CAPÍTULO 9

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LÍVIA

   A semana está passando bem devagar, tenho ajudado bastante o perigo, a Camile está trabalhando bastante, e eu tento ajudar em tudo o que posso afinal estou aqui de favor e nem um trabalho eu arrumei ainda, a psicóloga acha que agora não é o momento, mexer com dinheiro no alge da dependência química, pode me levar a recaída.

Perigo: por que não sobe para dormir?- me encara.

Lívia: estou sem sono.- falo e logo bocejo.

Perigo: pode ir, eu volto com a moleta para o quarto, é logo ali.- bocejo mais uma vez e então resolvo concordar.

Lívia: tá bom, boa noite, qualquer coisa grita.- ele da uma risada e concorda.

Subo as escadas sentindo seus olhos me analisarem, posso está ficando doida, e talvez eu esteja mesmo, mas faz alguns dias que sinto os olhos dele sobre mim, as vezes pego ele olhando para os meus peitos, mas me finjo de maluca.

Ele é lindo, homem negro não tão alto, os braços malhados, mas visivelmente naturais, a boca média e rosada me chama ainda mais atenção, mas ele além de irmão da minha amiga, não se relacionaria com uma fudida como eu.

Entro no quarto depois de ter caminhado pelo corredor, fecho a porta do meu quarto e fico ali deitada com os olhos fechados, já havia tomado banho antes de descer e já estava de pijama.

Pego no sono bem rápido.

(...)

Acordo com os olhos pesados e cheios de preguiça, fico um tempo perdida nos meus pensamentos, lembrando da minha família, as vezes a saudade bate bem forte, e era nesses momentos que eu me afogava na cocaína.

Sinto falta da minha mãe, da doçura e leveza que ela levava a vida, acordando cedo cuidando das nossas coisas para irmos a escola bem alimentadas, sinto falta do meu pai e do seu cuidado paterno, o carinho de pai que zela e cuida da família, meu pai era um homem incrível, a Lala era maravilhosa, menina sapeca, brincalhona e as vezes bem perturbada.

Encaro o teto com os olhos lacrimejando e resolvo levantar para não pirar.

Olho o relógio na cabeceira e vejo que já são umas 9h, me levanto indo ao banheiro, tomo um banho rápido e escovo meus dentes, prendo os cabelos em coque e boto um macaquinho soltinho de pano molinho Rosa claro.

Desço as escadas e vejo que o perigo está no sofá.

Lívia: desculpa não ter descido antes, o sono hoje estava bem pesado.- falo rápido.

Perigo: de boa, você não é minha empregada, tá me ajudando para a Camile, ela já tinha me dado o café, senta aí e relaxa.- diz.

Lívia: vou arrumar as coisas então.- ele nega.

Perigo: senta aqui pow, tô com um bagulho para te dá.- diz me encarando e eu me sento estranhando o que ele tem para me dá.

Me sento no sofá um pouco distante, mas ele resmunga.

Perigo: chega aqui pow, vou te morder não.- fala rindo e eu me aproximo um pouco.

Ele estende uma sacola e eu não entendo nada.

Perigo: abre aí.- fala me induzindo a abrir a embalagem.

Lívia: um celular?- encaro ele com as sobrancelhas franzidas.

Perigo: você não tem, pedi para a Camile comprar para tu.- fala simples.

Lívia: mas não precisa, já estou dando um baita trabalho aqui na casa.- ele nega.

Perigo: tá dando trabalho nenhum, tá me ajudando a Bessa.- fala.- liga o celular, é uma forma de agradecer.

O celular é um iPhone na caixinha diz ser o 14 pró Max.

Ligo celular e começo mexer, o chip está na sacola também.

Lívia: obrigada.- digo baixo e com o olhos marejados, não precisava mesmo.- falo emocionada.

Perigo: não precisa agradecer, me dá aqui.- pega o celular da minha mão e logo devolve.- agora não precisa descer de madrugada para me perguntar se quero algo, pode me enviar uma mensagem.- olho o celular e ele anotou o número dele.

(...)

Ficamos ali conversando algumas coisas até a hora de fazer o almoço, o perigo no começo me parecia um babaca, embora ter me ajudado e me tirado da rua, mas durante esses dias posso vê que ele é um cara legal, a gente tá sempre trocando ideia, conversando, diferente do Carlos que me odeia de graça.

Fiz uma macarronada de almoço, levei os pratos para a sala e comemos juntos vendo um filme na tv.

Camile: fala aí minha fic.- diz e a gente olha com cara de interrogação para ela, que porra de gíria é essa agora?- como vocês estão?

Lívia: bem.- falo sorrindo.- obrigada pelo celular.- falo sorrindo.

PERIGO

  Camile olha interrogativa para ela e eu faço sinal para que fique quieta, é óbvio que ela não sabia de celular nenhum.

Camile: ah amiga, por nada.- entra na onda.- já anotou meu número?- ela nega.

Lívia: bota aí.- entrega o celular a minha irmã.

A Camile senta no sofá e elas ficam conversando.

Camile: tenta recuperar sua antiga conta, você não tem noção da senha?- pergunta sobre o Instagram.

Lívia: não sei, melhor fazer um novo, não quero os seguidores daquela época.- a Camile concorda.

Camile: o meu @ é cami.versosa$.- fala depois de uns 20 minutos criando a conta.

Perigo: o meu é Perigo.alemão.- falo e ela me encara.

Lívia: não acha perigoso ter uma conta em rede social?- fala

Camile: já está preocupada.- encaramos ela e ela faz cara de paisagem.

Lívia: você é dono do morro.- eu assinto.

Perigo: é privado e sem fotos minhas. - ela se vira e continua mechendo no celular.

Lívia: esse?- assinto.- enviei solicitação.

Ela e a Cami ficaram seguindo pessoas do morro e eu observando os comentários.

Camile: segue esse, é o DG, um gostoso.- encaro minha irmã.

Perigo: tá bem saidinha dona camile.- falo puto.

Lívia: é bonito mesmo.- reviro os olhos.

Ficaram nisso por horas e eu já tava ficando puto já.

A porta logo se abriu e por ela passa a doida da Marceli e o Carlos.

Carlão: achei esse negócio ali no portão.- diz implicante.

Perigo: lixo não bota para dentro, deixa do lado de fora.- implico.

Marceli: não precisa me amar tanto assim.- fala debochada.

Camile: não precisa se jogar.- diz depois de ser amassada pela menina.- sai gorda.- implica.

Lívia: vocês parecem crianças.- da risada.

Marceli: vem casa sua gostosa, deixa eu tirar uma casquinha de ti também.- agarra a garota.

Camile: deixa um pouco para os gostosos do morro.- encaro elas.

Lívia: para de graça garota.- da um tapa na minha irmã e bom, foi bem feito.

Marceli: quando podemos te exibir no morro?- pergunta.

Lívia: ninguém vai me exibir não.- concordo.- não sou mercadoria.- rir.

Perigo: e a janta?- mudo o assunto.

Camile: pede comida.- fala simples.

Marceli: tô afim de comer japa.- fala sínica.

Perigo: compra.- debocho.

Marceli: rico é você, acha que eu venho aqui por que? Para comer japa as suas custas.- da uma risada e as meninas acompanham.

Perigo: pede essa porra Marceli, vou te dá essa moral.- ela manda um beijo carregado de deboche, garota chata.

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