viagem

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Por Irene

Tudo na minha vida sempre foi por e para Antônio. Os meses que ficamos separados foram de intenso sofrimento, mas também serviram para eu me descobrir como mulher em inúmeros aspectos. Eu sou, apesar do meu casamento. Apesar do amor que eu sinto pelo meu marido, mesmo eu o amando mais que minha própria vida, eu estou tentando não viver somente em função disso. Porém, desde que voltamos eu conheci um lado de Antônio tão humano e amoroso, que eu estou muito mais dependente dele do que eu estava na nossa antiga vida. E não, eu não gosto disso.

Moreré 27/01/2024

- Vão ser só alguns dias, meu amor. Eu volto antes do Carnaval, te prometo.
Fala Antônio acariciando o rosto de Irene enquanto enche o rosto dela de beijos.
- Mas essa viagem foi muito repentina, Antônio. Me preocupa você viajar pra uma cidade grande como Salvador... E se tiver alguém de Nova Primavera lá? Você já pensou nisso? Você já pensou que em uma viagem dessa você pode acabar completamente com a sua vida?
- Irene, eu vou viajar a trabalho. Eu tenho que ir e... Eu vou, e ponto final.
Antônio é grosseiro, como em muito tempo não era.
- Faça o que você quiser, Antônio. Mas fique sabendo que se der alguma merda nessa viagem de trabalho, eu não vou estar aqui pra segurar suas pontas como nas outras vezes. Eu não vou.
A mulher fala firme se levantando da cama e pegando um travesseiro fechando a porta tão forte que Antônio achou que fosse quebrar. Irene abre a porta do quarto de Danielzinho e se deita com o filho o abraçando.
- Vai 'dumi cumigo hoje, mamãe? Pergunta sonolento.
- Vou meu filho... Vou sim.
Irene fala o abraçando mais e dormindo logo em seguida.

Dia 28, 05:35 da manhã

Antônio acorda preparado para sua nova missão, seu novo objetivo não tão diferente do que o fez decair no passado: O anseio pelo que não era seu. A terra das esmeraldas em Ilhéus, que era habitada por uma família pobre em uma casa que nem reboco tinha. Obviamente eles não sabiam que continha algo tão valioso bem debaixo dos seus pés, mas se eles tinham alguma chance de saber dessas esmeraldas, as chances já não existem mais.

Ele se apronta, toma o seu café da manhã reforçado pra cobrir a viagem longa que faria, mas não consegue sair sem ao menos ver a sua esposa e o seu filho antes de ir. Ele abre a porta do quarto de Danielzinho com muito cuidado, sorri ao ver a cena dos dois abraçados dormindo tão profundamente e deposita um beijo em cada bochecha. Alisando os cabelos de sua mulher ele fala quase que em um sussurro:
- Até logo, meu amor.

E ele parte para mais uma aventura com seu fiel parceiro no crime, Silvério, que sempre soube de todos os passos do patrão nos últimos meses e o esperava em Salvador para defendê-lo com unhas e dentes. Ou somente defendê-lo, bravura nunca foi o seu forte.

Todos os dias durante os 15 dias que ele estava em viagem, mandava flores e presentes pra sua mulher no intuito de reparar a briga que eles tiveram antes da viagem e ele ter se prolongado na viagem. Diferente das outras vezes, ele era um criminoso apaixonado.

- Ai, Antônio... Como é que eu vou ficar com raiva de você assim? Irene pensa alto enquanto abre mais uma caixa de perfume e cheira as rosas em cima da mesa.
- Olha filho, o papai mandou pra você.
- Eu quelia, ele aqui mamãe... Junto com a gente. Daniel fala cabisbaixo.
- Daqui a pouco ele tá aqui de novo, meu amor. Só tem que esperar mais um pouquinho.
Irene fala com o coração apertado, tendo a sensação de que o seu marido estava em apuros.
E estava, ele só não sabia ainda.

O que será que vai acontecer com Antônio?

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