Capítulo 7 - Encontro Surpresa

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Acordo com frio, suada e desnorteada.

Sonhei que uma besta com garras e olhos verdes me perseguia num jardim florido, os espinhos do mar de rosas que nos cercava arranhando minha pele enquanto eu corria e corria...

O cobertor que me cobria está meio embolado nas minhas pernas e caído no chão. Me sento e esfrego o rosto, olhando em volta do quarto em busca de Cerberius, mas ele não está em lugar algum. Claramente atendeu meu aviso sobre ir para a própria cama.

Levanto e sigo direto para o banheiro com a intenção de tomar um banho quente e demorado. Ao passar em frente ao espelho da pia, porém, eu paro e encaro meu reflexo. Solto um palavrão. E depois outro enquanto giro o corpo para ver melhor.

Merda. Não pode ser.

Não há nada. Nenhum ferimento, nenhum corte. Nem mesmo as manchas vermelhas e roxas que ganhei ontem. Nada. Nadinha. Estou completamente limpa, com a pele perfeita e lisa.

Olho para meus pulsos e exalo devagar. O unguento de Áster não pode ser assim tão eficiente. Demorei uma semana para me recuperar do dia em que cheguei, e mesmo assim não havia ficado sem marcas. O que ela poderia ter feito de diferente para que tudo desaparecesse dessa forma?

Era um milagre.

Mas pensando bem, tudo desde o momento em que surgi no lago até agora foram milagres.

Demoro mais tempo no banho do que eu pretendia, inspecionando detalhadamente a falta de hematomas. Quando volto para o quarto já vestida e recuperada do choque, sinto o cheiro de especiarias no ar e faço meu caminho até a cozinha.

Aparentemente o dia será de surpresas.

No meio do caos de panelas, potes, ingredientes e vapor, há um feérico alto e magricela vestindo uma camisa branca com os punhos enrolados e um avental manchado. Ele ergue a cabeça cacheada e seus olhos amarelos como margaridas se fixam em mim, surpresa e curiosidade iluminando-os. Fico paralisada na porta sem saber o que fazer. Desde o início supus que era Áster quem cozinhava já que ela era a única que me visitava, mas claramente me enganei.

- Bom dia – ele cumprimenta, sua voz soando suave como uma brisa de verão – Você deve ser a Lady Eden. Minha irmã fala muito sobre você em casa.

O sorriso que ele oferece é caloroso e ilumina seu rosto jovem. Ele é extremamente bonito, assim como todos os feéricos são, mas de uma forma descontraída e quase infantil. Consigo notar as semelhanças com Áster, no nariz redondo e no formato dos olhos.

- Ela avisou que você não fala muito também – ele comenta, aparentemente nem um pouco desconfortável com meu silêncio

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- Ela avisou que você não fala muito também – ele comenta, aparentemente nem um pouco desconfortável com meu silêncio.

Sorrio levemente tentando não parecer tão afetada e me aproximo da ilha de mármore entre nós.

- Não sou nenhuma Lady Eden – informo, tentando transmitir toda minha indignação pelo título indevido.

- Ah, pensei que fosse a hóspede de Lorde Eris – as bochechas dele se afogueiam com a vergonha e me repreendo internamente por deixá-lo sem jeito – Mas se você não é ela, então quem...

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