CAPÍTULO II

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Enquanto o caos ainda se fazia presente no Salão, o trio de malfeitores ria alto escondido atrás dum quadro que ficava no corredor que levava até à Enfermaria. Assim, conseguiam ver o que tinham causado sem serem apanhados. Nas suas inúmeras pegadinhas anteriores, eles haviam-no descoberto e usavam-no como o seu refúgio habitual, além da Casa dos Gritos, que era protegida pelo Salgueiro Lutador.

O quadro representava: um coelho, um pintinho, um unicórnio, um hamster, um koala, um tigre e um gato. Sete animais tão distintos a conviver em harmonia numa paisagem. Para abrir e revelar a sua passagem secreta, descobriram que tinham de apertar os símbolos na moldura na sequência: em primeiro, um caracol na parte inferior da moldura; em seguida, uma letra delta na parte superior; depois, uma flor de lótus no lado direito e por fim, uma estrela de oito pontas no lado esquerdo.

Do lado de fora, os gritos ainda eram ouvidos, o que causava ainda mais gargalhadas no trio.

– Esta... – Arfou Taehyung – Foi uma das melhores pegadinhas que fizemos.

– Uhum – concordaram.

Jungkook aproximou-se do quadro e espreitou para o lado de fora. Pela pequena fresta que abriu, pôde ver os pequenos diabretes a puxar os cabelos loiros e a capa preta de Jimin, enquanto os professores tentavam afugentá-los. Jung Hoseok estava logo atrás do sonserino enquanto Kim Namjoon corria pelo corredor e tentava bater-lhes com um livro.

Fechou o quadro novamente e um risinho sarcástico saiu da sua garganta.

– O Anão de Jardim e o Jung estão a levar uma sova dos diabretes. Já o teu irmão, V, até se está a safar. Mas se ele me mata um diabrete, juro que ele vai parar ao Lago Negro.

– O meu irmão não sabe medir a força que tem e é desastrado – disse Taehyung – Ele não vai reparar se nos matar um diabrete.

Yoongi, recostado de braços cruzados na parede fria, perguntou – Medroso como é, o Hoseok ainda não fugiu?

– Desde quando o Jung passou a Hoseok, Suga? – Questionou Jungkook com um sorriso maroto a rasgar-lhe o rosto.

– Vai-te foder, JK – disparou com as faces coradas.

– Parece que alguém está apaixonado – cantarolou Taehyung.

– Ele uma vez sentou-se comigo em Herbologia e desde aí sentamo-nos juntos nas aulas que fazemos juntos – contou – Só isso, não criem fanfics nas vossas cabeças.

Taehyung soltou um risinho nada convencido com a fala do mais velho.

– E o Park Bogum, V? – Provocou JK. Sabia que o melhor amigo tinha uma queda pelo grifinório mais velho desde que o vira no Campo de Quadribol, quando ainda era Capitão da Equipa de Quadribol.

– Ele tem um corpinho bonito de se apreciar – suspirou Taehyung.

Yoongi e Jungkook riram alto, fazendo o amigo corar.

– Sabem que não vamos ficar aqui o dia inteiro, certo? – Questionou Yoongi – Se continuarmos aqui, os professores vão reparar e vão descobrir que fomos nós que soltamos os diabretes.

– Se precisarmos de sair daqui nos próximos minutos, precisaremos fingir que estamos sob o efeito das criaturinhas.

– JK... – Começou Taehyung, receoso – Porque é que tu gostas tanto de fazer pegadinhas?

– Porque enquanto as planejo e executo – sorveu o ar – Não estou a pensar no desaparecimento da minha mãe e no péssimo relacionamento com o meu pai.

O rosto do mais novo fechou-se e ele virou-o para longe dos olhares dos amigos.

– Jungkook – chamou Taehyung, tocando-lhe no braço – Desculpa, eu não sabia.

– Não tinhas como saber – suspirou Yoongi – Não é um assunto que falemos muito.

– A minha mãe desapareceu uns meses antes de começarmos o terceiro ano – contou Jungkook, encostando-se à parede e cruzando os braços – Ela era uma Caçadora de Recompensas.

– O meu tio não gostava desse lado aventureiro dela, e ficou irritado quando soube que iria ajudar a procurar as Relíquias dos Fundadores de Hogwarts.

– Após uma discussão horrorosa, ela saiu de casa à noite e nunca mais voltou – Os grandes olhos castanhos de Jungkook estavam tristes e fixos no primo.

– Desde aí, não temos mais notícias dela.

– Sinto muito, rapazes – Taehyung afagou as costas de Jungkook e o mais novo soltou um esgar de dor.

– Merda – sibilou, levando as mãos às costelas.

– Kookie – chamou Yoongi, desencostando-se da parede e caminhando a passos lentos na direção do mais novo – O que foi?

– Nada – disse, tentando fugir dos dedos longos e pálidos do mais velho.

Yoongi segurou-o pelo braço e levantou-lhe o sweater preto do uniforme, revelando o abdómen do mais novo enfaixado com uma ligadura branca. Onde a faixa branca não tapava, dava para ver alguns hematomas.

– Quem é que te fez isto? – Perguntou Yoongi num silvo baixo.

Jungkook não respondeu.

– Quem é que te fez isto, Jeon? – Elevou o tom de voz e o mais novo tremeu quando os dedos frios lhe tocaram a pele.

– Foi ele, Yoon – disse baixinho – Foi o meu pai. 

Revelio | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora