capítulo três

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N/A: Sugiro que escutem a música acima para que possam compreender melhor o capítulo

Boa leitura!!!

Próxima a pousada havia algumas lojas de conveniência, adentrei uma por uma na expectativa de achar uma roupa decente que combinasse minimamente comigo, já que nos últimos dias eu trajava só trapos, e calças jeans nunca me agradaram. Algumas atendentes se prestaram a me assistir mas eu neguei a ajuda. Passei horas e horas procurando uma roupa boa no meio daquelas coisas extremamente bregas, e nem acreditei quando achei um conjunto de seda, na cor vinho, a blusa tinha mangas compridas e era delicadamente decotada, além da calça ser flare.

Parecia que uma pequena parte de mim havia voltado quando experimentei aquele conjunto no provador apertado, quase dei pulinhos de felicidade ao me ver bem naquela roupa, me reconhecia um pouco, já que quase tudo de mim havia se esvaído naquele disfarce mal feito. Tentei ajeitar o cabelo num coque desajeitado e penteei minha franja com os dedos, até que ficou melhor do que antes.

Falei para a atendente que queria levar aquela roupa e ela me mostrou mais alguns vestidos, médios e cumpridos de tons marcantes e sem estampas, esses também me interessaram... Comprei também alguns sapatos e acessórios. Que saudade estava de usar um salto.

Depois voltei para a pousada e joguei as sacolas sobre a cama de casal daquele espaçoso quarto, que era literalmente maior que o anterior. Até que foi uma boa ideia ter escutado o tal Rodrigo, o lugar era realmente melhor.
Mas isso não queria dizer que eu tinha comprado aquelas roupas somente para sair com ele, claro que não! Eu realmente precisava de roupas novas.

Arrumei as peças no pequeno guarda-roupa de madeira e depois de colocar tudo em ordem fui até a grande janela que havia ali e a abri, sentindo uma brisa suave bater em meu rosto

Observava tranquilamente a rua movimentada até que vi uma mulher que me chamou a atenção, tinha cabelos loiros, aparentava ser jovem, estava rodeada de três crianças que possivelmente eram seus filhos, pareciam ter idades diferentes, os dois meninos mais velhos e a menina a menor que parecia ser a caçula dos três. Estavam animados e sorridentes brincando entre si enquanto a mãe lhes alertava sobre algo. Não consegui evitar que memórias invadissem meu ser

Flashback ON •

Nova Primavera, 2002

Tudo bem crianças, se sentem para comer, vocês podem continuar brincando depois.

Estávamos em um piquenique no jardim enorme de casa, a tolha quadriculada era imensa e cheia de guloseimas, Angelina me ajudava a arrumar tudo, mesmo não indo muito com a minha cara ela me auxiliava com as crianças. Havia brinquedos espalhadas pelo gramado todo, bicicletas, carrinhos, bolas, bonecas, bambolês, lápis colorido, papéis, canetinhas quebra-cabeças...Era uma verdadeira bagunça colorida

— Caio! Daniel! Saiam já dessa bicicleta e venham comer! — Quase gritei ao ver os dois praticamente em pé em cima da pequena bicicleta e Petra os olhava querendo participar da brincadeira.

— Tá, tá! A gente já vai. — eles davam altas gargalhadas e só depois de um tempo se juntaram a mim e a Petra na toalha sobre o chão.

Mamãe quando vou poder "bincar" como eles? Eles podem me ensinar a ficar de pé na bicicleta? — perguntou Petra com sua vozinha doce e fina enquanto pegava um biscoito amanteigado em formato de nuvem e levava até a boca.

Nem eles deveriam brincar assim, minha filha. Ambos sabem que é muito perigoso e para você mais ainda, tão
pequenina. — disse encarando aqueles olhos grandes e pidões, levei minha mão até sua franja bagunçada de tigelinha e ajeitei seus fios escuros, a menina assentiu com a cabeça me dando um lindo sorriso que mostrava seus dentinhos de leite.

Recomeço - 𝗧&𝗣 Onde histórias criam vida. Descubra agora