Desabafo

Querido eu

Oh, eu do passado, tão jovem e puro, 
Te falo em sussurros de um futuro obscuro. 
Teus sonhos dançam em um céu de esperança, 
Mas a vida, ah vida, traz sua balança.

Lembro de ti, com olhos brilhantes, 
Corações pulsando em instantes vibrantes. 
As risadas ecoam em tardes de verão, 
Mas logo virão tempestades à sua mão.

Teus medos são sombras que te cercam agora, 
E eu já conheço a dor que implora. 
As promessas quebradas e as lágrimas frias, 
Os amores que vêm e vão como melodias.

Quantas vezes você se sentiu só? 
Enquanto a vida lhe dava um nó? 
A solidão é uma amiga traiçoeira, 
Que sussurra segredos na noite inteira.

Oh, como eu queria te abraçar forte, 
E guiar teus passos na dança da sorte. 
Mas o tempo é cruel e não se detém, 
E cada escolha molda o que vem.

As alegrias que você abraça com fervor, 
Mais tarde se tornam ecos de dor. 
Os amigos que vão e não voltam mais, 
Deixam buracos em nossos jornais.

Você se pergunta sobre os caminhos a seguir, 
Mas há caminhos que não podem existir. 
A vida te ensina com mãos ásperas e frias, 
E os sonhos desfeitos são as sombrias melodias.

Te vejo correr atrás do sol poente, 
Mas o sol se esconde quando você sente. 
As noites frias trazem solidão, 
E o futuro é um livro sem conclusão.

Eu sou você em um tempo distante, 
Carregando memórias de um amor constante. 
Aprendi a sorrir entre as lágrimas choradas, 
A encontrar beleza nas feridas marcadas.

Oh, eu do passado, não desista agora! 
Cada lágrima vertida é uma nova aurora. 
As cicatrizes são mapas da jornada vivida, 
E cada dor traz uma lição querida.

Quando a tristeza parecer pesada demais, 
Lembre-se das estrelas que brilham para nós. 
O futuro pode ser sombrio e incerto, 
Mas há sempre uma luz no caminho deserto.

A vida é um ciclo de altos e baixos, 
Um mar revolto com ondas e abraços. 
Você vai encontrar força onde não há mais:  
Dentro de si mesma; você é capaz!

Então viva intensamente cada pequeno momento,  
Mesmo quando o peso parecer um tormento.  
Eu sou você que aprendeu a lutar:  
Em cada queda há sempre um recomeçar.

_Daiki