esmeraldas

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Os dias se passavam e Antônio e Irene estavam cada vez mais apaixonados e entregues um ao outro. Tudo corria bem, Daniel estava cada vez mais apegado ao pai, e seu pai a ele. Antônio havia mudado com sua mulher, estava mais carinhoso, atencioso... De fato, ele havia mudado. Porém desejo por poder e reconhecimento não desaparecem assim, simplesmente. Afinal, ele foi criado para mandar, liderar, TOMAR.
O que aconteceu em Nova Primavera, o desabar do seu Império, o aquietou por algum tempo, mas ele não estava se contentando com a mesmice na vida dele, ele precisava de desafios. Mais, muito mais.

- Eu quero que você venha pra cá o mais rápido possível. A gente não pode deixar esse cara desconfiar de...
- Antônio? Irene chega na varanda assustada com o tom que o marido falava ao telefone, tom esse que ela conhecia muito bem e que sabia que despertava o pior de todos.
Antônio desliga o celular com o rosto pálido e assustado, como uma criança pega no flagra. Irene o olha séria, o olha no fundo de seus olhos para ele não ter escapatórias.
- Quem não pode desconfiar do que, Antônio? Sua mulher indaga. Indaga com o coração na mão de saber que o marido estava fazendo algo, ela só não queria acreditar. Mas estava, ela sabia que estava.
- Oh meu amor! Antônio ri nervoso com a situação. - Não sabia que você estava em casa, achei que ainda estava no salão. Antônio se aproxima depositando um selinho em seus lábios. Irene continua irredutível, imóvel.
- Quem não pode duvidar de que, Antônio?? Ela pergunta num tom mais alto.
- Calma Irene, eu tava falando com o... Aquele cara... do ar-condicionado! ar-condicionado!!! Antônio fala aliviado por ter pensado em algo.
- Ar-condicionado?
Ela pergunta com uma feição de total cinismo e desprezo.
- Sim. Eu... Eu chamei um rapaz, lembra? Pra concertar o ar do nosso quarto que estava fraco, mas o outro, que é amigo dele, me ligou e disse que faz a metade do preço. Como eu não gosto de magoar os sentimentos de ninguém, eu pedi a ele pra que não falasse nada ao... ao 'coiso.
Irene não se convenceu com uma palavra que saiu da boca do marido. Ela sabia que não era verdade, mas não conseguiria. Não conseguiria por a sua mudança de caráter a cima do seu amor por Antônio. Outra vez, ela não conseguiria, e se odiava por isso.
- Olha aqui, Antônio. Se você estiver aprontando alguma das suas, eu juro... Eu juro que nunca mais olho na sua cara. Eu pego o meu filho e vou embora daqui, entendeu?
- Que é isso, Irene? Tá louca? Eu mudei, nunca faria nada, nada que colocasse vocês em risco. Irene cede.  Já que ela não conseguiria se desvencilhar dele mesmo sabendo toda a verdade, se contentaria em fingir que nada estava acontecendo.
- Tá bom, Antônio.
Ela se aproxima e beija levemente os seus lábios.
- Vamos fazer alguma coisa hoje? Eu, você e o Danielzinho?
Ele pergunta tentando apaziguar sua mulher.
- Vamos sim. Eu vou na praia um pouco com ele, ok? preciso pensar um pouco.
Irene verbaliza distante, acuada.
- O que você quiser meu amor. A mulher ignora as palavras do marido e anda em direção a porta.
- Irene? Antônio a chama com uma voz doce e calma.
- Oi. Ela se vira pra ele ainda com a mão na porta.
- Eu te amo.  Os olhares dos dois não desviam, eles só tinham olhos um para o outro. Sempre que saiam aquelas palavras da boca de Antônio, Irene se sentia completamente rendida a ele. Um sorriso se formou em seus lábios fazendo com que aquela máscara de frieza e decepção  escorressem do seu rosto. Só restando ali o seu olhar mais puro, mais genuíno, mais amoroso.
- Vem cá me dar um beijo de verdade, vem. eu sei que você tá morrendo de vontade.
Irene ri andando novamente em direção a ele e entrelaçando os seus braços ao redor do pescoço de seu marido. O seu Antônio.
- Eu também te amo.
Ela sussurra colando os lábios no dele, formando um beijo terno e intenso na mesma proporção. Deus, como ela o amava.

30 minutos depois de Irene sair

- Alô, prefeito? Antônio La Selva falando. Eu tive que desligar porque minha mulher chegou, mas agora podemos conversar. Por mim, pode confirmar. Essas terras das esmeraldas já são nossas, pode contar com o meu apoio.

O que o prefeito não sabia era que estava lidando com Antônio La Selva, e ele não divide nada com ninguém.

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