LÍVIA
Acordo com o barulho da porta e só aí percebo que dormi no sofá da sala, encaro a porta e por ela passa o Carlão e o perigo.
Os dois riam e tentavam se segurar, mas estavam evidentemente bêbados.
Acendo a luz para visualizar melhor e os dois me encaram.
Perigo: ta aqui a vagabunda- tenta se aproximar mais o irmão segura. As palavras dele me pegaram de surpresa.
Carlão: bora subir cara, tu tá bebado- aparentemente ele está um pouco melhor que o outro já que consegue o segurar.
Perigo: ela vai ter que olhar na minha cara e falar caralho.- tenta se soltar mais o Carlos não deixa.- quem é o filho da puta que você vai encontrar amanhã?- encaro ele sem entender.- fala porra, pretende da essa buceta para quem em?- as palavras me assustam e me pegam desprevenida, o que me deixa sem palavras.
Carlão: ele tá bêbado, esquenta não.- fala me olhando com pena.- vamos subir Cássio.- diz alto e ríspido.
Perigo: a piranha não vai me dizer? É com o segurança do shopping? É para ele que você vai dá amanhã? Contou para ele que você é uma viciada? Uma drogada.-grita.
Carlão: tá falando merda porra, ta maluco.- grita sacudindo o irmão.
Lívia: emprego, vou em uma entrevista de emprego amanhã.- falo baixo prendendo o choro pela humilhação que ele está me fazendo passar.
Ouço um barulho de porta e em poucos minutos a Camile chega no último degrau d escada.
O perigo fica me encarando sem saber o que responder, o Carlos parece ter pena de mim.
Camile: o que está havendo?- pergunta chamando atenção dos dois a encaram.
As lágrimas que estavam presas nos meus olhos agora escorrem em um só impulso e vontade de fugir dali eu passo por eles subindo a escada e indo para meu quarto.
Minutos depois ouço a voz da Cami e batidinhas na porta.
Camile: amiga, abre aqui.- encaro a porta sentindo as lágrimas descerem e vou até lá.- como você está?- eu não respondo nada e ela apenas me abraça.
Estou me sentindo humilhada, me sentindo um objeto usado, fui diminuída por alguém que eu achei que podia sequer ter um sentimento de amizade por mim.
O ditado está correto " ninguém te trata melhor que o homem que quer te comer".
Lívia: eu quero ir embora.- falo o que de fato eu quero nesse momento.- eu quero sair daqui.- falo soluçando.
Camile: dorme, quando você acordar a gente resolve isso, pode ser?- balanço a cabeça concordando.
Lívia: pega o remédio? Ou não vou conseguir dormir.- ela assente.
Sei que isso vai ativar um lado meu que não quero, a tristeza me faz querer me drogar, e eu sei que não quero voltar para aquela lama que eu vivia.
[...]
Acordei sem mal saber que horas eram, encaro o teto e logo as lembranças da madrugada vieram na minha mente.
Cami: trouxe para você.- diz quando a encaro e entrando na porta.
Lívia: obrigada.- pego a bandeija comum pão com presunto, café e frutas.- são que horas?- pergunto preocupada com a entrevista.
Cami: 10h.- fala calma.- come.- assinto pegando o pão.- Carlos disse que o perigo estava com ciúmes, por isso falou aquilo, ficou o dia todo com a ligação que você recebeu na cabeça, achando que era um encontro.- diz calma.
Lívia: não dá o direito dele falar daquela forma comigo.- falo abaixando a cabeça.
Cami: não tem mesmo, ele foi um babaca, mas ele estava bêbado também, acho que ele gosta de você, ele te tratava tão diferente.- fala calmamente.
Lívia: ele queria me usar Camile, seu irmão queria me comer, ele conseguiu e como um objeto me descartou.- falo ríspida.
Cami: mas ele sente ciúmes, ele nunca demonstrou ciúmes por mulher nenhuma.- tenta explicar.
Lívia: ele não sente ciúmes, é como uma roupa usada, ele me usou, ele não quer que ninguém encoste até que não tenha mas serventia nenhuma e depois ele descarta, é assim que funciona, ele acha que é meu dono, que ninguém pode me tocar, mas eu também não sirvo para ele, uma hora isso passa e ele me descarta.- falo carregado de mágoa.- vê com a Marceli se posso ficar na casa dela, se Deus quiser o emprego vai ser meu e posso logo logo arrumar meu cantinho.
Cami: você vai embora?- nego.
Lívia: posso alugar uma casinha aqui, gosto do morro, quero ficar perto de você, da Marceli, mas não dá para viver no mesmo teto que seu irmão mais, já não bastava me ignorar, agora ele vai me ofender? Fiz nada para ele.- ela balança a cabeça concordando.
Cami: tudo bem, você não merece ficar assim.- ela me abraça desconjuntada.
Termino de comer ela sai do quarto para ligar para a Marceli, ouço barulho de porta e passos pelo corredor, deve ser ela voltando, a sombra parou na direção da porta, mas logo saiu. Ela deve ter esquecido algo.
Alguns minutos depois ela voltou avisando que a Marceli disse que tudo bem eu ficar lá.
Tomei um banho depois de tomar meu café, sequei o cabelo e passei uma chapinha para ficar bem lisinho, peguei algumas das roupas que tinha no armário e botei em uma bolsa que a Cami me deu.
A entrevista é as 14h quando deu 12:30h a gente resolveu sair de casa, íamos almoçar na dona Maria.
Pego a bolsa e passo pela sala, o perigo estava sentado no sofá, me observou até chegar na porta, mas não disse uma palavra.
Saímos da casa e fomos descendo até a pensão.
Maria: boa tarde meninas .- diz sorridente. - vão comer o que hoje?- pergunta.
Lívia: boa tarde, vou querer costela com agrião e batata.- falo olhando o cardápio do dia.
Cami: eu quero bife acebolado com fritas.- fala e entrega o panfleto a moça.
Maria: para beber?- pergunta.
Cami: coca?- pergunta e eu concordo.
Depois do almoço fomos até a tal lanchonete que eu começaria a trabalhar.
Lívia: oi, boa tarde, vim falar com seu roberto.- falo com a moça loira que está na porta.
Xx: vou chamar ele, você deve ser a Lívia.- assinto e ela vai até uma porta.- pode se sentar ele já está vindo.
Logo o moço de cabelos grisalhos sai da porta e vem até a mesa.
Roberto: você deve ser a Lívia certo?- assinto.- Bom, vamos direto ao assunto.- diz se sentando.- preciso de uma ajudante de cozinha, vou pagar um salário mínimo para você ajudar a Lúcia, minha esposa aponta para a moça, aqui vendemos churrasquinho, comida, na parte da noite.- assinto.
Lívia: qual o horário?- pergunto.
Roberto: abrimos de quarta a domingo, das 16h as 00h.- assinto.
Lívia: por mim ótimo.- ele sorrir.
Roberto: então já pode começar amanhã.- assinto sabendo que amanhã já é quarta-feira.
Lívia: obrigada seu Roberto, obrigada dona Lúcia.- digo sorrindo.
Roberto: até amanhã querida.- me despeço deles e saio do pequeno restaurante.
Cami: EAI?- pergunta quando vê eu sair do lugar.
Lívia: o emprego é meu...
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Deixe sua estrelinha, coleguinha ⭐
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SALVAÇÃO
FanficLívia com apenas 22 anos de vida se encontrava perdida nas drogas, sua vida estava completamente devastada, toda a criação e educação dada pelos seus pais estava com ela debaixo daquele viaduto, devendo um dos maiores traficantes do rio de Janeiro e...