3:Bloody Mary

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-O que temos, Sammy?- O loiro perguntou curioso tentando bisbilhotar o que o irmão pesquisa enquanto dirige.
  -Toledo, Ohio. Os olhos de um cara foram pro espaço. O que acha de darmos uma olhada?- O moreno pergunta.
  -Acho que olhos explodindo não é uma coisa que se vê todos os dias.- Liz fala do banco de trás.
  Os três concordam em seguir viagem, partindo então para o seu próximo destino.
  Quando chegaram na cidade, o funeral estava acontecendo. O trio vai até o local com o intuito de coletar informações, ao analisarem a movimentação, uma garotinha fala que tem culpa pelo o que aconteceu com o pai, Liz escuta o diálogo e relata aos meninos.
  -Vocês acham que… ela poderia mesmo ter culpa?- A morena pergunta com um pouco de choque.
  -Talvez tenha, mas não acho que ela fez de propósito.- Sam fala colocando a mão no ombro da mulher, tentando livrar ela desses pensamentos.
  -Bom, tudo é possível. Vamos entrar e dar uma olhada.- Dean fala subindo as escadas.
  -Vocês olham aí, eu vou tentar falar com a garotinha.- Liz informa e se afasta.
  A mulher conversa muito tempo com a menina, que diz que invocou a Bloody Mary e por isso seu pai morreu, a morena acalma a criança assustada e promete cuidar do assunto.
  Quando o trio chega no quarto, Liz conta tudo que ouviu e que de acordo com a lenda, Bloody Mary é o fantasma de uma jovem mulher que foi assassinada depois que seus olhos foram cortados, e seu espírito ficou preso no espelho que ela morreu na frente. Ela busca aqueles que sentem culpa pela morte de outras pessoas.
  -E eu aqui pensando que era só uma brincadeira de criança.- Liz diz tentando absorver todas as informações.
  -Nunca é.- O mais velho responde.
  -Então todas as crianças que fazem isso, elas… sabe?- A morena pergunta.
  -Não. Acho que isso tá acontecendo aqui porque a história deve ter se iniciado nessa cidade.- Sam responde, cortando a resposta do irmão.
  -Só por perguntar, nenhum de vocês se culpam por morte nenhuma, né?- Ela pergunta esperando os dois responderem, mas nenhum fala nada. -Droga. Isso pode ser perigoso?
  -Talvez.- Os dois respondem em um uníssono.
  -Maravilha.- Ela diz.- Acho que vou sair para beber algo.- a mulher conclui.
  -Finalmente alguém falou em beber, vamos. Sam, vem com a gente?- Dean pergunta.
  -Podem ir, vou continuar pesquisando.- Ele fala olhando para o computador.

Liz’s pov:

  -Me sinto mal em ter deixado o Sam lá, será que devemos voltar?- Eu pergunto.
  -Relaxa, Sammy sempre fica assim, é normal.- Ele fala enquanto dá sinal para a moça do bar.
  -O que quer?- Ela pergunta com uma voz estranha para Dean, que entra na onda dela e pede uma cerveja, eu bato minha perna na dele e ele corrige a frase, pedindo duas cervejas.
  -Quer um babador, Dean?- Pergunto pegando minha bebida e revirando os olhos pra cena.
  -Engraçadinha você, né?- Ele olha para mim sarcástico, mas depois sua expressão se revela séria. -Qual é a sua, hein?
  -Como assim?- Perguntei não entendendo a pergunta dele.
  -Tipo, por que quis vir com a gente pra… isso?- Ele fala tentando me entender.
  -Eu não tenho o poder de esquecer tudo o que aconteceu comigo, eu não posso apagar nada. Só seguir em frente e tentar acabar com essas coisas.- Reflito enquanto falo.
  -Mas por que com a gente?- Ele pergunta com gentileza.
  -Porque não sobrou mais nada Dean. Eu não tenho nada e não quero ficar sozinha.- Admito algo que estou aprendendo há semanas comigo.
  -Você não vai ficar sozinha, você tem a gente.- Ele diz sorrindo. Também sou um sorriso e digo:
  -Agora chega com esse papo profundo e vamos encher a cara.

  Quando chegamos no quarto, Sam ainda estava no mesmo lugar pesquisando. Me sinto um pouco mal por ele, mas estou bêbada demais para falar algo, Dean me auxilia a dar passos firmes e quando entra fala:
  -Cara ela bebeu todas.- Ele disse sorrindo
  -Tô vendo, quantas?- Sam perguntou surpreso com meu estado.
  -Apostamos primeiro, depois ela arranjou outros amigos e também apostou com eles. Por fim, ela virou uma garrafa inteira, sem contar com as cervejas do começo.- O loiro tentou contar.
  -Eu ganhei!- Digo gargalhando, por algum motivo não consigo parar de rir. A cara dos meninos é engraçada.
  -Foi tão ruim assim?- O moreno perguntou.
  -Cara, foi demais! Teve até karaokê.- O mais velho sorri.
  -Sammy, o Dean me contou que você tem medo de palhaços! Que fofura.- Vou em sua direção e aperto suas bochechas, dando um beijo em cada uma. -Eu preciso de um banho! Onde é o banheiro desse lugar?- Pergunto meio zonza, Dean me pega e me leva até o local.
  -Tudo bem daqui em diante?- Ele pergunta pra mim.
  -Tudo.- Eu digo e ele vai fechando a porta. -Ei! Dean! Espera!
  -Diga rainha do bar.- Ele sorri ao dizer isso, eu também dou risada.
  -Me ajuda a tirar esses trecos no meu pé? Eles são uns demônios!- Eu me sento no vaso enquanto ele tira minha bota.- Ei, sabia que você até que é bonitinho?- Digo passando a mão em seu rosto, o loiro dá um sorriso bobo e fica me encarando. Ele tira os meus sapatos e se levanta, logo após me ajuda a fazer o mesmo.- Sabe… Amanhã eu não vou me lembrar de nadinha, então vou fazer algo que a Liz sóbria nunca faria!- Eu digo rindo e então o beijo, ele devolve o gesto, o que é muito bom, até eu querer vomitar.
  Ele segura meus cabelos e quando vê que realmente estou bem, saí do banheiro, ele volta quando escuta o barulho da bota que eu jogo na porta e pergunta.
  -Tá tudo bem?
  -Eu nunca mais vou usar essas botas! E também nunca pensei que a viúva que esfaqueou o marido ia beijar o garanhão caçador.- Digo gargalhando.- Eu tô ótima Dean!
  Tomo o banho e me recupero um pouco, coloco a minha roupa de dormir e vejo os meninos deitados. Chego até a orelha de Dean e falo:
  -Eu nunca me diverti tanto quanto hoje… Obrigada por tudo e, não me deixe esquecer sobre hoje.- Dou um beijo em sua bochecha e vou até a minha cama.
  Achei que tinha chegado na minha cama, mas como estava escuro não tive total certeza, até dar de cara com o chão. Começo a rir e os meninos me colocam na cama.
  -Obrigada por tudo, vocês até que são legais.- Digo sorrindo e apago, dentre todas as coisas na vida, só tenho duas certezas:
1- amanhã não vou lembrar de nada.
2- um dia vou morrer.

  Acordo e a primeira coisa que escuto é:
  -Olha quem resolveu acordar, bela adormecida.- Dean fala.
  -Por que você está gritando?- Coloco minhas mãos nas têmporas e as massageio. -Minha cabeça dói.
  -Toma isso Li, vai fazer você melhorar.- Sam diz me entregando um remédio, mas com cara de desapontado.
  -O que houve? Sam, você já achou como acabar a fantasma doida?- Pergunto me levantando da cama.- Como eu cheguei aqui?
  -Nós já acabamos.- Os dois dizem em uníssono.
  -Engraçadinhos, vamos logo.- Olho para eles e percebo que estavam falando sério e fico em choque. -Meu Deus, quanto tempo eu dormi?
  -Você literalmente apagou.- O moreno diz rindo.
  -Lembra de algo sobre ontem?- O loiro me pergunta.
  -Sei que estávamos no bar conversando.- começo a rir quando lembro das coisas.- Sam tem medo de palhaços, que gracinha.- Falo sorrindo e ele fica sem graça.- Depois nada. O que houve?
  -Não lembra do karaokê?- O mais velho fala arqueando as sobrancelhas me fazendo rir, até perceber que talvez isso tenha acontecido mesmo.
  -Pera, teve karaokê?- Pergunto preocupada. -Como me deixou fazer uma coisa dessas Dean?!
  -Se eu não deixasse você me matava. Mas tenho que admitir, você arrasou, até dançou.- Ele fala essa atrocidade sorrindo.
  -EU FIZ O QUE?- Me nego a acreditar que realmente fiz tudo isso, mas se eu bebi demais como ontem, eu posso ter feito milhares de coisas, mas sei que foi uma noite boa. Estou envergonhada, mas me sinto feliz em ter feito algo assim. Acho que nunca me diverti tanto.
  Os meninos terminam de pegar as coisas e então vamos colocar tudo no Impala. Quando sai do motel, várias pessoas me cumprimentaram como se nos conhecêssemos há anos, lembrei de algumas coisas até, inclusive, me senti famosa.
  Sam estava encostado no carro e Dean pegava nossas coisas para sairmos daqui, me junto a ele e percebo sua expressão, ele parece triste.
  -Sam… Aconteceu algo?- Suspiro ao preparar minha próxima fala.- Sei que posso não ser a melhor pessoa do mundo para conversar, mas se você precisar, eu estou aqui. Dean também está… mas, sabe, se quiser uma opinião feminina.- Digo colocando a mão em seu ombro para o consolar. Ele continua olhando para o chão, então resolvo sair e ajudar o irmão mais velho.
  -Li…- O moreno começa a falar, me fazendo voltar e me encostar novamente no Impala. -Eu… quero falar com você sobre isso, mas agora não é o momento certo, eu acho. Tudo bem pra você?
  -Claro que sim Sammy, tá tudo bem.- Falo indo me juntar a Dean.

THE WINCHESTERS AND MEOnde histórias criam vida. Descubra agora