CAPÍTULO 1

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LÍVIA

   Abro os olhos tentando me recordar do que aconteceu na noite passada, o sol estava começando esquentar e já batia no canto do viaduto de onde eu estava.

Minha boca seca e minha respiração pesada, me dava uma pontada de falta de ar, meu corpo magro tremia não sei se por frio ou a falta que a cocaína já começava fazer no meu organismo.

Olho a minha volta e outros viviam da mesma forma que eu, meus olho enchem de lágrimas quando lembro toda a vida que eu tinha antes de me afundar nisso daqui. Talvez seja meu carma, meus pais eram os melhores do mundo, faziam tudo o que podiam por mim, até eu me relacionar com um menino da minha antiga escola.

Ele era o mais bonito e popular do colégio, todas as meninas eram obcecadas por ele, mas ele se interessou justamente por mim, meus pais não foram muito com a cara dele, eu ainda tinha 17 anos, com a falta de aprovação, vieram as rebeldias, as notas péssimas, as brigas dentro de casa, até eu sair de lá e ir morar com ele.

As drogas eram presentes na casa dele, ele já era de maior e morava sozinho, ia pra escola e reprovava para manter o público alvo, os jovem e adolescentes, sim, meu namorado era traficante de drogas.

Moisés: Prova Liv, Você vai gostar da onda.- ele disse quando estava em um momento com nossos colegas, todos na mesa estava usando.

Começou com experimentos, logo as quantidades de cocaína e vezes foram aumentando.
Em seis meses eu já não me dava por mim, as brigas entre nós dois eram frequentes ele tinha vergonha do que eu havia virado, uma completa viciada, procurando por cada canto, a cada momento um pouco do pó branco que já fazia parte da minha rotina.

Larguei os estudos, minha família nem queria saber de mim, e meu namorado agora já era ex.

Já fazem  cinco anos que eu estou na rua, mudando de lugares a cada semana, o pessoal da prefeitura e a polícia estão sempre atrás de nós moradores de rua.

Silvinha: tô cheia de fome não aparece um pão.- reclama sentando do meu lado. Encaro a mulher idosa que vive nesse estado a bem mais tempo que eu.

Lívia: minha barriga já está doendo.- resmungo, não sei nem quando foi a última vez que comi.

Silvinha: vou ve se arrumo um pão pra nós.- fala a senhora.

Assinto vendo ela se afastar e encaro o nada pensando já no próximo pacotinho e como vou arrumar.

Me levanto para esticar minhas pernas e observo o lugar imundo que agora eu vivo, o cheiro de mijo é ardido até para mim que usa tanto tempo cocaína, os papelão espalhados onde dormem outras pessoas fazem uma grande sujeira, o lugar é triste e pesado, quando a onda passa a gente deprime, ninguém merece essa vida, mas são nossas consequências.

(...)

Na tarde daquele mesmo dia, eu já estava com a abstinência exagerada, meu corpo já tremia, meu estresse já estava elevado, eu precisava de pelo menos um pino.

Entro na rua que dava no complexo do alemão, a esperança era que os caras me vendessem pelo menos mais um pino fiado..

Ando de vagar, já cansada por ter andado um bom pedaço, encaro a barreira e vou até a pequena boca de fumo onde havia alguns meninos.

Lívia: oi, boa tarde.- falo trêmula com os braços cruzados.

Xxx: fala aí mina.- o menino vem até mim, esse me parece novo, me venderia bem fácil.

Lívia: quero cinco pino de 20.- falo.

Xxx: o dinheiro.- estende a mão.

Lívia: anota aí, eu pago depois.- fala convicta, mas sabendo que eu já devo uma nota.

Calão: o boneco, a mina tá pagando o bagulho?- pergunta de longe chegando no lugar, calão é o braço direito do chefe do morro que por sinal eu nunca vi.

Boneco: pediu para anotar calão.- responde ao cara que se aproxima.

Carlão: porra mina, tua vida aqui no morro já ta pendurada, e você ainda me vem aqui pedir fiado?- me olha puto.

Lívia: eu vou pagar, só hoje, logo eu pago.- imploro.

Carlão: mete o pé porra, tá doidona, ou você paga essa porra em uma semana ou eu te passo em caralho.- se alterou e eu me assusto chegando para trás.

Xxx: que que tá rolando aí Carlão?- o homem alto e moreno, parece um índio se aproxima.

Carlão: viciados patrão, viciados.- fala desdenhando.- ouvi mina, tu tem uma semana quero a dívida paga em porra.- o homem que chegou depois me olhava sem expressão, o Carlão fazia sinal com a mão para que eu me mandasse.

Do a volta indo embora e olho pra trás para vê se ninguém vinha atrás, o homem ainda me encarava, mas me apressei em olhar para frente.

Volto para meu lugar já sabendo que a agonia vai ser grande, preciso torcer para que alguém chegue com algo hoje.

Sento no meu papelão e logo a Silvinha chega.

Silvinha: Trouxe uns pacotes.- me mostra os pequenos pacotinhos com o pó branco.- sei que tu tava querendo.- brinca e eu já vou pega do a sua mão, jogo um pouco na mão e aspiro tudo o nariz, sinto a ardência pela ferida que tem no nariz por tanto frequência de uso, mas a onda logo bate e a dor some.

Ficamos por ali usando, logo eu já não falava mais nada, estava completamente travada, ouvia tudo, meu corpo estava acelerado, Mas me mexer era quase que impossível.

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Voltei com história nova, espero reencontrar antigas leitoras e conhecer novas....

Os personagens apareceram em breve, primeiro vamos conhecer o começo da vida a Lívia nessa forma trágica que está vivendo...

Espero que gostem e que votem e comentem muito!
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