~ Yume pov
Ontem enquanto eu trabalhava meu patrão me perguntou se eu conhecia alguém que sabia tocar algum instrumento.
_ Eu tenho um conhecido que sabe tocar violão, quer que eu te passe o contato?_ ele me disse que sim, então passei o contato de Adam.
_ Valeu _ meu chefe voltou ao seu posto.
Depois disso fiquei sabendo pelo próprio Adam, que ele tinha sido chamado e iria tocar guitarra na festa de aniversário do restaurante, aparentemente não seria só ele, algumas outras pessoas foram chamadas para tocar outros instrumentos também.
Fiquei impressionada, então ele sabia tocar guitarra também.
Os dias se passaram até o dia em que ele iria se apresentar.
_ Tô bom com essa roupa?_ Adam me perguntou passando perfume em frente ao espelho.
_ Tá ótimo _ eu fui até o mesmo, roubando um selinho.
Ele retribuiu com um sorriso.
_ Vamos?_ perguntei.
[...]
O show estava ótimo, Adam tocava algumas músicas e fazia cover de solos famosos, ele era realmente muito talentoso.
Conforme a noite ia se aprofundando, mais pessoas vinham para prestigiar Adam e o aniversário do restaurante.
Eu estava servindo uma mesa quando Adam começou, a tocar " Me and your mama" minha música favorita, a pedido de algumas mulheres a frente do palco.
Meus olhos foram pra Adam, ele brilhava de suor. As mulheres estavam pulando e gritando para ele, e ele parecia estar adorando.
Meu coração doeu assim que o vi descer do palco e a multidão de mulheres passarem a mão nele.
Que pouca vergonha era aquela?
Desculpa quem não é dessas, mas eu sou, sou muito ciumenta, mesmo não tendo nada com ele, me mordi de ciúmes.
Me retirei e fui até a cozinha, eu não era obrigada a assistir aquilo.
_ Tá com ciúmes do seu namorado?_ meu chefe me perguntou chegando ao meu lado.
_ Ele não é meu namorado.
_ Mas você queria que fosse?_ ele sorriu.
_ Talvez..._ não sei o que deu em mim, só sei que comecei a desabafar.
Meus ouvidos escutavam a voz e o som da guitarra de Adam, ambos abafados pelas portas da cozinha.
_ Eu e ele combinamos de nos conhecermos, mas eu sou decidida, eu já sei o que eu quero, eu já sei que gosto dele e já sei que eu teria um relacionamento com ele_ me encostei na bancada.
Estávamos apenas eu e meu chefe dentro da cozinha, o restante dos garçons estavam lá fora aplaudindo a patifaria de Adam.
_ Ele parece ser muito tímido quando está comigo, ele fica lerdiando comigo, nunca faz nada e sempre espera eu ir atrás dele_ olhei para o chão.
_ As vezes eu acho que ele está me segurando, fingindo ser fofo e tímido mas quando eu não estou por perto tenho certeza que ele age da mesma forma que está lá fora, com qualquer outra mulher _ eu disse revoltada.
_ Eu não conheço ele, então não posso opinar, mas eu conheço você, sei que é expressiva eu acho que você poderia ser sincera com ele, falar o que sente em relação a não terem uma relação concreta,o que planeja e o que você realmente sente sobre ele_ meu chefe olhando nos olhos continuou.
_ Não dói ser sincera, você vai estar sendo com você mesma e com ele, considere como uma forma de saber se você está perdendo tempo, ou uma forma de tirar ele desse lenga lenga, se ele te quiser igual você quer ele, pronto, estará tudo resolvido_ ele sorriu.
_ Obrigada chefe, você tem certeza, ele não tem bola de cristal para saber o que eu realmente quero_ sai da cozinha.
Assim que olho para o palco, Adam está aos beijos com outra.
Ok, agora passou dos limites.
_ Você pode ir, eu dou conta do movimento aqui,só que vou descontar do seu salário depois _ meu chefe disse aparecendo atrás de mim, ele parecia bem chocado também com a cena do palco.
Agradeci e sai correndo de lá.
Não acredito que estou chorando por homem, meus olhos estão molhados e meu coração dói.
Que merda.
Cheguei em casa e por sorte não tinha ninguém, provavelmente estavam todos trabalhando ou saíram para jantar.
Subi para o quarto e tomei um banho na suite.
Chorei no banho, não faço isso dês dos 14, claro, chorei na morte do meu tio, só que esse choro é diferente, não dói tanto quanto o do meu tio, mas dói, a dor da rejeição, a dor de ter sido trocada, a dor de não se sentir valorizada, a dor de ser traída.
Sai do banheiro e fui até a cama, me deitei e dormi.
