Ana Flávia
Acordo meio perdida, mal consigo abrir os olhos com a claridade que estava no local, tento abrir os olhos aos poucos e não reconheço o lugar onde estou, era uma sala grande, com uma mesa de escritório, parecia uma sala de estar, com uma enorme janela que dava pra ver a cidade, estava deitada em um sofá retrátil cor de creme.
"Que droga" pensei comigo, onde estou?
Tento me sentar no sofá, minha cabeça começa a latejar forte, minha garganta seca, "aí que dor insuportável"
", me recordo do dia anterior, bebi
uma garrafa inteira de vodka, com certeza a dor que sentia não poderia ser menor.
Avisto minha bolsa em uma mesinha ao lado do sofá, me mexo devagar para alcançá-la, pego meu celular dentro dela e já são 12:47 "merda", de brinde também havia várias ligações da minha mãe, não poderia faltar mensagens também do Pedro , "aff", só ignorei.Mas afinal Deus, como eu vim parar aqui?! Pego um comprimido de dor de cabeça que tinha em minha bolsa e engulo. Coloco meu celular no sofá e me levanto ainda com dificuldade, ouço um barulho da porta se abrindo, e me contenho com passos para trás.
Um homem entra, alto, vestia regata e calça jeans, com muitas tatuagens pelo corpo,tao lindo que parecia gala de filme, forte e cabelos morenos bem alvoroçados, trazia um copo d'água na mão.
Acho que nunca tinha visto tamanha beleza antes, "que pedaço de mal caminho", isso que Gabriela com certeza diria agora, aparentava ter uns 26 anos, talvez mais, não sei.- Finalmente acordou menina, fugiu de casa? - e da um sorriso sarcástico...
Menina? Serio isso? Eu já estava prestes a completar 18 anos, tá bom que eu não era velha, mas também não sou uma criança pelo tom que ele soou.- Como está? - ele acrescentou, mas continuei em silêncio - Previ que estaria com sede. - e me estende o braço com o copo que tinha nas mãos, eu pego e em seguida já bebo.
- Onde estou? - Pergunto - O que aconteceu?
- Você está no escritório da minha boate. - Ele diz sério, ahh então ele deveria ser o dono do local. - Você bebeu demais, a ponto de apagar.
Como não tinha uma maneira de te ajudar, a
trouxe pra deitar no sofá, bem mais confortável que uma cadeira não é? - e sorri novamente de maneira extremamente atrevida - adolescentes como você não podem ficar bebendo da maneira que bebeu ontem moça, sua mãe sabe onde você está?- Adolescente? Escuta aqui, você acha que está falando com quem? - digo irritada. Como ele pode ser tão sexy e atrevido ao mesmo tempo?
- Já vi que a menina está de mal humor. - Sinico.
- Você não tem idade para isso, melhor voltar pra casa, sua mãe deve estar preocupada.
Reviro os olhos, ele estava começando a me tirar do sério. Quem ele pensa que é? Já vi que o que tem de lindo tem de grosseiro também, a onde é que eu fui me meter.Pego minha bolsa na mesinha bufando de raiva e passo trombando nele e indo em direção a porta. E ele ri com prazer da situação.
- Nao fique brava menina - ele vai insistir com isso mesmo? mas não o respondo e abro a porta pra sair - Não vai nem agradecer? - ele pergunta.
Olho para trás dentro dos olhos dele.- Não pedi a sua ajuda. - e lhe dou um sorriso
cínico e saio batendo a porta.Desço as escadas que parecia não ter fim, saio e vou em direção ao meu carro, sigo pra minha casa ainda morrendo de dor de cabeça, só queria dormir o dia todo em paz.
- Posso saber onde a senhorita estava? - Diz minha mãe em pé, de guarda na porta. Ah não, e reviro os olhos, tem essa agora.
- Agora não mãe, estou morrendo de dor de cabeça. - Digo passando por ela e subindo as escadas pro meu quarto, jogo a bolsa na cama e vou direto tomar um banho.
Quando saio do banheiro ela ainda está me esperando sentada em minha cama.
- Onde passou a noite? - Ela insiste.
- Na Gabriela, onde mais? - e desvio o olhar.
- Você quer enganar a quem Ana Flávia ? Eu sei que nem esteve lá porque liguei pra Maria - Mãe de Gabriela - e de acordo com ela você nem passou por lá.
- Eu precisava de um tempo sozinha, só isso. Eu e Pedro terminamos. - a voz ecoou ainda triste, apesar de não amá-lo tanto, eu tinha um grande carinho por ele e o que vivemos foi sincero, quer dizer, acho que foi, pelo menos da minha parte.
- Como assim terminaram? - ela pareceu preocupada mas também curiosa - Vocês brigaram?
- Mãe agora não, por favor. - e dou um suspiro - estou cansada, com dor de cabeça, só quero deitar um pouco, prometo que contarei tudo mais tarde. - e me jogo na cama.
- Tudo bem - diz se levantando da cama - Mas não pense que vou esquecer. - dá um beijo em minha testa, sorrio pra ela e logo em seguida ela se retira.
Preciso contar tudo que aconteceu para a Gabriela, mas antes tenho que dormir um pouco.
Acordo e não acho meu celular dentro da bolsa.
- Droga! - digo irritada, não acredito que esqueci meu celular naquele lugar. Só pode ser brincadeira isso.Terei que voltar o quanto antes, não posso ficar nem mais um minuto sem meu celular, fui esquecer justo ele, e ainda ter que dar de cara com aquele homem grosseiro de novo.
Preciso ir até a casa de Gabriela , não voltarei para aquele lugar sozinha, não mesmo.
Vou andando, já que ela mora somente uma quadra da minha casa, com certeza ela vai ficar totalmente perplexa com o que houve. Toco a campanhia e é ela mesmo que atende.- Ana ? O que faz aqui esse horário, achei que fossemos sair só a noite. - diz curiosa.
- Não foi pra isso que eu vim.
- Não?! - e arqueou uma de suas sobrancelhas.
- Não gabi , preciso que vá comigo até a boate . - e ela arregalou os olhos. -Vem Gabriela !!!
- Tá, calma! Deixa eu só pegar minha bolsa. - Vai e volta em questão de segundos, vamos em direção a seu carro - Mas espera aí, na boate lux ? Lá nem entra de menores, aliás, ainda está de dia. - diz confusa.
- Vou te explicar tudo, você não vai nem acreditar.
- Pois quero ouvir tudo.
Entramos no carro e no caminho começo a
contar tudo o que houve.- Em primeiro lugar eu e Pedro terminamos
ontem a noite.- Terminaram? - ela perguntou espantada. - O que aconteceu? Terminaram por que?
- Pelo mesmo motivo de todas as nossas discussões gabi , ele quer apressar as coisas.
- Ele quer apressar as coisas ou você que nunca está preparada Ana Flávia? - Até ela contra mim?
Ninguém merece.- Gabriela , eu não sou como você que mal começou a namorar e já se sentiu confiante para transar com o Murilo . - ela ri.
- Mas enfim, o que a boate tem a ver com seu término? - e lhe contei tudo em mínimos detalhes...
- Eu não acredito que desmaiou de tanto beber Ana , você não toma nem mesmo um copo de qualquer bebida alcoólica.
- O pior foi quando acordei no escritório desnorteada, sem saber onde estava. Até que ele apareceu.
Ele quem? - e lhe contei tudo.- Meu Deus, não acredito Ana Flávia , você ficou louca de dizer que não pediu ajuda? - e dou risada, foi engraçado agora lembrando. - E ele era gostoso assim do jeito que me disse?
- Se ele era gostoso Gabriela ? Gostoso ainda é uma palavra pequena pra descrevê-lo - e me abano com as mãos fingindo calor e ela ri exageradamente.