capítulo dezenove

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N/A: VOLTEII PESSOASS!!! É importante lembrar que estamos na reta final. Ansiosos para o fim? De qualquer maneira agradeço por acompanharem até aqui. Agora sem mais delongas vamos para o capítulo.

Boa leitura!!!

Capítulo XIX

"De repente do riso, fez-se o pranto
Silencioso e branco, como a bruma
E das bocas unidas, fez-se a espuma
E das mãos espalmadas, fez-se o espanto

- Soneto de separação, Vinicius de Moraes"

Balançava freneticamente a perna que estava cruzada sobre a outra.
Uma de minhas mãos segurava o aparelho celular que exibia uma imagem de Petra segurando os cartões postais que eu havia mandado para ela enquanto estava na Itália. A foto tinha sido mandada às 09:46 AM, mostrava o aplicativo de mensagens. Porém, só pude vê-la às uma da tarde, na ala de espera do consultório de Mirian.
Petra estava sorridente, aqueles lindos olhos grandes e amendoados transmitiam paz e alegria. Fiquei feliz por vê-la daquele jeito e tive certeza que o mérito de sua felicidade nunca foi meu, nunca foi por ter uma mãe como eu. Respondi com alguns emojis de coração e fechei o aplicativo, desligando o aparelho em seguida

- Eliza Belmonte - chamou Mirian da porta de sua sala. Levantei-me, apanhei minha bolsa de couro que se encontrava sobre o chão ao lado da poltrona, a coloquei sobre os ombros e adentrei a sala com um aceno sutil.
Me sentei na tão conhecida poltrona escura.

- Não tens comparecido as sessões - disse se sentando a minha frente

- Precisei vir - olhei-a com seriedade

- Você sabe que o processo terapêutico não funciona assim, vamos acabar regredindo se você vier só quando estiver a beira de um colapso - suas palavras eram firmes e duras, assim como seu olhar de reprovação sobre mim. Nada fiz além de encará-la com impaciência

- O que te trouxe aqui afinal? - aquela simples pergunta fora o suficiente para tencionar meu corpo todo. Pois, para respondê-la teria que pensar em tudo o que estava acontecendo, mesmo que não quisesse fazer isso.

Meus dedos finos tamborilavam sobre o tecido leve de seda que envolvia minhas pernas. Encarava o nada somente para fugir de seu olhar questionador

- Diga

- Raiva. Muita raiva. Raiva a ponto
de... -  pensei melhor nas palavras que usaria e paro de falar

- De?

- Nada - meus punhos já estavam cerrados por baixo da mesa.

Raiva a ponto de humilhar qualquer ser humano que me irritasse minimamente. Raiva a ponto de espancar alguém que chegasse perto de mim sem que eu visse. Raiva a ponto de me rasgar inteira. Raiva a ponto de me destruir e destruir quem estivesse em volta. Mas não, não disse nada disso

- O que te levou a sentir tanta
raiva? - me olhava com curiosidade.

- Ele quer um filho. - as palavras saíram como sussurro depois de longos minutos de silêncio

- Ele te disse isso?

- Não. Mas as pessoas cobram e ele não demonstra desgosto em relação a ideia. Eu sei que ele quer, eu sinto.

Recomeço - 𝗧&𝗣 Onde histórias criam vida. Descubra agora