Recomeço - 𝗧&𝗣

capítulo um

N/A: Olá, desde já agradeço a atenção de vocês. Gostaria de esclarecer algumas coisas sobre esta história. Ela é baseada no final da novela "Terra e Paixão", portando os personagens são os mesmos assim como os acontecimentos narrados.
Veremos com exclusividade a trama de Irene La Selva e de que forma seguiu depois de fugir de Nova Primavera sendo obrigada a deixar uma vida toda para trás, e talvez, tendo a oportunidade de recomeçar.

Espero que gostem :)

Capítulo I

De dentro do táxi empoeirado conseguia ouvir de longe a polícia no meu encalço, os policiais gritavam indignados por não terem conseguido me alcançar e eu sentia um certo alívio ao vê-los distantes.

Minha cabeça girava, meus pensamentos estavam embaralhados e minha respiração desregulada.

"Me diz por que, me diz por que você matou o nosso filho"

"Eu não vou conseguir te perdoar nunca, isso não, e acho que nem você vai conseguir SE PERDOAR"

"Eu não podia permitir que você cometesse outro crime, devolva a criança, você 'tá cercada"

"Mãe olha para mim, o Daniel já se foi"

"Devolve o Danielzinho para a mãe dele, por favor mãe"

Frases soltas rodeavam minha mente me deixando cada vez mais sufocada,enjoada. Para qualquer outra pessoa poderiam ser apenas palavras sem sentido algum, mas para mim eram como a morte. Me lembrava de cada expressão de desespero, cada lágrima rolada, por minha causa, quando disseram-me aquelas terríveis palavras.

Perdi todos que mais amava
Perdi todos por quem daria minha vida
E agora não tenho nada
Estou pior que uma alma penada, pois nem sei ao certo se ainda tenho alma.

Pelo vidro embaçado do carro observava a vida passar em câmera lenta, tudo se mexia devagar.
As pessoas andavam com sorrisos sinceros e irritantes, fazendo-me questionar como havia para alguns tanta felicidade enquanto para outros a tristeza era tanta que nem o olhar conseguiam levantar, assim como eu não conseguia. Sempre foi desse jeito... sempre seria.

— Ô dona, já estamos no meio de uma estrada e a senhora não me falou ainda para onde quer ir, tô querendo encerrar a corrida já — o motorista afirmou parando o carro e me olhando atentamente.

Para onde se vai quando não se tem para onde ir? Nem alguém para quem voltar?

Senti meus olhos se encherem d'água, emoção causada pelas petulantes dúvidas internas, mas logo me recompus respirando fundo, evitando as lágrimas e disse-lhe:

— Me deixe na pousada mais próxima

O homem assentiu murmurando alguma coisa que não me dei ao trabalho de prestar atenção. Algum tempo se passou, para mim mais devagarosamente do que deveria se passar para os demais. E então, avistamos uma pousada que mais parecia um casebre mal cuidado do que uma hospedagem qualquer

— Quanto ficou? — perguntei já impaciente abrindo a bolsa e vendo dentro dela somente algumas cédulas soltas, documentos falsos e meu aparelho celular.

Inferno! O resto do dinheiro havia ficado nas malas.

— Vou fazer duzentinhos para você lindinha, porque a viagem foi longa não é?

Não me contive e revirei os olhos pelo jeito como tinha se referido a mim. Entreguei a ele o dinheiro e saí do carro logo depois

— Quer mais alguma ajuda, linda dona?