Coração partido.

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Comecei a ronronar baixinho na tentativa de não chamar atenção. É a coisa mais difícil do mundo tentar segurar as lágrimas. Realmente há como chorar sem fazer barulho? Minhas fungadas, respiração e soluço saem desembaraçados por minha boca, por mais que eu tente disfarçar, qualquer um pode me ouvir chorando.

Nossa posição começou a ficar desconfortável. Então decidi que está na hora de me levantar, qualquer um pode abrir esta porta e me ver nesse estado.

Levantei minha cabeça de leve sendo surpreendida por seus fios de cabelo colados em minha bochecha, as lágrimas fizeram com que isso acontecesse. Meus dedos os desgrudaram levando de volta para sua cabeça. Em uma leve massagem arrumei seus cabelos como estavam antes de meu contato bagunça-los.

Em seguida, espreguiço minha cabeça e abro meus olhos, esses que estão embaçados. Não consigo nem observar a sala com o fosco que invadiu minha visão. - Hmm. - Enquanto esfregava eles ouvi um gemido de Jiwan, mas por sorte é nada demais. Ela ainda dorme encostada no meu peito.

Respirei fundo e soltei três vezes. Cada uma delas sentindo meu pulmão descarregar todo o ar que se mantém preso. Depois de estar um pouco menos débil, me movimentei pronta pra sair daqui. Minhas mãos puxaram Jiwan pra frente, deitando suas costas de leve no tapete. Após isso, me mantive em pé e voltei a pegá-la. Agarrei em suas costas e puxei suas pernas para cima.

Grunhi enquanto carregava ela pelos corredores, Jiwan não é pesada, mas não tenho condições de levar alguém em meu colo. Estou cansada e fraca demais para isso.

Após chegar em frente ao quarto ouvi passos se aproximando. Virei pra trás e vi Seyoung parada. Ela me olhou com preocupação quando enxergou meus olhos.

- Sol... O que houve? - Seyoung analisou tudo, desde o meu semblante até Jiwan dormindo em meu colo. - Por que você tá chorando?

- Não é nada. - Desviei meu olhar pra porta. - É só uma dor chata. - Minha voz saiu embriagada mostrando que não é apenas isso. - Pode me ajudar com algo?

Ela balançou que sim com a cabeça. Então pedi que abrisse a porta do quarto pra mim. Assim, entrei no quarto e ela fez questão de arrumar a cama. Puxou a coberta para baixo e organizou os travesseiros.

- Obrigada. - Agradeci e coloquei o corpo de Jiwan deitado sobre o colchão. Minhas costas e braços se sentiram livres sem peso algum.

- Sol? - Olhei novamente para ela que ainda aparenta estar preocupada. - Você não tá bem.

- Por que veio atrás de nós duas? - Perguntei curiosa sem grosseria. Na verdade, só quero afastar esse assunto complicado.

- O pessoal vai soltar fogos, não quer ir junto com a gente?

- Podem ir. - Respondi. - Não gosto muito de barulho.

- Certo. - Seyoung me abraçou de leve. - Eu vou te deixar sozinha.

Seu corpo logo sumiu pela porta, e eu agradeci por todos estarem saindo de casa. Não tenho motivação pra ver um bando de luzes explodindo no céu.

Fechei a porta que estava meio aberta e corri pro banheiro do quarto. Peguei uma toalha de rosto e molhei na água que cai da torneira. Depois disso, sai do cômodo voltando pras camas.

Me ajoelhei no chão em frente a Jiwan e observei seu rosto. Minhas mãos afastaram sua franja para trás, e com a outra, alisei sua pele com a toalha úmida. De leve passei por sua testa, descendo pelo nariz, bochechas, queixo e maxilar. Fiz essa sequência por mais umas cinco vezes, até sentir seu rosto gelado. Isso é pra relaxar e refrescar sua pele.

Deixei a toalha estendida sobre a madeira da cama e andei até seus pés. Com dificuldade tirei sua sandália e fiz uma massagem satisfatória em seus dedos, às vezes descendo até a palma, mas subindo novamente.

I Like You • SoljiwanOnde histórias criam vida. Descubra agora