Capítulo 12 - Inimizades

65 11 4
                                    

O vapor que sobe da água quente embaça o espelho sobre a pia e faz o banheiro parecer uma sauna.

Assim que voltamos Eris fez seu caminho silenciosamente para a escada ornamentada da entrada da casa, me dizendo apenas que encontrasse com ele na biblioteca quando estivesse pronta. Não sei como vou conseguir encara-lo de novo. Mais uma vez fui a humana carente ávida por um toque e Eris sendo um macho feérico perfeitamente viril não me negou isso. Eu o provoquei, feri seu ego e o que fez depois na biblioteca foi apenas para que tivesse sua vingança. E hoje, depois de chorar como uma criança na frente dele... Claro que ele se aproveitaria do momento de vulnerabilidade. E no fim eu o beijei, como uma grande idiota sentimental faria.

Estou completamente envergonhada, porém não me arrependo. Beija-lo foi um erro, com certeza, mas sendo sincera comigo mesma posso admitir que faria de novo. Faria quantas vezes ele permitisse. Faria até mais do que isso.

Encosto a cabeça na borda da banheira e suspiro alto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Encosto a cabeça na borda da banheira e suspiro alto. Preciso aprender a ser menos impulsiva ou isso vai acabar mau.

A pior parte é que esses pensamentos tem tirado meu foco de onde realmente deveriam estar: no fato de que possuo magia. Como isso é possível para uma humana? Não faço ideia. Mas pensando bem, a lembrança que tenho da minha avó lendo o livro misterioso sobre Prythian faz mais sentido. Lembro de ver seus dedos girando no ar para as páginas virarem. Foi algo que herdei dela ou nascemos todos assim? Quem são meus pais e porquê não me lembro deles? Eles também possuem magia?

As perguntas vão surgindo uma após a outra infinitamente, se amontoando no meu cérebro como ervas daninhas. Se eu me manter presa a elas vou enlouquecer rapidamente. Portanto decido fazer uma lista com tudo o que tenho certeza até o momento.

Primeiro, sou humana. Talvez não uma convencional, mas definitivamente humana.

Segundo, o colar que encontramos no lago é realmente meu, e foi ele que “ativou” minha magia. Ou melhor, ele redescobriu? Reacendeu?... Não importa, ela já estava aqui.

Terceiro, sou impulsiva e não controlo bem minhas emoções. Culpa da magia? De pais ausentes? Apenas personalidade? Um mistério e um grande problema, principalmente porque ele me leva ao quarto fato: Eu tenho uma estranha e forte atração por Eris.

Desde o primeiro momento que o vi no lago senti uma variedade de emoções pelo herdeiro Outonal. A raiva com certeza sempre está presente, porquê Eris é o maior babaca que já existiu, mas ao mesmo tempo existe algo a mais. Ou posso estar alucinando, vendo uma coisa que não existe simplesmente porquê esse sentimento me conforta. Saber que não estou completamente sozinha, que tem alguém zelando por mim e interessado em me ajudar mesmo quando não tem nenhum ganho próprio. É contraditório e confuso mas Eris me passa segurança, apesar de saber que não posso confiar nele. E pensando na forma como ele agiu hoje, me abraçando na clareira até que a onda esmagadora de magia se dissipasse, e depois quando me salvou de cair no penhasco, o jeito que me olhou e que me beijou..

Entre MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora