Capítulo 13 - Guerra Perdida

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A biblioteca está quente e aconchegante.

Ao passar pela porta meus olhos rapidamente encontram Eris sentado em um sofá observando o fogo na lareira. Seu rosto simétrico está sério, pensativo. Ao me ouvir entrar ele se vira, os olhos me seguindo conforme caminho até a outra ponta do sofá e me sento sem dizer nada. Eu o observo de volta e noto que ele trocou as roupas molhadas por um conjunto preto, e se os cabelos molhados não fossem indicação suficiente, o cheiro de sabonete e Eris me fez perceber que ele também havia tomado um banho. As janelas da biblioteca estão fechadas fazendo o ar ficar pesado com o calor e preenchendo meu nariz com o cheiro de madeira queimando e a doçura irresistível de maçã que vem dele. Respiro fundo, guardando aquele cheiro tão profundamente quanto posso e cruzo as pernas. Em outro momento talvez eu apreciasse o silencio, o aconchego e a companhia, mas há assuntos mais urgentes para lidar.

Apesar de ter conseguido controlar as lágrimas intermináveis para vir encontrá-lo meu humor se mantém depressivo. A decepção e a solidão ainda me causam um nó na garganta. A única coisa que quero agora é planejar qual será meu próximo passo.

- E então, o que tem em mente? – pergunto sem rodeios e com a voz baixa.

Eris pisca devagar, como se eu o tivesse tirado de um devaneio, e vira o corpo ficando com o joelho na direção da minha coxa. O sofá é grande o suficiente para ter alguns bons centímetros nos separando, mas não consigo evitar uma voz insistente ecoando no fundo da minha cabeça.

- Antes de qualquer planejamento, eu gostaria de entender o quê exatamente aconteceu enquanto você usava o colar.

- Não tenho certeza se consigo explicar. Foi como se... como se eu pudesse ver – movo minhas mãos nervosamente sobre o colo, sem saber o que fazer comigo mesma. Apenas lembrar daquele momento me faz sentir o pânico e o terror voltando.

- Ver o que? – Eris pergunta, de forma estranhamente suave.

- Tudo. A floresta, os animais, o vento, a tempestade.... você – suspiro e tento organizar de forma mais prática tudo o que senti naquele momento – Primeiro eu ouvi, como uma batida em ritmo contínuo. Depois senti um tipo de vibração sobre minha pele, como eletricidade. E então, com um piscar de olhos, eu vi tudo isso. Eu fui tomada por uma onda de vibrações e luzes, e...  – um arrepio sobe pelos meus braços e eu os cruzo para evitar que tremessem – Foi intenso demais. Achei que iria enlouquecer.

Mas não enlouqueci, graças ao feérico sentado ao meu lado.

- Dorothea estava certa afinal, o colar é um amplificador – ele conclui, levando uma mão ao rosto para tocar na barba por fazer – E o que você sentiu indica que seu poder vai muito além de atirar bolas verdes brilhantes e mortais.

Ele me lança um olhar atravessado, mas seu tom é leve com humor. Me recosto no sofá e o encaro séria.

- Se está esperando por um pedido de desculpas vai se decepcionar, você mereceu que eu te jogasse na lama.

Um pequeno sorriso se forma no canto de sua boca e sou imediatamente atraída por ele. Um peso cresce no meu estomago e eu tento com toda minha força de vontade ignorá-lo.

- Imagino que o tapa que me deu aqui também tenha sido merecido.

- Sem dúvidas.

Ele fica me encarando com aqueles olhos âmbar atentos e tenho a impressão que por trás deles estão muitas perguntas, muitas palavras que provavelmente nunca serão ditas em voz alta. Eu mau o conheço, nem sequer passamos muito tempo juntos, mas com o passar dos dias parece cada vez mais fácil ler suas expressões. Não sei quando isso começou a mudar, assim como não sei em que momento meu coração passou a deseja-lo tão intensamente.

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