capítulo oito

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— Preciso dos documentos de vocês para finalizar a compra da
passagem — informou a atendente simpática do aeroporto.

Logo Rodrigo lhe entregou sua identidade e eu retirei meu documento falso da carteira e entreguei a ela também.

— Hum, Eliza Martins — sussurrou no meu ouvido, roçando seu nariz naquela região após ler o nome no meu documento — Gostei, criativo.

Me virei em sua direção e o olhei de maneira fulminante, o que lhe provocou um sorriso imoral.

Que sorriso bonito!

— Aqui estão — a moça nos entregou as passagens — O voo sai em 30 minutos.
Assentimos e nos afastamos do balcão, indo em direção aos bancos de espera que tinham ali

— Prefere que eu te chame de Irene ou de Eliza na cama? — perguntou em tom baixo me olhando atentamente, seu olhar queimava sobre mim.

— Nenhum dos dois, porque isso — fiz um que indicava nós dois apontando o dedo — nunca mais vai acontecer

— Nem você acredita em suas próprias palavras — soltou uma risada e levou uma de suas mãos até minha perna coberta pela calça de alfaiataria, fincando seus dedos no local enquanto me encarava. A única coisa que fiz foi bater de leve em sua mão e tirá-la de minha perna ainda sentindo o calor que a mesma provocara em minha pele.

— Convencido! — afirmei semicerrando os olhos

Depois de uma algumas alfinetadas e conversas paralelas nosso voo foi anunciado e embarcamos. Rodrigo guardou minha bagagem junto a dele no espaço acima de nossas poltronas e se sentou ao meu lado

— Odeio viagens de avião, meus ouvidos sempre entopem

—Nunca testou a técnica do
chiclete? — perguntei divertida

— Isso não resolve

— Eu aposto que você nunca
testou — coloquei as mãos no bolso de meu sobretudo, tirando de lá várias embalagens de chiclete.

— Sorte sua que eu trouxe — entreguei a ele alguns doces vendo-o me olhar surpreso

— Com certeza minha bolha vai ser maior que a sua — disse com seriedade o que me arrancou uma alta risada, me levando a colocar a mão sobre a boca para abafar o som e não atrapalhar os demais passageiros.

— Para de ser assim

— Você bem que gosta — afirmou jogando 3 gomas de mascar de uma vez dentro da boca e mastigando com rapidez, logo fazendo uma bolha enorme de chiclete

— Se explodir na sua cara e grudar na sua barba eu não vou deixar você me beijar nunca mais — disse segurando o riso e ele voltou a mascar a bala normalmente

— Isso seria um castigo tenebroso
demais — se aproximou de meu rosto e me roubou um celinho, fazendo-me sentir o gosto doce de seus lábios açucarados.

— Senhoras e senhores estamos prestes a decolar — anunciou a aeromoça e logo sentimos a pressão do ar contra o veículo e sua rápida subida

Estava encarando a janela, sempre amei admirar o céu mais de cima, era tudo tão lindo. Podia ver os raios de sol atravessando as nuvens e deixando-as alaranjadas e vermelhas, anunciando o anoitecer.

— Isso não é justo, você ficou com o melhor lado — reclamou Rodrigo de forma dengosa

— Mas é cla — fui interrompida pelo espanto que me foi causado quando dei de cara com uma figura familiar ao me virar na direção de Rodrigo para respondê-lo.

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