𝐂𝐇𝐀𝐎𝐒 𝐀𝐓𝐇𝐋𝐄𝐓𝐄'𝐒²

𝟕𝟔. 🇧🇷𝐑𝐎𝐃𝐑𝐈𝐆𝐎 𝐂𝐀𝐈𝐎

tema: nada por mim (sim é a música) e foi escolha minha

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Rodrigo point of view

Tinha comprado todas as coisas que a S/n gostava, estava animado para mostrar a surpresa que eu havia feito. Até para que pudéssemos fazer as pazes depois da discussão de ontem. Nosso relacionamento estava meio estremecido devido as últimas discussões.

Eu queria que voltássemos no início onde as discussões era sobre café com açúcar ou sem; se íamos ao cinema ou assistir o filme em casa. E, sendo sincero, eu trocaria todo esse caos.

A sensação que eu tenho é que o relacionamento estava afundando, ao mesmo tempo não me parecia certo de que terminasse. Eu sei que S/n gosta de mim, eu também gosto dela e isso é o que me mantem ligado a ela.

Por mais que as vezes as situações causem cansaço mental, eu sei que as coisas voltariam ao normal em breve. Abro um sorriso ao me lembrar dos nossos momentos bons; queria aquela tranquilidade e paz novamente.

Vou em direção ao carro, coloco os presentes e vou em direção a casa dela. Torcia para que pudéssemos conversar e resolver todas as situações. Mesmo com medo de que acabássemos brigando novamente.

Estamos juntos há um ano e cinco meses, tudo era incrível no começo. Mas depois das situações de trabalho, rotina e o novo emprego dela tudo se tornou caótico, era como se tivéssemos esquecido do nosso próprio relacionamento.

Agora parece que o carregar se tornou um fardo, então queria mudar esse cenário. Queria ajustar o relacionamento na nossa rotina. Torcia para que esse fosse o desejo de S/n.

Afasto meus pensamentos assim que chego na casa dela, respiro fundo e pego as sacolas. Vou em direção a porta, aperto a campainha e poucos minutos ela atende. Vejo seu semblante mudar, seu sorriso morre na mesma hora.

― O que quer aqui Rodrigo?

― Podemos conversar? ― suspiro.

Ela me dá passagem para entrar, então vejo que ela havia tirado todas as nossas fotografias da sala.

― Você tirou as nossas fotos? ― pergunto e olho em sua direção.

― Sim ― ela dá de ombros ― Agora me diz o que você quer.

― Queria conversar e tentar resolver a nossa situação. Eu não quero continuar discutindo e...

― E por isso eu te mandei embora e coloquei um fim no nosso relacionamento.

― Como assim? Até ontem você não me disse nada ― olho para ela confuso ― Acho que você deveria ter me comunicado essa decisão.

― Eu estou comunicando ― ela cruza os braços ― Rodrigo, essa relação não está nada confortável, você deposita uma expectativa em mim que eu não vou conseguir cumprir.

― Mas você nunca havia me dito isso ― nego com a cabeça ― Todas essas coisas você está me dizendo agora ― respiro fundo ― E que expectativas são essas que eu depositei em você?

― De ter uma família, filhos.

― Mas nós nunca conversamos sobre isso, S/n.

― Ainda ― ela me olha ― Eu sei que é o seu sonho ter filhos, mas não é o meu.

― S/n, eu entendo isso. Me desculpa se eu te pressionei em algum momento sobre isso, não foi intencional.

― Para.

Ela respira fundo e me olha. Sentia um frio percorrendo pelo meu corpo me deixando tremulo.

― Para de fazer isso ― ela anda de um lado para o outro ― Para de ficar pedindo desculpas, Rodrigo. Você não entende que é irritante quando você tenta de todas as formas não me incomodar com algo, ou quando acha que fez algo de errado, mas não.

― Eu não estou entendendo.

― Eu te propus que me deixasse em paz, eu te pedi para ir, mas você não foi ― ela ri sarcástica ― Você resolveu que queria lutar pelo nosso relacionamento.

― Porque eu te amo.

― Mas eu não te amo ― ela diz olhando nos meus olhos ― Eu não ia te ligar te pedindo para voltar, eu não queria que você chegasse aqui com presentes, eu só queria que tudo isso acabasse.

― É engraçado, você simplesmente me deixou no escuro todo esse tempo e indo e voltando sempre ― nego com a cabeça ― Em cada discussão nossa, você me pedia para ficar e...

― Porque era conveniente ― fico estático ― Rodrigo, você é um amor de pessoa. Mas eu não queria me envolver.

― E por que aceitou o pedido de namoro?

― Eu não sei ― ela diz confusa ― Eu só sei que isso aqui acaba aqui.

― Você esperou um ano e cinco meses para dizer que não me ama e que não quer mais nada comigo? ― me aproximo dela ― O que eu preciso fazer para que você possa ao menos sentir algo?

― Nada ― ela suspira ― Não quero que faça nada por mim, Rodrigo.

― S/n... ― toco o rosto dela levemente ― Você me tem fácil demais.

― E eu não sou capaz de cuidar de você ― algumas lágrimas molham o rosto dela.

― Eu não quero ir, não faz assim ― minhas lágrimas caem ― Eu te amo. Olha, podemos tentar do seu jeito, eu faço o que for só para te agradar.

― Não faça nada por mim ― ela repete ― Eu não sou sua, você não é meu.

Sentia meu mundo desmoronando. Era como se uma parte de mim estivesse se desfazendo diante dos olhos dela, como se todo o relacionamento nunca tivesse existido e todo esse tempo não tivesse servido de nada.

― Eu vou embora, vou te dar um tempo e quando você quiser conversar para tentarmos... ― ela nega com a cabeça.

― Eu não vou pedir para você voltar.

Um silêncio recai no ambiente, tentava buscar o mínimo de esperança no olhar dela, mas não havia. Eu apenas a olhei a última vez, assenti com a cabeça e sai da sala a passos lentos.

Por dentro eu implorava para que ela me pedisse para voltar, mas não. Eu abri a porta, sai e nada mais aconteceu; fui em direção ao meu carro e deixei que as lágrimas caíssem livremente.

Dei partida no carro, eu estava alheio ao que acontecia ao meu redor. Nesse meio tempo havia desenvolvido uma dependência emocional dela, lidar com o término disso estava me deixando desesperado.

As lágrimas não paravam de cair, mal conseguia enxergar a estrada e minhas mãos tremiam. Ela havia realmente colocado um fim. Retomo a consciência quando tento frear o carro, mas ele acerta em cheio a traseira do caminhão.

notas da autora:

então, eu... bom, é isso :)