Fragmento amarelo

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A muitos anos atrás, ainda na era medieval, uma garota estava presa dentro de um barco junto com várias outras em péssimas condições de estado físico e mental. O local não tinha um cheiro agradável, estavam a muitos dias sendo levados para algum lugar que nem mesmo elas faziam ideias. Mulheres que foram vendidas por suas famílias ou que foram simplesmente sequestradas e vendidas pro contrabando, outras foram dominadas por outros reinos e, como a lei do mais forte, os mais fracos são submissos e ficam a total escolha dos mais fortes do que fazer com eles. Em meio a choro silenciosos e desespero nítido, as mulheres ali tinham apenas uma certeza: Todas seriam escravizadas.

No meio dessas mulheres estava Estelar, ainda nos seus dez anos de idade. Ela foi comprada pelo rei em uma ilha chamada "Volskar" e lá teve que aprender a seguir ordens rígidas. Não foi uma vida fácil, até seus vinte anos de idade ela recebia ordens, era mal tratada, se alimentava de restos, os próprios cavaleiros do rei estupravam a garota ainda em sua juventude, tudo que poderia gerar trauma nela estava sendo vivenciado.

Um dia, pela janela do castelo, Estelar viu uma mulher se rebelar diante as leis do rei, protestava na rua com uma placa enquanto andava em direção a praça da cidade.

— Escravos também são pessoas! Todos tem direito de serem livres! — Dizia a mulher em voz alta.

Naquele mesmo dia, os cavaleiros interromperam ela e a jogaram na fogueira ainda em público. Estelar estava lá junto com a família real, viu essa cena, a mulher que antes protestava agora estava gritando de agonia enquanto seu corpo todo queimava.

— Isso! Queimem a bruxa! — Dizia um homem levantando a mão gritando para a mulher na fogueira.

— Seu lar é ao lado do diabo! — Outro homem na multidão gritava em sequência.

— Sua blasfemadora! — Mais um homem continuava a julgar.

O rei dava risadas, algumas mulheres em volta pareciam assustadas vendo aquelas cenas, poucas eram as que se sentiam bem com aquela ocasião e gritavam juntas. Estelar notava tudo aquilo.

— "Por que não podemos ser livres? O que tem de diferente na gente? Corre o mesmo sangue em nossas veias... por sermos mais fracas, temos que obrigatoriamente estar abaixo deles? Até mesmo os homens escravos nos colocam abaixo deles e fazem o que quer com a gente, nem mesmo os animais são tratados assim, por que nós devemos? Por que gritar por liberdade é ser tratada como bruxa? Eles falam de Deuses, mas não estariam adorando o próprio Diabo fazendo uma crueldade dessas? Ou os Deuses que eles adoram são tão maus quanto os próprios demônios?" — Esse foi o primeiro pensamento que Estelar teve ao ver tudo aquilo, de certa forma, aquela mulher que estava sendo queimada plantou uma semente ideológica na cabeça da garota.

Em uma audiência com outro reino, Estelar estava encarregada de servir ao rei e seus convidados, mas ela se recusou.

— O que pensa que está fazendo? — Um cavaleiro pergunta com raiva.

— Eu já disse! Eu não vou servir a homem nenhum! Vocês são todos lixos! — Disse Estelar com medo e raiva.

— Se ponha no seu lugar! — O cavaleiro deu uma tapa do lado do rosto da garota e a fez cair no chão. — O rei saberá disso, vagabunda. — Ele pegou Estelar pelos cabelos e a arrastou até o calabouço, onde prendeu a garota lá junto com outras que também tentaram se rebelar, outras que tiveram a mesma semente plantada em seus pensamentos.

— O mundo foi injusto com a gente. — Dizia uma garota ao lado de Estelar após o cavaleiro ter saído.

— Injusto é pouco para definir nossa situação. — Estelar dizia com raiva, tentando de soltar daquelas correntes que prendiam seus pulsos contra o pilar.

Assassino sem objetivos Onde histórias criam vida. Descubra agora