Lívia
Rolo as postagens no feed enquanto estou deitada na minha cama, vejo postagens de algumas pessoas do morro, que a louca da Camile seguiu, vejo fofocas que rolam a todo momento nas páginas de fofoca do morro.
Minha mente vacila e logo eu pesquiso o nome da Lavínia, aparece algumas opções, mas mesmo que passassem mil anos, eu não esqueceria o rostinho lindo da Lavínia, minha irmã se tornou uma linda mulher, está ainda mais bonita, rolo as fotos vendo o quanto a garotinha sapeca agora é um mulherão.
Sem querer curto uma foto, mas logo renovo a curtida, fico em choque por um tempo e saio de sua página.
Camile: vamos tomar um sorvete na praça, o Carlos tá em casa, pode ajudar o capenga..- do risada com sua fala.
Lívia: estou com preguiça.- digo simples.
Camile: que preguiça o que, hoje é sábado, minha folga, bora.- começa me chotar para o banheiro.
Tomo um banho rápido me dando por vencida, sabendo que essa garota vai perturbar até me tirar de casa.
Visto um conjunto de cropped e shortinho azul e ajeito o cabelo que não tá muito bom.
Lívia: péssimo.- digo frustada olhando o espelho, resolvo prender o cabelo em um coque e é isso.
Saio do banheiro e ela está no quarto sentada na cama.
Camile: bora?- assinto acompanhando ela que está indo em direção a porta.
Passamos pelo corredor do andar de cima e logo descemos as escadas.
Perigo: onde vão assim?- nos olha de cima a baixo.
Camile: lindas?- debocha.- tomar um açaí.- responde.
Perigo: essa roupa não está muito curta?- me encara e eu me olho, procurando o que tem de errado.
Camile: tá ótima Liv, vamos.- começa me empurrar.
O perigo anda bastante esquisito desde a última semana,interrogando minhas roupas, principalmente quando o Carlos está em casa, eu não sei o que se passa na cabeça dele, cara doido.
Última a Camile tem sempre insistido que eu vá a rua, nem que seja no portão, a vezes me pede para comprar algo n vendinha a três ruas abaixo, e na maioria coisas nada a vê, tudo para me vê fora desse castelo.
O perigo é quem sempre reclama, dizendo que ela pode muito bem pedir a algum de seus soldados, mas como não me custa e ela sempre me ajuda, eu sempre atendo aos seus pedidos.
Marceli: oi minhas gatchenhas.- diz batendo em nossas bundas de uma só vez.
Lívia: não me bulina, sua quenga.- implico.
Camile: na minha pode bater que eu adoro.- diz dando gargalhada e rebolando no meio da rua.
Lívia: meu Deus Cami, todo mundo olhando para cá.- falo envergonhada.
Marceli: olham sem motivos, o que custa da um pouco.- diz rindo enquanto nós descemos a rua. -mas me diz, já rolou com o perigo?- me pergunta e eu encaro sem entender.
Camile: marceli.- repreende a amiga. - encaro ela com os cenho franzido.
Lívia: o que eu perdi? Posso saber?- encaro elas.
Camile: ah, amiga, não é possível que não percebeu que o perigo tá arriado por ti né?- me encara.- o cara te baba o dia todo, meu irmão não é assim, mas até ciúmes tá tendo de ti.- fala.
Lívia: ué, ele me trata igual trata, deve me considerar uma irmã.- desconverso.
Camile: Lívia, não se faz de desentendida, o cara te quer e não tá sabendo esconder.- fala.
Marceli: e é um gato, dono do morro, deveria pelo menos tirar uma casquinha.- diz.
Lívia: vocês tão pirando, esquecem isso.- falo e saio andando.
Sei que ele tem me olhado diferente, conversado diferente, mas não quero ser mais uma nas mãos do dono do morro, não sou santa, já me troquei por drogas na rua, me relacionei com o babaca do meu ex, mas dono de morro tem seus históricos.
Agressividade, possessão, submissão, traição, eu não quero viver essas coisas outras vez, Deus me deu uma nova chance, preciso focar em melhorar, arrumar um trabalho e refazer minha vida.
Entro na sorveteria e logo elas entram também, vamos as três até o balcão e logo vamos escolhendo o que queremos.
O açaí daqui é uma delícia, não ponho nada apenas um canudo para eu apreciar essa cremosidade.
Sentamos nas cadeiras ao lado de fora e ficamos observando o morro, pessoas subindo e descendo, crianças brincando, as velhas no portão conversando, tudo ótimo.
Lívia: Queria ver a silvinha.- comento, mas não passavam de pensamentos.
Camile: podemos ir lá quer?- encaro ela animada.
Lívia: faria isso?- ela assente.
Camile: vou pedir Th para levar a gente.- assinto.
Lívia: vou comprar algumas coisas no mercado.- falo lembrando de cem reais que o perigo botou na capinha do celular, insisti que não queria, mas como a cami, negar as coisas a ele é o mesmo que ofende-lo.
Marceli: vamos lá.- assinto.
Vou até a vendinha do outro lado da rua e começo pegar coisas como pão, torrada, maçã, banana, coisas que dão sustento e não precisa ir ao fogo.
Depois de pegar as coisas fomos até o caixa pagar, o dinheiro passou um pouco, mas a Cami botou o restante, ela é incrível.
O Th já estava na porta da mercearia quando nós saímos, entrei no carro com as três sacolas na mão e a Marceli entrou no outro lado, a Cami foi na frente e então o Th deu partida.
Não demorou muito andando na rua reta para chegar no viaduto onde por muito tempo eu morei, a Silvinha estava no canto onde ela dorme e então desci do carro e fui até lá.
Lívia: oh de casa.- implico como sempre fiz.
Silvinha: menina, o que faz aqui?- pergunta a senhora.
Lívia: vim vê-la, trouxe algumas coisinhas.-falo levantando as sacolas.
Silvinha: não precisava, você está em processo de desintoxicação, não deveria está nesse lugar.- pega a bolsas que estendo.
Lívia: eu estava com saudades.- falo simples.
Silvinha: eu também estava, fico feliz que está bem, tá fortinha, engordou um pouquinho, que ótimo.- diz sorrindo.
Do um abraço apertado nela, que exala cocaína, o cheiro me balança, mas logo uma voz me tira dos pensamentos.
Marceli: não vai nos apresentar?- implica e então puxo elas para a conversa, mas logo a Silvinha me expulsa dali, sabendo o quanto isso custaria minha recuperação.
Silvinha: obrigada, e não volte mais aqui, ouviu Lívia.- finjo não ouvir.- Lívia, está escutando?- assinto, mesmo sabendo que não iria obedecer.
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Sumiu por conta do começo das aulas, para quem ainda não sabe, eu tenho um menino de 4aninhos e as aulas voltando precisei ir atrás de material, ir a escola, o que custou meu tempo, essa semana ele voltou a estudar, mas estava saindo cedo, então eu mal tive tempo. Mas vou voltar escrever com mais frequência. 🙏🏽
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SALVAÇÃO
Hayran KurguLívia com apenas 22 anos de vida se encontrava perdida nas drogas, sua vida estava completamente devastada, toda a criação e educação dada pelos seus pais estava com ela debaixo daquele viaduto, devendo um dos maiores traficantes do rio de Janeiro e...