Confesso que escrever nessa reta final está sendo o melhor momento para mim. Interajam bastante nesse capítulo, e boa leitura Bears.
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Pov Yu Nabi:
Minhas mãos tremem, balançando de um lado para o outro, descontroladas. Não sei em que momento me tornei tão sensível, tão vulnerável diante das incertezas da minha própria vida. Estou de joelhos, tentando evitar que minhas pernas se recusem a me sustentar. Em casa, me pergunto se estou realmente sozinha, se o silêncio que preenche o ambiente é genuinamente vazio ou se há algo oculto, uma presença invisível, comigo nesta sala.
Diante de mim, o tapete peludo e branco que há anos faz parte da decoração da minha casa. Sobre ele, um envelope. Parado, fechado, à espera. Está tão próximo das minhas mãos que quase posso sentir o calor delas refletindo em sua superfície. Um envelope tão misterioso, quieto e aparentemente inofensivo, que não deveria causar alarme. No entanto, minhas mãos continuam a tremer, dominadas por um medo irracional, como se aquele pedaço de papel pudesse me queimar ao menor toque.
Levo as mãos ao rosto, tentando abafar a ansiedade que se acumula em meu peito. Sinto a frieza de uma lâmina imaginária, cortando minha cabeça em pequenas fatias enquanto arrasto os dedos pelos fios curtos do meu cabelo. Desfaço a pose e com um suspiro que parece carregar o peso de todas as minhas dúvidas, sento-me com as pernas cruzadas, apoiando as costas no sofá atrás de mim.
Finalmente, estendo a mão e agarro o envelope. O papel é macio, curiosamente e obviamente, ele não me queimou. Mas ainda sinto o peso do desconhecido dentro dele, como se estivesse prestes a abrir uma porta para algo que pode mudar tudo em minha vida.
O mais esquisito de tudo isso é a constatação de que é quinta-feira à noite, quase madrugada. Amanhã tenho aula, e o sono ainda não veio. Minha casa está quase toda mergulhada na escuridão; a única luz vem da janela, revelando um pedaço da cidade lá fora, calma e indiferente ao que estou prestes a enfrentar. Estou em um ambiente que de repente parece estranho, como se já não fosse o meu lar, e o medo de abrir esse envelope agora é palpável.
Pela primeira vez em tanto tempo juntas, não deixei Bitna me ver. Carrego esse envelope comigo há cerca de dez horas, e, enquanto não o abrir, não posso encará-la. Penso constantemente no que dizer a ela, sabendo que nenhuma desculpa seria convincente, que qualquer justificativa poderia, na verdade, piorar as coisas. A verdade é que os resultados deste exame podem mudar o rumo da minha vida, então, evitar vê-la parece um sacrifício pequeno diante do caos que está por vir.
Confio no meu instinto, um senso que aprendi a valorizar ao longo do tempo. E agora, ele grita que não vai ficar tudo bem. Acredito nisso com cada fibra do meu ser. Se eu estivesse realmente confiante, já teria aberto esse frágil envelope horas atrás, sem hesitação.
Meu médico não me entregou isso com aquele sorriso reconfortante que diz "Não há nada de errado". Ao contrário, seu rosto estava marcado por uma expressão confusa, quase perturbada, enquanto me explicava que, a partir de agora, as coisas não seriam mais as mesmas. Eu pedi que ele não me contasse o que havia descoberto. Precisava ver por mim mesma, encarar sozinha seja lá o que estivesse escrito nesses resultados.
Estou cansada de esperar.
Minhas mãos, como se agissem por conta própria, finalmente abriram o envelope marrom. Meus olhos encontraram um único papel, branco, limpo, liso, mas pesado de informações. Algumas palavras estavam grifadas, mas tentei evitar fixar o olhar nelas, como se ignorá-las pudesse adiar o inevitável.
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I Like You • Soljiwan
RomanceA história de Sol e Jiwan nos ensina que, às vezes, é preciso coragem para revelar nossos sentimentos mais profundos.