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Conversar com a Yukako é mais difícil do que eu imaginava

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Conversar com a Yukako é mais difícil do que eu imaginava.

Ela sempre tenta cortar o assunto para que terminasse mais rápido e também, parece que ela sempre estava com medo de alguma coisa, olhava para os lados, mexia no cabelo toda hora e vivia roendo as unhas.

Mas era inútil perguntar para ela o que estava acontecendo, ela sempre desconversava sobre isso e tentava mudar de assunto. Às vezes, queria entrar na mente da Yukako para saber o que raios se passa na cabeça dela.

— Meninas - Jolyne começou —, vamos dar uma volta no shopping?

Eu já estava animada e quase me levantando da mesa, mas aí lembrei que estou de castigo e meu pai bloqueou o meu cartão. Jogo minhas costas na cadeira e digo irritada:

— Meu pai bloqueou meu cartão, não posso...

— Ué, mas você tem dinheiro vivo, não tem? - Jolyne perguntou.

— Argh, tenho, mas eu prefiro usar meu cartão, não tenho muita paciência pro povo do caixa me dar o troco.

— Ah, sei, também não tenho muita paciência às vezes.

— Mas - Yukako começou a falar, pela primeira vez — vocês não conseguem dar uma volta no shopping com dinheiro vivo?

— Até que sim, mas qual a graça? - continuo — A gente teria que ficar contando as notas uma por uma, no cartão ce só passa e pronto.

— Fora que a carteira não fica cheia.

Yukako não falou nada por um tempo, mas ficou olhando para nossa cara com um olhar triste e abaixou a cabeça e pergunta de novo:

— Seus pais deixam vocês saírem?

Eu e Jolyne rimos descontraídas e minha amiga diz:

— A gente sai praticamente todo fim de semana, ou vamos no shopping, ou dormimos uma na casa da outra.

— Legal - ela disse em um tom desanimado —, se minha mãe me deixa sair pra ir à esquina, já é uma vitória...

Eu e Jolyne paramos de rir, apenas demos um sorriso sem graça e ficou um silêncio constrangedor. Não vou negar que já ouvi algumas coisas sobre a mãe da Yukako e nenhuma delas eram boas.

Ouvi tanto o Josuke reclamar da mãe dele que até perdi as contas, uma vez ele disse ao Okuyasu que a mãe dele era uma louca que favorecia a Yukako de todas as formas e descontava sua frustração do trabalho em cima dele, como se o Josuke tivesse culpa.

Só que não vou negar que uma vez, enquanto eu esperava o meu motorista chegar, ouvi a Yukako em uma ligação com ela e a Yukako estava chorando aos prantos, dizendo coisas como "desculpa, mãe" e "me perdoa, pelo amor de Deus" repetidas vezes. Não sei o que aconteceu exatamente para que isso tenha acontecido, eu até ia perguntar para a Yukako, mas meu motorista tinha chegado e acabei nem perguntando para ela.

Momentos como esses, me faziam agradecer a Deus pela mãe que tenho.

Ou tinha...

Respirei fundo e disse:

— Bom, já que não temos o que fazer, vamos voltar pra escola?

Minhas amigas assentiram e andamos até a entrada, pedimos o Uber e voltamos a escola.

Fomos até as salas em que teríamos aula, eu teria aula de gramática no momento. Abri minha apostila, folheando-a até a matéria, eu estava sozinha na sala de aula, até a porra da Sheila entrar.

Ela estava usando o mesmo vestido que eu.

O. Mesmo. Vestido.

Nós duas estávamos usando um vestido jeans de mangas longas, mas o dela era mais claro e usava um casaco bege aveludado e usava um tênis surrado, o meu era mais escuro e eu usava uma meia calça preta e um coturno preto.

Ela se aproximava de mim com o mesmo ar de arrogância e soberba e fala:

— Então, você e a Jolyne estão mesmo empenhadas a serem amigas daquela louca, né? - ela dá uma risada anasalada e se vira de costas — Que engraçado. Até parece que vocês tão em um faz de conta. - ela se vira de novo para mim — Não esperava isso de você, Trish.

Apenas suspiro e digo:

— Não tem nada mais interessante pra fazer?

Ela coloca as mãos na mesa e responde:

— O que foi, Trish? Vai negar que tá em um faz de conta com aquela louca da irmã do Josuke? Sabe, ela ficaria tão triste com isso. - seu tom de voz é irritantemente debochado.

Olho para a Sheila e reviro os olhos.

— Você realmente não passa de uma vadia imprestável, não é? - alfineto enquanto abro meu estojo.

— Quê? - agora ela está irritada. Sheila joga o casaco na minha mesa e continua: — O que foi que disse, garota? - Sheila se afastou um pouco da mesa.

— Eu disse que você não passa de uma vadia imprestável. - olho para ela novamente — Preciso soletrar?

— Você que finge querer ser amiga daquela lá e eu que sou a errada?

Bufo, o ano letivo mal começou e essa vaca já está torrando a minha paciência. Levanto da minha carteira e falo:

— Com que direito você tem em dizer que estou apenas fingindo a querer me aproximar da Yukako?

— Porque ninguém em sã consciência se aproximaria da irmã do Josuke, esqueceu do que ela me fez?

Ah, começou.

No oitavo ano, a Sheila falou que a Yukako tinha dado uma puta surra nela, isso só intensificou os boatos que a Yukako era uma valentona que nem o irmão dela. Nunca foi comprovado se era verdade ou mentira, mas o negócio ficou tão sério que o Josuke precisou intervir. Essa foi a primeira e única vez que vi o Josuke defendendo a irmã dele, porque os dois se odeiam muito e eles já saíram na mão inúmeras vezes.

Com o passar dos anos, o povo foi "esquecendo" esse boato, mas isso prejudicou ainda mais o isolamento da Yukako.

— Escuta, Sheila - começo —, se a Yukako realmente te bateu, você mereceu.

Ela parece ter ficado surpresa com o que falei, ela piscou algumas vezes, franziu o cenho e afastou um pouco o rosto.

— Quê? - ela perguntou.

— Exatamente - dou uma pausa —, a Yukako nunca se mostrou agressiva com ninguém durante esses anos que estudamos juntas, ela só era agressiva com o Josuke e olhe lá! Você não acha muito estranho ela do nada ter batido em você? - pergunto genuinamente curiosa — Exceto se... você tenha feito alguma coisa.

Ela desvia o olhar e diz:

— Eu não fiz nada, Trish. Aquela mina que é uma louca do caralho e me bateu por nada!

— Será mesmo? Eu duvido muito.

Sheila suspira irritada e sai andando até sua mesa, batendo os pés. Os outros alunos chegaram pouco tempo depois e a aula começou.

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