CAPÍTULO XII

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Provavelmente estavam há mais de duas horas ali, apenas deitados, curtindo o pouco sol da tarde e a brisa úmida do riozinho.

Era confortável e relaxante realmente.

Quer dizer... deveria ser totalmente confortável.

Mas Jungkook sentia as suas costas arderem e queimarem. Sabia o motivo, mas não queria pensar nele.

Não naquele dia.

Não num momento bom como o que estava.

Curioso, leitor? Então lhe direi tal motivo.

Um dia antes da escola voltar das férias - algumas semanas? Meses? atrás - acabou por acontecer um... acidente em casa. Onde um caco de cerâmica passou nas suas costas - sim, cerâmica, a mesma que causa cortes praticamente impossíveis de cicatrizar.

Tinha feito um curativo improvisado, já que não queria contar sobre o acidente, muito menos pedir ajuda.

Taehyung e Yoongi eram os únicos que sabiam dos ferimentos do moreno e falavam constantemente para ele procurar um medibruxo, porque a magia poderia resolver.

Mas como o orgulho grifinório é a coisa mais resistente do mundo, ele não iria pedir ajuda.

Conclusão? O seu curativo abriu. Mas não queria se importar com isso agora.

Virou o rosto para o lado, sentindo a relva pinicar a sua bochecha. Entrelaçou os dedos sobre o peito, olhando para o rapaz loiro. Este dormia calmamente. O braço por cima dos olhos, o joelho direito dobrado e os lábios entreabertos pela posição.

Percebeu a rotina que se criou. Eram discussões pelos corredores, pegadinhas com os amigos, mais discussões com o loiro. Tudo para se encontrar com ele às terças - onde sentava na cadeira e ouvia o outro falar, sem discussões, apenas provocações.

Franziu o cenho para si mesmo, percebendo como estava a dinâmica entre eles.

Era como se, naqueles dias de estudos, eles quisessem lembrar que não gostavam um do outro. Mas também estavam a criar uma dinâmica diferente, rotulando um novo tipo de relação.

Mas como o sonserino disse "Não eram nada um do outro".

"O que não está totalmente errado", percebeu. "Mas também não totalmente certo".

Eles eram algo sim. Algo que se escondia dos outros, mas se encontravam apenas para passarem tempo juntos.

"Ah, mas é só para estudar" - pensou, voltando o seu foco para o loiro dorminhoco - não, não era apenas estudar.

Eles estavam ali, num jardim como aquele, juntos. Apenas deitados na grama como se fossem algo do outro. Nem que seja apenas tolerância mútua. Mas era algo. E esse algo estava a incomodar o moreno. Não era daquelas pessoas que odiavam uma mudança, mas sentia que aquela, ele não tinha controle algum. Além de estar a perturbá-lo porque, de repente, ele estava a tolerar Jimin.

Não entendia realmente.

Suspirou, empurrando a grama para se sentar. As suas costas queimaram e a careta foi automática. sentiu algo rastejar pelas suas costas, quente - descendo até o cós das suas calças e desaparecer. Levou a mão para o local, sentindo algo molhar os seus dedos. Assim que olhou para a sua mão, metade da sua palma estava com uma fina camada de sangue - tão fina que o seu sangue estava alaranjado. De repente, sentiu-se mal. Uma tontura estranha, além da dor ter se intensificado. Agora que tinha consciência de que não foi apenas o curativo que abriu, parecia que estava a queimar mais.

Não conseguiria fazer o curativo ali.

"Merda" - xingou internamente, abrindo a mochila para achar algo que estancasse o sangue.

Revelio | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora