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[...]
Atualmente

Entre os prados e as árvores opulentas da estrada, o som do vento e o rangido dos pneus se formava uma nova etapa na vida de Lena.

Um dia antes de viajar, foi até ao quarto do avô onde se viu os últimos momentos de vida dele. A cama ainda estava desorganizada, o copo de água ainda cheio e a janela ainda estava aberta, entregando uma brisa suave do inverno que cercava aquela região.

Andou até a mesa de carteado de seu avô e lá, encontrou o segundo item da lista que ele havia deixado. Com uma caneta, riscou com custo no papel e abraçou a caixa de madeira.

"Abra quando tiver em Stone Heart"

Era tudo o que dizia.

Por fim, arrumou suas malas, empilhou seus livros e assinou sua carta de demissão de uma clínica veterinária do centro.

Seus pais não disseram nada quando ela partiu, apenas que ele tinha que fazer o que ela achava certo. E o certo para Lena era partir em busca de respostas, de cuidar daquilo que foi a vida de seu avô, pelo menos durante a juventude dela.

Quando o som do rádio mudou para os comerciais, Brainy bocejou.

— Estamos chegando?

— Quase — Lena ajustou os óculos que usava para atividades mais recorrentes, como dirigir — Está com fome?

— Morrendo. Odeio comida de avião e no aeroporto tudo é caro e horrível — Ele fez uma careta — Espero que a comida sudeste americana seja gostosa.

— A culinária estadunidense não é lá essas coisas — Lena lembrou das gorduras, sódio e outras coisas — Mas a Eliza sabe cozinhar um Gumbo* e uma torta de pêssego maravilhosa. Pelo menos quando eu era criança, me lembro bem dela na cozinha.

Ela esboçou um sorriso. Brainy a encarou.

— Você parece nostálgica.

— É apenas a saudade de tempos que não vão voltar. Pelo menos, pra mim.

— Não seja pessimista. Ás vezes, viagens como essa podem nos surpreender.

— Tenho uma lista de coisas. O que irá me surpreender é se eu conseguir cumpri-la.

— Não duvide do destino, Lena.

Ela deu de ombros e voltou sua atenção para a estrada, quando enxergou o velho portão da fazenda.

— Chegamos.

A fazenda não havia mudado muito, com seus campos abertos. Os estábulos e os relinchos dos cavalos, o doce som da natureza, o ressoar das árvores e o cheiro de fumaça, feno e terra. Enquanto trilhava o caminho até a casa principal, Lena observou os cavalos correndo em seus pastos, as vacas bem cuidadas e tratadas e também a visão de alguns peões trabalhando incansavelmente ao longe do horizonte.

Brainy assobiou.

— Eu achei que fosse uma fazendinha a la coisa de criança, Luthor.

— Stone Heart é um dos Aras mais famosos desse lado de cá.

— Porque eu nunca soube disso?

— Por que você nunca perguntou.

— Eu sempre perguntei de Stone Heart pra vocês e só falavam que era um negócio paralelo da família.

— Meu avô não gostava muito daqui. Mandava sempre um secretário para ver como tudo estava, até que eu o demiti semana retrasada.

— Cruel.

STONE HEART • supercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora