CAPÍTULO 5

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LÍVIA

   Camile: termina de tomar seu café para a gente ir.- fala levantando da mesa de pois de tomar seu café.

   Lívia: só vou escovar meus dentes.- aviso pegando minha louça levando até a pia e lavando.

Perigo: vão para onde?- pergunta entrando na cozinha. a voz grossa me assusta, mas eu não respondo deixando que a irmã deq fale algo.

Camile: vou levar a Lívia no psicólogo.- diz mexendo no celular.- pode pedir alguém para nos levar?- fala agora o encarando.

Perigo: Vou mandar o 2T levar vocês.- ela assente e eu subo as escadas.

Vou até o andar de cima e entro no banheiro do meu quarto, escovo os dentes e encaro meu reflexo avaliando a roupa que ainda é um pouco frouxa.

Estou vestida em um vestidinho de alça Midi preto, nos pés uma rasteirinha que a Camile comprou para mim.

Saio do quarto e uma parede humana tromba meu corpo, levanto os olhos e vejo o perigo, ele encara meu rosto por alguns segundos e me deixa sem jeito.

Lívia: me desculpa.- falo me desviando dele e saindo dali.

Camile: que foi?- me encara.

Lívia: nada, vamos?- ela assente pegando sua bolsa.

Camile: toma, me dá uma carteira.- abro vendo alguns documentos como indentidade, CPF, encaro ela sem entender.- tenho um conhecido que mexe com documentos, ele restaurou os seus.- fiquei surpresa e passo o dedo no nome dos meus pais.

Lívia: eu...- tenho falar mais ela me corta.

Camile: no momento certo, quando se sentir confortável.- eu assinto.

Eu super queria contar a minha história a ela, mais ainda me dói muito, agora ela provavelmente sabe que eles estão vivos.

Fomos em silêncio todo o percurso, chegamos na clínica e tem algumas pessoas na sala.

Camile: é por ordem de chegada, você entra em...- olha o relógio no pulso.- 10 minutos.- balanço a cabeça afirmando.

Logo a psicóloga me chama, vou até a porta e vejo a mulher negra, alta, com o cabelo Black.

Xxx: Bom dia Lívia, tudo bem?- respondo seu bom dia e assinto.- meu nome é Alessandra, pode se sentar, sinta-se a vontade.- eu sento na poltrona a sua frente.- bom, me fale um pouco de você, o que te fez tomar a decisão de fazer terapia?- começo a falar, algumas coisas deixando claro que eu estava ali pelas crises por causa da falta da droga. Ainda não me sentia a vontade de despejar toda a minha vida ali, mas ela fez com que eu me sentisse bem a vontade.

Lívia: meus pais moravam na Barra da Tijuca quando eu saí de casa, nunca mais soube deles ou tive algum contato.- falo quando ela pergunta sobre minha família.- tenho uma irmã, na época ela tinha 12 anos.- eu vou falando e ela anotando.

Alessandra: tem vontade de procurar por eles?- fico paralisada com a pergunta.

Lívia: não nesse estado.- digo.

Alessandra: mas você está tentando melhorar.- assinto.

Lívia: mas não estou melhor.- falo e abaixo a cabeça.

Continuamos a seção por alguns minutos, acho que uns 40 minutos, tô sem noção do tempo, mas fiquei um bom tempo na sala.

Agora estamos indo embora, fico em silêncio pensando no quanto essa conversa mexeu com meus pensamentos, será que meus pais querem saber de mim? Será que ao menos já me procuraram, como está a Lavínia hoje em dia? Minha irmã ainda me ama como da última vez que me viu sair daquela casa.

A Lavínia sempre foi uma menina maravilhosa, mas como toda filha menor a mas arteira, porém o desgosto veio de mim.

Camile: tudo bem?- assinto.- sua cara não está das boas.

Lívia: só pensando.- ela assente.

Camile: nós vamos no shopping.- diz e eu a encaro somente assentindo.

O carro andou mais alguns quilômetros e logo entrou no estacionamento do grande prédio.

Camile: vem.- puxa minha mão empolgada.- huuum.- olha para a roupa, olha o tamanho.- acho que dá.- põe na minha frente.- escolhe suas roupas mulher.- diz me olhando.

Lívia: não, não precisa, as que você me emprestou estão ótimas.- digo sem jeito.

Camile: anda mulher o perigo que tá pagando.- diz cerelepe.

Lívia: não precisa cami.-falo.

Camile: vamos comprar algumas roupas e alguns sapatos, você precisa, só pouca coisa.-insiste.

Lívia: ok, mas eu vou pagar assim que eu puder.- digo convencida.

Ela pegou algumas coisas e eu olhando o preço absurdo peguei pouca coisa e mais em conta.

Entramos em outra loja que vendia sapatos, nessa comprei apenas um tênis branco e uma sandália rasteirinha.

Camile: esse salto também, um para cada ocasião.- diz antes deu reclamar.

Fomos em outra loja que ela insistiu em entrar e ela mesma pegou algumas maquiagens no meu tom, cordões e brincos.

Camile: é o básico Lívia, básico.- faz pirraça quando eu digo que ela está exagerando.

Lívia: eu não quero tudo isso.- ela revira os olhos e as costas indo pagar fingindo não me ouvir.

Camile: agora vamos comer, estou morta de fome.- eu também estava, mas ia esperar até em casa.

Fomos para a praça de alimentação e o menino que veio dirigindo foi levar as bolsas para o carro.

Sentamos em uma mesa e ela pegou o celular.

Camile: olha essa garota.- mostra uma menina bem bonita.- puta d perigo, a ridícula cismou que tem que me bajular.- faz careta.

Lívia: precisa chamar a menina de puta?- pergunto.- ela é bem bonita.

Camile: na verdade ela é montada, tirar esses dois kilos de make, esse mega e essa roupa a cara dela né legal não.

Lívia: tá me parecendo ciúmes.- implico.

Camile: de quem? Do perigo?- ela rir.- não tenho ciúmes dos feios dos meus irmãos, só tem essas mulheres todas pelo dinheiro.- fala mas eu sei que é ciúme.

Ficamos conversando ela, falando de todo o morro.

Camile: você não tem insta?- pergunta me encarando.

Livia: tenho.- pego o celular dela e ponho meu nome.

Camile: muito tempo que não entra.- observa minhas postagens.- nossa, você tá bem diferente.- assinto ficando desconfortável.

Lívia: última vez que entrei foi antes de sair de casa, quando fui para a rua vendo o celular.- ela fica quieta.

Camile: são seus pais?- pergunta olhando uma foto onde estou com eles.

Lívia: são sim.- sorrio de lado e sinto saudades.- eles eram ótimos, mas não viram outra opção ao me tirar de casa, eu tava envolvida com alguém ruim e eu mesma não enxergava isso, quando estava no fundo do poço pude perceber o que eles diziam.- falo triste.

Camile: por que não procura por eles?- levanto o rosto secando a lágrima que insistiu em descer.

Lívia: desse jeito não.- ele assente.

Camile: as coisas vão mudar, agora vão mudar.- diz tentando me animar.- eu tô com você, fechada com você, ninguém pode mudar isso.- sorrio de lado emocionada.

Lívia: obrigada por tudo.- abraço ela e a moça chega com nossas comidas.

Comemos conversando algumas coisas aleatórias.

A Camile é meu anjo, tem sido a melhor coisa da minha vida, uma amiga incrível, ninguém faz o que ela fez, por alguém como eu, uma pessoa de rua, que tem as piores vivências, fazendo coisas horríveis para sobreviver.

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