Devil's target

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Marrye Cullen
miami . flórida
23.04.2024

saio andando pela igreja para encontrar um banheiro, mas como não encontro, achei melhor voltar para onde estava, assim que volto sinto uma mão em meu ombro.

prendo minha respiração com o susto e fico tensa, me viro para trás para ver quem era, era a senhora que estava me encarando.

— oque quer de mim? — falo dando um passo para trás.

— oh, criança — ela começa, olho para meus pais que olham para mim e para ela tão confusos quanto eu — você está em perigo — franzo o cenho — Deus me avisou que você está em grande perigo, fuja, criança, fuja para o mais longe que você conseguir.

— fugir? — repito completamente confusa — porque fugir?

— você está em perigo — ela se aproxima de mim — você virou alvo dele, ele está atrás de você, fuja, criança, ele te encontrou — ela segura minhas mãos.

— ele quem? — pergunto desesperada.

— o diabo... — ela diz e eu fico séria, um nó se forma em minha garganta, meu corpo fica arrepiado e meus olhos se arregalam — o diabo está atrás de você, você será domada pelo pecado, e será aqui, na casa de Deus — ela da uma pausa — você virou alvo do diabo...

todos estavam me encarando, uns surpresos, outros com pena, e a maioria sem acreditar, como eu, logo todos direcionaram seus olhares para alguém atrás de mim quando a senhora aponta com a mão trêmula.

O DIABO — ela fala quase sem ar.

me viro e vejo um homem alto, forte, de moletom e calça moletom da cor preta, o olho de baixo para cima, ele estava com um boné e um capuz, assim que meus olhos fixam nos seus, ele fecha a porta da igreja, sumindo logo em seguida, seus olhos puxados.. era ele, esse tempo todo, o homem de capuz que estava atrás de mim era o homem de olhos puxados.

— mamãe — olho para minha mãe com os olhos lacrimejados.

...

já havíamos chegado em casa e minha mãe ficou completamente louca.

— eu tenho certeza de que você está se prostituindo — ela grita.

— me prostituindo, a senhora está ouvindo o que está dizendo? — pergunto incrédula.

— Deus não falaria isso sem mais nem menos, você deve está saindo com pessoas erradas, você foi consumida pelo pecado!

— e desde quando aquela senhora virou Deus? — pergunto no mesmo tom com lágrimas em meus olhos — ela é apenas uma velha doente que fica falando bobagens alheias.

— olha os seus palavreados, abaixe o seu tom para falar comigo, Marrye!

— não, eu não vou abaixar meu tom para falar com a senhora, eu estou cansada de tudo isso — sou surpreendida por um tapa em meu rosto, não era a primeira vez que ela fazia isso, mas sempre era como uma facada no peito — você está maluca?

— do que você me chamou, sua pirralha? — ela grita vindo para cima de mim, mas meu pai a impede — me solta, eu vou matar essa garota — ela diz se debatendo.

subo as escadas com pressa em direção ao meu quarto.

— me deixem em paz — grito e tranco a porta com tudo, a fecho com a chave e começo a andar de um lado para o outro com a mão em minha bochecha.

meu rosto estava ardendo, não sei como não me acostumei, sempre apanhei muito da minha mãe, no nível de ficar cheia de hematomas.

— abre a porta do quarto, Marrye — mamãe grita enquanto bate na porta diversas vezes, ela repete, repete e repete até cansar e sair de lá.

eu chorava toda encolhida encima da minha cama, meus soluços eram descontrolados, minha cama era colada com a parede, a mesma parede que havia uma grande janela, olho para baixo e vejo o homem de olhos puxados.

ele estava com a mesma roupa, mas ele não estava com boné, mesmo assim não dava para ver seu rosto como sempre, ele estava fumando sentado na calçada da vizinha de frente a minha casa.

nos entreolhamos e ele balança a cabeça em negação, ele pega um papel e escreve alguma coisa, amassa o papel em uma pedra e se levanta, ele faz sinal com a mão para que eu afaste para o lado, eu afasto com medo e ele joga a pedra para dentro do meu quarto, ele tem boa mira.

assustada, pego a pedra caída no chão e a desembrulho do papel, desamasso o mesmo e leio oque tem nele.

"você é minha" estava escrito.

arregalo meus olhos e meu coração acelera assim que leio, corro até minha escrivaninha e pego uma caneta, com minha mão trêmula escrevo no mesmo papel "eu não sou propriedade de ninguém!"

amasso o papel na pedra e jogo para ele, ele pega a pedra e ler oque está no papel, ele me encara e depois olha para uma mochila preta que estava no chão.

ele abre a mochila e pega uma latinha de spray vermelha, vai até o muro da casa da vizinha e começa a escrever algo, quando ele termina de escrever, coloca o spray na bolsa de novo e joga a bolsa no chão, logo após saindo da frente e sentando na calçada.

"é oque vamos ver, estou de olho em você, anjinha" estava escrito no muro.

logo após ler aquilo, o vejo me encarando enquanto fumava o cigarro sentado na calçada, incrédula, tranco a janela e fecho a cortina, logo depois desligo a luz e me cubro toda com o edredom.

lembro de todos os meus problemas, o bullying, o desconforto que sinto quando meu pai está perto, a surra que sempre levo da minha mãe e agora estou sendo perseguida por um psicopata.

começo a chorar sem parar, toda encolhida na cama, o choro me deu tanta dor de cabeça que eu adormeci.

...

acordo de madrugada agoniada, me sento na cama e olho para a hora em meu celular.

03:00 era a hora que marcava, ligo o abajur e percebo que a janela e as cortinas estavam abertas, levanto uma sobrancelha, eu jurei que havia fechado antes de dormir.

olho para o meu guarda roupa branco, e estranho ao perceber uns detalhes em vermelho, aumento a luz do abajur e semicerro meus olhos para enxergar melhor.

"mamãe e papai, quem você quer que eu mate primeiro, anjinha?" arregalo meus olhos ao ler aquilo, meu coração dispara e sem pensar duas vezes eu corro para meu banheiro para limpar aquilo.

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