14: Mudança

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-Não, não me diga isso, por favor.- Falei olhando para Sam tentando segurar as lágrimas.

Horas antes:

-Pronta para sair daqui?- Sammy entrou na sala do hospital com algumas flores em sua mão e me entregou. Eu só consigo o admirar, sempre que eu o olho me apaixono cada vez mais e isso é simplesmente mágico.
-Finalmente! Pensei que não viria me resgatar.- Disse brincando.
-Mas eu vim, e sempre virei.- Ele me respondeu sorridente, mas pude sentir o peso de suas palavras quando ele as selou com um beijo.
-Você e o Dean estão bem?- Perguntei mudando de assunto e mostrando preocupação em relação ao jeito que eles se trataram antes.
-Vai ficar tudo bem.- Ele tenta me tranquilizar.
-Vejo que a paciente já está agitada em ir pra casa.- A médica chega com um sorriso simpático. -Atrapalho?- Ela perguntou e eu balancei a cabeça negativamente, dando sinal para que ela prossiga. -Você poderia preencher uns formulários antes de irem?- Ela pergunta olhando para o moreno.
-Claro!- Ele diz indo de encontro a mulher me dando um beijo na testa. Espero pacientemente até que ele retorne para voltarmos para casa.
Sam me auxilia entrar no Impala e entra em seguida, eu acaricio o carro, pensando no tempo em que já estivemos juntos e franzo a testa um pouco quando penso que Dean está de volta.

-Ele achou melhor não vir.- Sam falou enquanto dirigia, não sei como, mas esse homem parece ler meus pensamentos agora.
-Acho que acabei sendo um pouco rude.- Admiti.
-Liz, você tem o direito de querer respostas.- Ele me disse em um tom calmo e eu fico quieta, pensando sobre o que o loiro me disse. -No que está pensando?- Ele perguntou um tempo depois.
-Vocês fizeram uma promessa com John?- Perguntei curiosa e ele engoliu seco.
-Dean fez.- Respondeu com um pouco de remorso em sua fala. -Eu nunca achei que foi a coisa certa, mas foi o melhor a se fazer.
-Obrigada por não ter cumprido sua parte, então.- Disse pensando alto e mexendo em seus cabelos, colocando-os atrás de sua orelha.
-Por que diz isso?- Ele sorriu involuntariamente.
-Porque depois que você não cumpriu sua parte, minha vida melhorou, e agora nós temos um ao outro.- Simplesmente respondi feliz com isso.
-Eu te amo.- Sam me diz e eu me sinto segura, feliz, completa.

Chegamos em casa e vejo que tudo está diferente, o moreno está com minha bolsa das coisas que estavam no hospital me ajudando a andar e o loiro estava esperando por seu irmão na sala, junto de muitos, muitos, celulares.
-Você tem noção de quanta coisa perdemos por você decidir viver isso?- Ele se levanta do sofá com raiva apontando para os aparelhos e falando com o mais novo. Eu tomo a frente de Sam e tento acalmar a situação, pois percebo que o moreno não está muito... paciente.
-Ei, ei, ei. Oi pra você também Dean.- Falei tentando fazer com que ele notasse minha presença.
-Precisamos ir.- Dean fala rapidamente e de maneira seca para Sammy.
-Não!- Falei alto e assustei um pouco os dois rapazes. -Vocês não podem sair, vocês não podem me deixar aqui, não de novo.
-Você precisa entender o que é melhor pra você, Liz.- O mais velho interrompe.
-Você não sabe nada sobre isso!- Grito e o moreno coloca a mão delicadamente sobre o meu braço, na tentativa de alertar minha mudança de tom.
-Acho melhor você descansar um pouco...- Sam fala em meu ouvido e eu balanço a cabeça afirmando, meus olhos começam a querer que as lágrimas escorram, mas faço o que posso para evitá-las, só quero deixar elas rolarem livremente quando estiver sozinha.
Samuel me pega no colo e me leva até o quarto com cuidado, ele me deita na cama e me deixa de uma maneira confortável.
-Eu vou resolver tudo isso.- Ele me disse com uma expressão tranquilizadora, mas sei que ele está preocupado. Ele saiu do quarto fechando a porta e só escutei os gritos de sua discussão com o loiro. As minhas lágrimas escorrem e eu me sinto uma criança.
Consegui ouvir alguns trechos da conversa, mas não prestava atenção no que de fato estava acontecendo na sala de minha casa, e sim sobre as coisas que já aconteceram lá. Minhas memórias construídas durante esse ano maravilhoso que tive ao lado de alguém que realmente tenho sentimentos, o tempo em que passamos juntos, nossas conversas, nossa conexão... Eu sei que tudo isso pode acabar daqui alguns minutos, eu não quero ter que passar por tudo aquilo de não ter a presença dele em minha vida, de novo.
Não posso deixar que isso aconteça, mas acho que é algo que não consigo evitar. Sinto que prendo minha respiração ao ter esses pensamentos, simplesmente porque são tão dolorosos que ficar sem ar por um tempo faz com que eu esqueça momentaneamente o que estou imaginando que irá acontecer.
Os pensamentos negativos dominam minha cabeça, me sinto culpada por não ter feito mais coisas com Sam enquanto éramos só nós, poderíamos ter ido ao cinema na semana passada juntos assistir o filme que ele tinha sugerido ou melhor, podíamos ter ido ao restaurante que abriu recentemente e ficamos de fazer uma reserva. Tantas coisas... Agora todas elas parecem tão importantes, por que enquanto tinha isso não dei importância o suficiente? Será que não aproveitei esse tempo em que ficamos juntos da maneira certa? Será que ele pensa nisso também agora que Dean voltou? Por que isso tem que acontecer?
Me faço um milhão de perguntas e nem percebi que ele estava encostado na porta, me fitando de uma forma preocupada e gentil.
-Não, não me diga isso, por favor.- Falei olhando para Sam tentando segurar as lágrimas.
-Liz... Nós precisamos fazer umas coisas e...- Ele começa a dizer, mas eu já sei, eu entendo, mas não é justo.
- Eu sei Sammy, eu sei.- Disse me levantando com dificuldade da cama. Ele vem ao meu encontro e eu o abraço.
O abraço me conforta, é quente e faz com que eu sinta que posso passar todo o tempo do mundo em seus braços, mas ambos sabemos que a realidade é outra.
- Eu prometo que em pouco tempo estou de volta, ok? - Ele diz me incentivando a responder.
Eu o abracei novamente e desabei por um tempo, ele me acolheu e eu respondi sua promessa balançando a cabeça positivamente.
Eu tento me sentar novamente na cama com auxílio do moreno.
- Você acha que pode se cuidar? - Ele perguntou preocupado.
Eu sempre posso. - Respondi com um sorriso fraco.
E eu simplesmente o deixei ir, confiando em sua palavra de que estaria de volta em pouco tempo.

THE WINCHESTERS AND MEOnde histórias criam vida. Descubra agora