CAPÍTULO I

111 23 37
                                    

A figura de Park Jimin estava sentada à mesa da sonserina, enquanto tomava calmamente o pequeno-almoço, um pouco mais afastado dos seus colegas, mas sem deixar de os observar.

O Salão Principal estava apinhado de alunos sonolentos e sentados quietos – estranhamente quietos – enquanto comiam algo antes das primeiras aulas do dia se iniciassem.

Jeon Jungkook e Kim Taehyung estavam sentados juntos na mesa dos leões, estrategicamente de costas com costas para Min Yoongi, na mesa das serpentes, e mais afastados dos seus companheiros de casa.

– Suga! – Chamou Jungkook baixinho, cutucando as costas do primo – Hora de pôr o plano em prática.

– Eu não acredito que me vou atrasar para a aula do Snape para te ajudar com as tuas brincadeiras – Resmungou Yoongi enquanto enfiava o último gomo de tangerina na boca.

– Para de reclamar, Suga, tu nem gostas das aulas do Morcegão – disse Taehyung.

– Para ti é Suga hyung, V. E para tua informação, não gostar do professor não significa que não gosto da disciplina – retrucou o sonserino – Porquê que eu alinho nas vossas brincadeiras, mesmo?

– Porque me amas e porque sou o teu primo favorito, hyung – retrucou o maknae, enquanto abria a mochila discretamente e retirou do seu interior dois pequenos potes de vidros e entregou-os para os amigos, que os guardaram nas suas mochilas – E porque o Taetae prometeu-te um saco de tangerinas.

– Ele subornou-me! – Acusou o de cabelos pretos, virando-se para os dois mais novos, passando uma perna pelo banco, ficando uma de cada lado.

– Tudo pelas pegadinhas, Suga. O quê que estes bichos fazem? – Perguntou o de cabelos castanhos, examinando o pote de vidro dentro da sua mochila que continha criaturinhas azuis raivosas.

– São diaboli nocturna anões – disse Jungkook – Tens de estar mais atento às aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, Kim.

– Traduz, espertalhão!

– Podemos dizer que são primos dos Diabretes Escoceses – explicou Yoongi – Os escoceses sofreram uma mutação por conta dos bruxos que viviam aqui, pois absorviam a sua magia. Os originais podem ter de 3 a 5 centímetros enquanto estes têm entre 5 milímetros e um 1 centímetro.

– E o quê que eles vão fazer?

– Bom – disse o mais novo, baixando a voz, fazendo com que os dois mais velhos se inclinassem nos bancos para ouvir o que ele tinha a dizer – Vão agir como pequenas aranhas voadoras, agarram-se com as patas ao couro cabeludo da sua presa, neste caso, os nossos queridos colegas e fazem-nos ter pesadelos, mesmo que estejam acordados.

Yoongi abriu um sorrisinho orgulhoso – Tu és terrível, JK.

Nós somos terríveis, hyung – corrigiu Taehyung – Mãos à obra, rapazes.

– Lembrem-se o que combinamos – alertou Jungkook – Quando o trabalho estiver feito por aqui, encontramo-nos no nosso esconderijo.

Como quem não queria nada, Jungkook levantou-se e caminhou até à janela mais próxima, fingindo que iria ver como o tempo estava. Quando chegou perto, abaixou-se para falsamente apertar os cordões dos coturnos e retirou da mochila o pote, escondendo-o com a capa do uniforme, que a tinha trazido de propósito para aquela ocasião.

Taehyung, ainda na mesa, deixou cair uma colher e enquanto se abaixava para a apanhar, retirou o pote da mochila e esperou pelo sinal do maknae.

Yoongi, também na mesa dos Slytherin, abaixou-se para tirar o livro de Poções e retirou o pote.

Como combinado, quando já estavam com os potes nas mãos, dirigiram os seus olhares para o grifano perto da janela e ele ergueu a mão com o polegar para cima, dando o sinal.

Abriram as tampas e os furações azuis saíram disparados, ziguezagueando em direção às centenas de cabeças ali presentes. Enquanto o caos se instaurava, os três patifes saírem o mais rápido e discretamente que puderam, dirigindo-se discretamente para o seu ponto de encontro.

Uma rapariga corvina abanou o ar, afastando uma mosca azulada pelo – que achou – sol que entrava das janelas altas, então percebeu que haviam moscas demais naquele dia. A sua colega comia calmamente à sua frente, até um dos bichinhos de muitas patas se agarrar ao cabelo dela como um piolho. A rapariga arregalou os olhos, largando o garfo e arfando em horror para algo atrás da amiga. Esta olhou para trás, mas nada viu. Quando abaixou o olhar para ver a sua própria silhueta, sentiu a vergonha a invadir: estava sem o uniforme, sequer usava uma peça íntima.

Rapidamente, o caos se instalou e o Salão se encheu de gritos. Alunos gritavam enquanto os diabretes faziam o seu trabalho.

Os diabretes estavam a fazer um bom trabalho. Vasculhavam medos tão profundos e os tornavam reais à luz do dia. Alguns alunos tinham medo do escuro, sonhavam que estavam nus à frente da escola inteira, no Salão Principal. Outros sonhavam com aranhas, cobras, múmias, palhaços e até Dementadores.

Enquanto os professores tentavam nocautear as criaturas, uma delas escapou e esvoaçou na direção de Kim Seokjin, o Monitor dos Gryffindor, que tentava proteger os primeiranistas. Quando viu a criatura, soltou um berro, empurrando os alunos na direção dos professores, agarrou na sua mochila e saiu disparado do Salão.

Correu pelos corredores, até achar uma porta destrancada. Abriu-a e quando estava do lado de dentro, fechou e trancou-a atrás de si. Encostou-se na madeira desgastada, tentando regular a respiração e olhou ao seu redor.

– Merda! – Soltou baixo.

Estava na sala de Filch, o zelador mal-humorado da escola.

Vasculhou ao redor com os olhos, até que uma gaveta aberta atraiu a sua atenção. Foi até lá e espreitou. Um sorriso ladino apareceu nos seus lábios, uma ideia crescendo na sua mente. 

Revelio | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora