Não sabia o tempo exato que estava presa, mas sabia que faziam muitas horas. Eu estava fraca e precisava de água. Um dos homens, que eu apelidei de "segurança", por só seguir ordens, entrou no cômodo com um prato de comida e o colocou em uma cadeira na minha frente.
Come - Ele diz.
Como? - Pergunto.
Como seria? - Ele questiona.
Eu estou com as mãos amarradas - Digo.
Você come com a boca, não com as mãos - Ele diz.
E você quer que eu coma igual um animal? - Questiono.
Para de encher e come - Ele diz.
Não quero essa merda - Chuto a cadeira, com dificuldade por causa dos pés amarrados, e a comida cai no chão.
Muito bem, passe fome - Ele diz e sai do cômodo.
Filho da puta - Grito assim que ele fecha a porta.
Os meus olhos se encheram d'água e eu respirei fundo, eu não posso desabar agora, não posso!
[...]
Estava dormindo sentada na cadeira em uma posição nada confortável, despertei assim que senti água gelada sendo jogada em mim. Eu abri os olhos com um pouco de dificuldade e vi que era o homem que eu apelidei de "chefe". Era o típico mandão que se acha o cara mais foda do mundo.
Bom dia, princesa - Ele diz.
Pra quem? - Pergunto.
Eu estou amarrada, com dor, com fome, com sede - Digo exausta.
Te trouxeram comida, você que não quis - Ele diz.
Não vou comer igual um animal, eu preciso das mãos livres - Digo.
Tá se achando a espertinha, né? - Ele ri.
Não, cara! Eu só quero comer igual um ser humano, eu não vou fugir, você acha que eu chegaria muito longe? - Pergunto e ele não fala nada.
Algum pedido especial, madame? - Ele pergunta.
Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo - Imploro.
Eu já volto - Ele diz e sai.
Ele voltou após alguns minutos com um prato de comida e um copo d'água. Ele deixou em cima da cadeira e ficou atrás de mim.
Não banca a espertinha - Diz tirando as cordas.
Ele me soltou e eu mexi as mãos para a circulação sanguínea voltar ao normal, é uma sensação de alívio inexplicável. Peguei o prato de comida e comecei a comer, o cara ficou no canto do cômodo segurando uma arma.
Faz muito tempo que eu estou aqui? - Pergunto.
Algumas horas - Diz curto e seco.
Vocês vão me liberar algum dia? - Pergunto.
Quando o seu pai resolver nos pagar, caso contrário, a gente dá um fim em você - Ele diz.
Aquele cara não tem nem aonde cair morto, você acha mesmo que ele vai pagar vocês? - Pergunto.
Ele vai arrumar o dinheiro, com o seu marido, não sei - Diz e eu reviro os olhos.
Ao menos alguém já notou o meu sumiço? - Pergunto bebendo um pouco d'água.
Sim, você recebeu várias ligações no seu celular - Ele diz.
Muitas chamadas dos contatos "Lulu", "Lo" e "amor". Esse último foi o que mais ligou, está enchendo o saco já - Ele revira os olhos.
Vocês não poderiam pelo menos avisar que eu estou bem? - Pergunto.
Claro que não, menina - Ele ri.
Não tem lógica isso que vocês estão fazendo. Aquele homem, que diz ser o meu pai, nem conviveu comigo. Acha mesmo que ele vai se importar se algo acontecer? - Questiono.
Ele pareceu se importar com o que houve com a sua mãe - O homem diz me encarando.
Foram vocês? - Pergunto.
Estávamos fazendo o nosso corre, menina - Ele diz.
Vocês são horríveis, a minha mãe não tinha nada haver com isso. Não tem sentido - Digo.
Ele já estava ciente que se não pagasse, iríamos atrás dos familiares - Diz.
Eu tenho pena da vida que vocês levam - Digo.
Come e fica quieta, antes que eu perca a paciência - Ele diz.
Passaremos alguns dias juntos, se eu não receber um retorno do seu pai, vou ter que me livrar do seu rostinho lindo - Ele diz.
O meu estômago começou a embrulhar, eu me virei para o lado e vomitei toda a comida que eu havia comido. Estava com o estômago vazio, outra vez.
Tu me pede comida pra fazer uma merda dessas? - Ele pergunta.
Eu estou grávida, cara. Eu não escolho quando vou vomitar - Digo limpando a boca.
Nojenta - Ele sai do cômodo.
Bebi toda a água do copo e deixei tudo no chão, tentei soltar as cordas que prendiam as minhas pernas, sem sucesso. Insisti mais algumas vezes e consegui me soltar, mas o meu corpo estava todo dolorido. Eu fiquei atrás da porta e respirei fundo.
Alguns minutos depois, o "segurança" abriu a porta do cômodo e ficou desesperado ao não me ver presa. Eu aproveitei a sua distração e corri para fora. Era um lugar totalmente escuro, parecia um labirinto sem saída. Corri, corri, corri e ouvi gritos, indicando que estavam atrás de mim. Vi uma porta distante e corri até ela, mas antes de alcançá-la, seguraram no meu braço. Era o "chefe"
Sua vadia - Ele dá um tapa no meu rosto.
Eu tentei ser legal com você - Ele diz me segurando com mais força.
Ele me puxou novamente para o lugar que eu estava e me jogou no chão, fazendo com que eu batesse as costas.
Se você tentar fugir de novo, eu vou te matar - Ele diz e sai.
Me deixa sair, por favor - Me levanto e fico batendo na porta.
Me tira daqui - Giro a maçaneta incansavelmente.
Finalmente me liberei para cair no choro e fui escorregando na porta. Preciso sair daqui, eu espero que eu saia daqui. Eu pensava em como estavam as coisas lá fora, os meus filhos sem mim, o Jonathan, os meus amigos, pensava se aquele homem pagaria eles de alguma forma.
Levei a minha mão até a barriga e dei leves apertadas para tentar sentir algo diferente, e eu realmente sentia um incômodo bem grande, as coisas não estão boas. Passei a mão no rosto e sentia a minha bochecha ardendo por causa do tapa.
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a coitada tá sofrendo viu
não direi mais nada sobre a libertadores, sem palavras e sem paciência.
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𝙴𝚇 𝙰𝙼𝙾𝚁: 3° 𝘛𝘌𝘔𝘗𝘖𝘙𝘈𝘋𝘈 | 𝗝𝗼𝗻𝗮𝘁𝗵𝗮𝗻 𝗖𝗮𝗹𝗹𝗲𝗿𝗶
Fiksi Penggemar"Terceira, e última, etapa da história EX AMOR." [+16]