Ela quer foder minha vida, fez um barraco na delegacia dizendo que eu quis estuprar ela. Puta. Esse não era o típico do Giela, ele pode ser um viciado aos caralho a quatro, mas ele nunca encostaria numa mulher sem a permissão dela.
- Loren, vai pegar as coisas da farmácia, eles estão buzinando.- Aí! Dá pra ir mais devagar? Tá doendo!
Eu estava agachada de frente para suas pernas, com seu pulso esticado para mim.
- corta o pescoço de uma vez, palhaço. — Giela não esboça, sorriso algum, continua com sua cara neutra. — Ai, eu disse brincando tá? —dessa vez ele ri. Uma risada gostosa.
- Relaxa, patinha. Onde o Loren foi?
- Foi tirar satisfação com a namorada dele, ex eu acho. A gente tava ensaiando, e ele recebeu uma foto dela com outro cara. Não deu pra ver o rosto dele, estava cortada a foto. — Giela me olha com um olhar diferente. — O que foi?
- Nada não. Uiui! Ta ardendo agora.
Olho para sua camisa com sangue também.
- Tira a camisa. — Logo veio um sorriso maroto do garoto a minha frente.
- Mas já? Pensei que você ia esperar um tempinho.
- Hahaha, como você é engraçado. Tira logo.
Ele tira, exibindo seu abdômen magro, mas marcado, fortemente marcado.
- é mais fácil tirar uma foto.
- para de graça, nem parece que levou uma surra agora pouco.
Para minha sorte ou azar, tive que ficar no meio de suas pernas meio levantada e meio agachada para limpar pouco perto de seu peitoral. Apoiando minha mão em suas coxas, subo e dou uma olhada em suas costas.
- Caramba, machucou aqui também? — vou para o lado e ele se vira. Pego outro paninho com água e soro fisiológico e vou passando diante todos seus machucados. Vejo o garoto se arrepiar diante meu toque em suas costas, munha mao estava gelada, acho que era por isso. Pego um band-aid e coloco sobre o pequeno corte.
- Pronto. Pode levantar já.
Ele se levanta, puxando meus braços e colocando-me contra a parede.
- por que me ajudou?
Suas palavras saem susurradas perto de meu rosto.
- Porque sim? Você precisava de ajuda e eu ajudei.
- Teve pena de mim? — seu par de olhos penetrantes encontram os meus.
- não. — somente isso saí de minha boca, eu realmente não tive pena dele. Só vi uma cena que nem aquela antes e quis salvar uma pessoa que na mesma situação passada, não pude salvar.
- Então por que ajudou?
- Porque eu... Olha, não interessa do porque eu ter te ajudado, pelo menos eu ajudei! Ou queria que eu te deixasse ai jogado no chão? — saio de seus braços envolventes e arrumo as coisinhas certinhas.
- foi mal. Preciso de algo para melhorar essa chapação.
- Eu faço alguma coisa, espere ai. — termino de guardar as coisas e vou para a cozinha, checando os armários e a geladeira. Pego um chá de camomila, coloco limão e açúcar. Aprendi isso com minha mãe, quando meus pais ficava chapadão, minha mãe fazia isso para eles tomarem.
- É só esperar esquentar.
- Ai, aquela hora você disse que estavam ensaiando, ensaiando o que exatamente?
- Um som. Eu toco guitarra e o Loren a bateria. Não é uma banda, é só um passatempo mesmo.
- Então você toca guitarra? Caralho, você é surpreendente.
Fiquei... feliz? Feliz em ouvir palavras que já ouvi de outra pessoa antes, e que depois ferrou comigo? Vejo Giela pegar seu celular, avistando várias notificações.
- seus fãs devem estar preocupados.
- Sim, vou fazer uma live rapidona aqui.
Enquanto lavava uma loucinha que tinha, ouço as palavras de Giela para seus fãs.
A campainha tocou e eu tive que passar por trás dele para atender.
- Pois não? — Vejo um homem de meia idade aparentemente, com uma pizza na mão. — Desculpe, mas, não pedimos pizza.
- Aqui é a residência do senhor Márcio?
- Sim, é aqui sim.
- A pizza já foi paga pelo Loren. Toma aqui.
Ele desce o elevador sem ao menos dizer tchau ou "tenha uma boa noite." Por um segundo esqueço que Giela estava em live e o grito:
— Giela, o Loren mandou pizza. — ouço imediatamente o mesmo falar em sua live.
- Ela é uma amiga, foi ela quem me ajudou hoje. Júlia, vem cá!
Era só o que me faltava, ele quer que eu apareça em live com ele? Levanto do sofá e vou até a cozinha.
- Oi? — Ele faz um gesto para mim sentar ao seu lado, logo me mostrando na câmera.
- Essa é a Júlia, rapaziada. A minha salva vidas.
Descendo meu olhar nos comentários, vejo frases do tipo:
" Giela, ela é uma linda. Combina com você"
" Sei lá, acho que sou mais do time Júlia do que Naxx. "
Comentários assim eram estranhos para mim, conheci Giela praticamente ontem, ja que tinha passado a noite fora de casa.
- Bom, mais tarde eu retorno com a live! Falou pra vocês ai. — Ele fecha a live e me olha. — Gostaram de você. Cadê a pizza?
Sofisticadamente ele levanta da cadeira e vai para a sala. — Loren não vai voltar mesmo?
- Creio que não. — Digo me sentando ao outro lado do sofá. Pego uma fatia de pizza e vejo Giela ligar a televisão.
- Quer ver alguma coisa? Escolhe ai. — ele me joga o controle. Estava passando " A hora do pesadelo" e imediatamente coloquei. — Gosta de terror?
- Sim, é meu gênero favorito. Tem algum carregador ai? Meu celular acabou a bateria. — Giela vai até o seu quarto e logo em seguida pede meu celular. Ele se senta novamente, assistindo ao filme.Abro meus olhos e vejo uma silhueta parada á minha frente, com um telefone na mão. Eu estava... Na casa do Giela ainda? Que horas eram? Levanto sutilmente e procuro meu celular, Giela estava preocupado no telefone, pelo que parecia.
Ligo meu telefone, me sento no sofá de novo, esperando meu celular raciocinar e logo vem chegando inúmeras chamadas perdidas do meu irmao, casa fixo, mãe e hospital... Espera, hospital?
- Finalmente acordou, já são 14:00 da tarde. E ah, tenho uma notícia ruim pra você. Seu irmão sofreu um acidente enquanto voltava pra casa sozinho e acabou morrendo. — Aquelas palavras me derubaram, acabaram comigo, me destruíram. Preciso ir ao hospital, minha casa, sei lá! Porra.
- Onde ele está agora? No hospital?
- Indo para o cemitério.
- Pode me levar até lá? — Levanto desesperamente e Giela junto a mim.
- Vamos.Será que tinha como a porra da vida piorar? Meu pai, meu irmão e quem será o próximo a mim que morrerá? O que eu fiz ao destino, Deus seja o que for, para isso acontecer comigo?
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𝔪𝔢𝔯𝔡𝔞𝔰 𝔞𝔠𝔬𝔫𝔱𝔢𝔠𝔢𝔪 /Lilgiela33
Fanfictione se você entrasse na vida do viciado que quer morrer? Você conseguiria fazer ele viver, ou você seria só mais uma?