Dona Morte

24 6 10
                                    

Com a visão embaçada, 
Vejo uma luz ao pé da escada. 
Vejo a dona Morte 
Na sua maior neutralidade, 
Como um farol na escuridão, 
Guiando-me com serenidade.

Ela se aproxima, 
Não fujo, 
Não temo, 
Só aceito, 
Pois nesta dança silenciosa,  ppp
Sinto que é hora de parar.

Ela segura meu rosto 
E acaricia, 
Como uma velha amiga se sentia. 
Me abraçou e sussurrou: 
"Tudo vai ficar bem," 
E nesse instante, o medo se desfez, 
Deixando espaço para a calma que vem.

Minha alma deixando meu corpo, 
Aceito meu destino, 
E não respondo, 
Apenas me deixo levar, 
Como folhas ao vento no outono, 
Fluindo para o desconhecido sem pesar.

Adormecendo nos braços de Morfeu, 
Reflito sobre tudo que aconteceu: 
As risadas que ecoaram como cantos, 
As lágrimas que caíram como chuva em dias de tormenta, 
Os amores que deixei e os que vivi, 
Cada um como uma página virada na minha história imensa.

Sorrio, pois cada instante foi precioso, 
Cada escolha moldou meu ser; 
Não há arrependimentos em meu coração ansioso, 
A vida é um mosaico de memórias a florescer.

Na dança das horas deixo ir, 
As memórias como estrelas a brilhar; 
E enquanto o véu se torna sutil, 
Sinto a paz me envolver no ar.

Assim sigo para o desconhecido, 
Com gratidão por tudo que passei; 
E na suavidade desse abrigo, 
Deixo um último sussurro: "Eu amei."

Em cada passo dado nesta jornada longa, 
Houve dor e alegria entrelaçadas; 
Mas agora é tempo de ser livre e leve, 
Deixar as amarras e as correntes quebradas.

E ao cruzar o limiar do eterno descanso, 
Levo comigo o amor que encontrei; 
Pois mesmo na despedida há um balanço:  
Um eco de vida que nunca se desfez.

_Daiki

Desabafo Onde histórias criam vida. Descubra agora