CAPÍTULO X

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Naquela tarde, de um dia que, para os de fora, não passava de outro dia normal, mas para o rapaz ali - dentro daquela salinha secreta de estudos - era um dia importante.

Não no bom sentido.

Um dia nada bom para Jungkook.

Largou a pilha de livros sobre a mesa, querendo começar com os pergaminhos que rolaram para fora da mesa - empilhou-os entre as pilhas de livros, abrindo um deles.

O quê que ele estava a fazer?

A procurar pistas.

Precisava encontrar a sua mãe e este era um dos dias que tirava para mexer com o passado. Normalmente, de dois em dois meses ele tirava o dia para pesquisar. Faltava às aulas para conseguir toda e qualquer informação que o ajudasse. Quase que enlouquecia, apenas a procurar alguma migalha de informação que o ajudasse a encontrar a sua mãe.

Desta forma, assustou-se quando a porta se abriu de uma vez e o rapaz que lhe lecionava as aulas de Runas, entrou no cômodo.

– Olha só, tu estudas – zombou o loiro, mas Jungkook sequer prestou atenção, ainda lendo o pergaminho.

– Não é da tua conta – disse rude.

– Claro que é. Eu dou-te aulas – Jimin respondeu igualmente rude.

A resposta do moreno foi um revirar de olhos.

Enquanto o sonserino arrumava as suas coisas ao lado do quadro negro, Jungkook seguia a passar os olhos pelas palavras. Insultou o pergaminho, atirando-o para longe e pegando no próximo.

A expressão confusa do loiro foi para o grifinório, encarando-o enquanto atirava pergaminhos e mais pergaminhos para o chão.

Ficava cada vez mais estressado. Sempre que tirava o dia para pesquisar, nunca achava nada. Ou achava, e era algo completamente absurdo que o fazia desistir da hipótese.

Coçou a nuca, forte o bastante para a arranhar. Estava irritado. Queria paz. Só de pensar no caos que vivia dentro de casa... o seu sangue fervia como água para chá.

– Queres ajuda? – O loiro perguntou, querendo soar suave. Por mais que não gostasse do moreno, ainda conseguia ver que era um tópico sensível.

Mas também havia o leve medo de Jungkook partir para cima de si - a sua raiva era palpável e tão densa quanto ósmio, o metal mais denso do mundo.

– Não preciso da ajuda de ninguém, muito menos da tua – o seu tom era mais de birra do que de raiva, voltando a coçar a nuca de tanto ódio.

Empurrou o último pergaminho para o chão, erguendo-se da mesa com barulho o suficiente dos pés do móvel sobre o chão - o que fez o outro rapaz arrepiar-se de horror.

Pegou o primeiro livro da primeira pilha.

Mas a sua raiva era tanta que não o permitia atentar-se nas palavras. Bateu com o livro ao fechá-lo, denunciando a sua ansiedade ao jogar o objeto para o outro lado do cômodo - como se fosse um frisbee.

Jimin, alheio ao desespero e estresse do outro, sobressaltou-se pelo som alto do livro a bater na parede e no chão.

– Desse jeito não vais achar informação nenhuma – disse sensatamente, pegando o livro no chão, empilhando os pergaminhos sobre ele.

– Não me digas o que fazer! – Bateu as mãos na mesa com fúria. Sentia uma raiva que não cabia dentro de si. Uma raiva que mascarava culpa, frustração e saudade. Sentimentos esses que ardiam no seu peito, ardiam por detrás dos seus globos oculares, como se as glândulas quisessem criar lágrimas, mas fossem impedidas de tal ato.

Revelio | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora