Cada capítulo que passa me surpreendo mais com a história de cada personagem, o desenvolvimento e a maturidade. Hoje vamos descobrir mais sobre Oh Bitna, e o que ela tanto guarda em segredo.
...
Andando pela calçada de cabeça baixa, Bitna ouviu altas gargalhadas; então, reergueu sua cabeça para olhar o motivo de tantos risos. Mas preferia ter evitado o choque de realidade. Todo mundo já se sentiu inferior ao olhar algo em sua volta - podem ser coisas mais simples, como o lanche que seu amigo leva para a escola ou a forma que seu colega se locomove até o trabalho.
Foi afrontoso para ela dar de frente com quatro mulheres que acabaram de sair de uma loja refinada. Todas estavam com sacolas nos braços, todas vestiam roupas e sapatos que, só de olhar, eram caríssimos. Elas passaram por Bitna com aqueles perfumes ardentes e cabelos ao vento. Mesmo sem notarem a presença da pobre garota ali, parada em espanto, a jovem se sentiu inferior, concluindo que era tão coitada que jamais seria vista por pessoas assim.
- O que vocês acham de nós almoçarmos no Flavours hoje? - Sugeriu uma delas, loira e com uma presença abundante. - Dizem que a comida de lá é maravilhosa.
- Me assusta saber que você nunca pisou lá antes - Respondeu sua amiga.
- Uma tarde decidi entrar lá, mas vi uma mulher com roupas de segunda linha e dei o pé atrás - Debochou a loira.
Elas passaram pela esquina, rindo da forma deselegante como se referiram a uma mulher estranha. A adolescente então percebeu que elas são tão ricas, ao ponto de se incomodarem com quem frequenta o mesmo local que elas, e novamente se sentiu inferior, pois, o lugar que as quatro mulheres vão almoçar é tão chique, e ela, por exemplo, não tem dinheiro suficiente para comer o que um restaurante tem a oferecer.
Bitna então, menos reflexiva sobre o momento, continuou andando até seu destino, que seja lá qual for. Mas algo a impediu de continuar. Ela parou em frente à loja da qual as mulheres saíram há minutos, pensativa sobre as palavras delas. Seu corpo se virou e ela se aproximou mais da vitrine.
A jovem encostou sua mochila pesada no chão - a grande mochila que carrega as poucas peças de roupas que ela ganhou durante a vida. Assim, torceu a cabeça ao ver a vitrine recheada de trajes bonitos e diferentes. Alguns manequins tinham sua estrutura corporal, e por momentos pensou em como ficaria boa naquele conjunto específico. Ela coçou a cabeça ao lembrar que no bolso de sua calça, tem o suficiente para um lanche. E que talvez, teria que investir em outra coisa, para assim, poder lanchar uma segunda vez. Então é nítido que nunca conseguiria comprar as roupas em sua frente. Ter uma calça de quinhentos reais ficará em seus sonhos.
- Bonitas, não?
Bitna ouviu uma voz grave. Sem olhar para o lado, percebeu pela sombra no chão e pelo reflexo do vidro à sua frente que o indivíduo era uma mulher. Ela permaneceu em silêncio, ainda comovida pelo choque de realidade que a encontrou.
- Já entrou em uma loja desse tipo? - a dona continuou a puxar assunto.
- Eu jamais seria aceita em um lugar assim - Bitna respondeu, totalmente fria.
- Você já se imaginou vestida igual a esse manequim?
A garota, ainda desconfiada das intenções da moça simpática, pensou e respondeu:
- Jamais tive acesso a isso, então nunca me imaginei. Mas confesso que... eu gostaria.
A mulher adulta soltou um sorriso de canto, analisou a menina magra de cima a baixo e concluiu um pensamento.
- Você é uma jovem muito bonita.
Pela primeira vez desde que a interação começou, Bitna se virou para a moça. Viu uma mulher coberta por peças sociais, um rosto incrivelmente perfeito, e cabelos e perfume parecidos com os das quatro ricas que viu antes. A jovem se sentiu inferior novamente ao perceber que tinha uma mulher empoderada ao seu lado. Pensando no elogio feito por ela, achou ser puro deboche.
VOCÊ ESTÁ LENDO
I Like You • Soljiwan
Roman d'amourA história de Sol e Jiwan nos ensina que, às vezes, é preciso coragem para revelar nossos sentimentos mais profundos.