10: Despedidas

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Liz’s pov:

  -Precisamos conversar, Liz. Agora.- Dean diz para mim dentro de mais um quarto de hotel qualquer que estamos. Ele dispensa Sam com o olhar.
  -Eu… Vou voltar daqui há algumas horas, vou fazer umas pesquisas sobre o caso.- Ele disse já saindo, nos deixando a sós.
  -Dean, tudo bem?- Perguntei sem entender.
  -Liz… Tenho uma coisa séria para te falar.
  -Tudo bem, estou esperando.- Falei um pouco brincalhona.
  -É minha obrigação te proteger e…- Ele começa a falar, mas eu o impeço de fazer isso.
  -Dean… Não. Você sabe que não tem a obrigação de fazer isso por mim. Não se cobra por isso.- Falei me aproximando dele.
  -Mas…- Eu o beijo e olho em seus olhos por um bom tempo.
  Até que simplesmente não conseguimos nos conter, ficamos juntos e foi… simplesmente incrível. Estou deitada em cima dele agora olhando todos os seus traços.
  -Obrigada.- Falei e ele me olhou um pouco confuso.
  -Pelo o que?- Ele perguntou.
  -Por me fazer feliz.- Digo encostando minha cabeça em seu peito, enquanto ele faz carinho em minha cabeça e em seguida a beija.
  -Preciso te falar.- Ele começa a dizer tristonho, o que me preocupa. Levanto a cabeça imediatamente e acaricio o seu rosto.
  -Dean… o que houve?- Perguntei deixando minha preocupação transparecer.
  -Meu pai e eu conversamos e… não é uma boa ideia ficarmos juntos com tudo o que está acontecendo.- Ele me disse, o que me deixou um pouco em choque, pois minutos atrás ele não estava seguindo o acordo que fez com o homem.
  -Se for melhor assim, tudo bem. Eu entendo o quão importante é acabar com esse demônio e encerrar essa história.- Falei fingindo que nada do que ele me disse me impactou.
  -Não é isso Liz, eu não falo de nós. Quer dizer, isso também vai acontecer, mas eu digo que não podemos mais fazer isso, a caça, juntos.- Ele diz e eu me levanto.
  -Dean, não importa o que seu pai disse pra você. Nós precisamos ficar unidos, independente do que aconteça.- Disse um pouco alterada.
  -Você não entende, Liz. Sam e eu te colocamos em um mundo perigoso.
  -Eu não ligo. Nós estamos juntos há quase um ano inteiro, por que acabar com isso agora?
  -Você merece mais do que isso.
  -Será que você percebe o que está tentando me falar? Dean, nós acabamos de fazer sexo. Quando você fala isso, você quer me dizer que eu mereço o que? Eu tô bem, eu tô feliz. Você não deve se preocupar comigo.
  -Você merece ter uma vida. Um cara que não quase morre a toda caçada, aliás, um cara que não sabe nem o que é caçar. Você merece ser feliz.
  -Como você consegue falar tantas besteiras?- Perguntei com algumas lágrimas nos olhos. -Dean, eu não vou a lugar nenhum.
  -Li, me escuta. Eu arranjei um lugar para você morar, uma cidade legal. Não há monstros e nem demônios por lá.- Ele me responde Insistindo na ideia.
  -Mas não vai ter você. E é uma questão de tempo até algo surgir por lá.
  -É só me fazer uma ligação e eu estarei lá. Eu vou telefonar todos os dias se for preciso. Eu vou fazer questão de matar tudo o que tiver de ruim lá só para ver você bem e em segurança.
  -Por que está fazendo isso comigo, Dean?
  -Me desculpa Li, eu não queria que fosse assim.
  -Eu não vou sair da vida de vocês tão fácil. -Disse um pouco chateada.
  -Li, eu te prometo fazer tudo o que eu te disse.- Ele pegou meu queixo delicadamente, me fazendo olhar para ele.
  -Não faça promessas que você não pode cumprir.- Disse chorando, noto algumas lágrimas no rosto dele também, e então eu o abraço. -Por que eu nunca posso ter o que me deixa bem?
  -Por que eu não mereço você, mesmo que eu queira muito.
  -Vai ser questão de tempo até me esquecer, não é?- Perguntei com um medo na voz.
  -Acho que não conseguiria fazer isso nem se eu quisesse.- Ele me diz de maneira meiga, colocando o meu cabelo que estava no rosto atrás da minha orelha. -Não quero ver você triste. Não suporto isso.
  -Você quer que eu fique feliz com isso?
  -É uma nova oportunidade de viver.
  -Pra mim não vai ser uma vida.
  -Li, eu não aguentaria se algo acontecesse com você.
  -Para de ser idiota, eu já salvei tanto sua pele que já perdi as contas.
  -Mas isso é diferente.
  -É por isso que devemos ficar juntos.- Eu digo enquanto ele balança a cabeça negativamente. -Ei, a gente vai conseguir fazer isso.
  -Por que tem que ser tão teimosa?- Ele me perguntou depois de ver que eu continuava insistindo.
  -Porque eu gosto de você, Dean, e não quero que as coisas terminem assim.
  -Mas não significa que as coisas entre nós terminarão.
  -E você acha que eu sou o que? Idiota?
  -Não, Li… mas é que se você soubesse da verdade você não ficaria comigo, não iria querer gostar de mim.
  -Então me fala.- Digo tentando ajudar ele a resolver o problema.
  -Se eu te contar isso, eu sei que vai ser um adeus. Antes disso, eu quero que você saiba que eu gosto de você, e gosto de ficar perto de você. E com certeza gostei muito do que aconteceu agora.- Ele diz, é inevitável que minhas bochechas não fiquem vermelhas, estou curiosa para descobrir o que é, e tenho certeza de que é um exagero.
  -Se for uma despedida, eu quero que ela seja boa.- Falo dando um beijo desesperado nele, como se fosse o último, e sinto que ele também interpreta assim. Ele me puxa para mais perto e ficamos juntos outra vez. Mas agora com urgência e necessidade de nossos corpos o mais próximos possíveis um do outro.
  -Li… Eu não quero te magoar, mas sei que quando eu te disser isso vai ser inevitável.- Que medo, mas estou pronta para saber.
  -Pode me contar.- Falei parando de acariciar seu peitoral e olhando em seus olhos.
  -John… O seu ex marido.- Ele fala tentando explicar quem é, como se eu não conhecesse quem ele está citando, o que na verdade não é uma mentira, encorajo ele a terminar. -Ele está vivo.
  Vários pensamentos me vem à cabeça, penso em tudo o que aconteceu e me sento na cama.
  -Como…?- Perguntei tentando entender.
  -Na noite em que tudo aconteceu, nós o exorcizamos, e ele ainda tinha vida, mas pediu para contar a você que ele estava morto.- Ele explica.
  -Por que? Por que não me disse isso desde o começo? Por que me deixou acreditar que tudo isso tinha acabado?- Encosto minha cabeça na cabeceira da cama e penso em tudo, na ligação, naquele dia, no ano todo.
  -Li, me desculpa, Sam e eu… nós achamos que era a coisa certa a se fazer.
  -É Dean, vocês sempre acham. Você não queria me fazer ir embora? Parabéns, você conseguiu depois de me falar isso.- Falei me levantando e colocando minha roupa, ele se levanta também e vai até mim.
  -Liz, me escuta…- Ele começou.
  -Qual é o meu novo endereço?- Perguntei olhando para ele com algumas lágrimas no rosto. Meu Deus, que tipo de ser humano não consegue contar uma coisa tão importante quanto essa pra uma pessoa que conviveu com eles durante quase um ano?
  -Olha, eu não queria que as coisas terminassem assim.- Ele falou.
  -Eu também não, mas acho que é tudo complicado entre nós.- Conclui pegando minhas coisas.
  -Eu te levo.- O loiro me disse quando eu ia saindo sem lugar ou direção nenhuma. Espero ele se arrumar e partimos para o Impala.
  -Fala para o Sam que eu mandei lembranças.- Digo enquanto Dean dirige para a minha nova “casa”, ele mexe em algum lugar e pega um aparelho, dando ele para mim.
  -Toma, comprei pra você. Sei que o seu quebrou na estrada e então resolvi comprar para você, mas com tudo o que aconteceu, acabei adiando a entrega.- Ele fica em silêncio por um tempo, me oferecendo o celular.- Coloquei nossos números aí também, caso precise de ajuda, estou na discagem rápida também.
  Pego o aparelho e fico olhando para ele, pensando que talvez aquilo seja o melhor para nós.
  -Obrigada Dean.- Continuo olhando para o objeto e falo. -Você vai mesmo me ligar?
  -Todos os dias.- Ele me olha de um jeito carinhoso e fala com palavras doces. Não sei se consigo acreditar nisso, mas preciso.
  -O que vai acontecer comigo?- Pergunto a mim mesma em voz alta.
  -Sua vida vai ser maravilhosa, nada de demônios ou outras coisas por perto, você pode até achar alguém legal, um emprego… Se bem que agora você tem um novo nome e um cartão que dizem que você nunca precisará trabalhar.- Ele diz isso e eu sorrio.
  -Meu Deus, eu deveria te prender.- Falei lembrando como era ser uma policial.
  -Deveria mesmo.- Ele sorriu.
  -Dean, será que isso vai funcionar?- Perguntei a ele.
  -Podemos fazer com que dê certo.- Ele me diz.
  -Estamos mentindo para nós mesmos, né?- Falei sendo realista.
  -Provavelmente, mas não minto quando falo que você vai ser o meu primeiro pensamento ao acordar e o último ao dormir.- Uau. Estou impressionada.
  -Sabe, achava que você é do tipo que nunca falaria isso para uma garota.
  -Acho que você me mudou.- Ele sorri enquanto diz. -Chegamos.
  Desço do carro e paro, fico um tempo em pé, admirando a casa.
  -É linda.- Falei enquanto olhava para ele, que tirava minha mochila do carro.
  -É toda sua.- Ele disse me dando as chaves e indo em direção ao Impala sem olhar para trás.
  -Dean.- Eu o chamo. -Não vá.- Eu falei, mas sei que isso não é possível, o que me deixa triste.
  Ele me encara e em seguida corre até mim me pegando nos braços, eu sorrio com seu gesto e coloco minhas mãos em volta do seu pescoço. Ele me beija com tristeza e paixão, sem pressa.
  -Eu tenho que ir, Li.- Ele me informa.
  -Eu não quero que isso seja um adeus.- Falei um pouco chorosa.
  -Eu também não.- Ele tira sua jaqueta de sempre de couro e coloca sobre meus ombros. -Fique com isso, para lembrar de mim. Te vejo por aí, Sarah Carson.- Ele fala me dando mais um beijo e saindo. Eu sei que não posso chamá-lo de novo, nossas despedidas seriam infinitas, então… eu só aceito.
  Espero ele sair e então a ficha caí, estou sozinha. Entro dentro da casa que já está mobiliada e olho todos os cômodos, imaginando como seria se os meninos também estivessem aqui, comigo.

Pov's off:

  Meses se passaram, e depois de um tempo, Dean parou de entrar em contato. Sam telefonava às vezes, mas a morena ainda se sentia muito sozinha. Às vezes ela saia para algumas caçadas, mas não era a mesma coisa. Os primeiros dias foram difíceis, ela parou de negar tudo o que aconteceu em sua vida e sua bagagem de culpa por coisas que não fez; ela só queria ficar com os meninos, para que eles pudessem fazer a dor parar, mas ninguém estava por perto. Por muito tempo não quis fazer nada, nem comer, nem beber, mas então, ela se deu conta de que teria que viver, mesmo não tendo as únicas pessoas que sobraram e que ela se importava em sua vida.

THE WINCHESTERS AND MEOnde histórias criam vida. Descubra agora