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Atualmente

Ao amanhecer, Kara se espreguiçou na cama. Sentindo cada músculo das suas costas doerem, as costelas ainda reclamarem pela pancada acidental da escalada da janela, e sua cabeça zunindo por falta de remédio, ela bocejou e encarou a visão da janela aberta, com o sol brilhando entre as nuvens, prenunciando uma manhã nublada. Era começo de setembro, então já era previsto algumas chuvas em breve.

Ela se lembrou um pouco da noite anterior: Ela e Lena cantaram músicas, e Kara arriscou a mostrar alguma de suas composições. Lena dormiu, abraçando seu travesseiro e olhando com seus olhos castanhos claros para a Danvers, que corava a cada trecho da música. Quando Kara cantou o trecho "Meu sol era você/Até que você se foi e me deixou em uma chuva sem fim/E agora que voltou, me sinto completo novamente", Lena sorriu para ela e acabou adormecendo. Nisso, a loira tirou suas botinas e encostou seu violão, abraçando o corpo de Lena perto do dela e também dormindo em uma noite de sonhos felizes.

Ela não se sentia bem assim há tempos.

Desde que decidiu morar com a avó em Stone Heart, depois de passar uma curta temporada morando com os pais em uma cidade da Inglaterra, onde o caos foi certeiro para a sua vida e para sua decisão de voltar a Stone Heart o mais rápido possível.

Tinha 16 anos. Era só uma temporada para estudar um pouco e conseguir uma profissionalização rápida e voltar para os Estados Unidos e ser uma agrônoma. Mas Kara não trazia caras para a sua vida, causando desconfianças de sua mãe. Enquanto garotas tinham namorados e noivos, Kara tinha seu violão e lembranças de uma garota que cresceu com ela em Stone Heart durante todos os verões.

Uma briga foi o suficiente para Kara partir de volta, deixando o curso pela metade. Saiu com garotos, mas também se sentia confuso em relação a mulheres. Preferiu se isolar, preferindo o sexo rápido da cidade com garotos passageiros e a companhia de sua avó e prima, e de um violão que ganhara de Eliza.

Nenhum problema afinal, desde que não escutasse as declarações caóticas e dolorosas de seu pai sobre as suspeitas de sua sexualidade.

Na verdade, não se dava bem com seus pais desde jovem. Por isso, preferiu a companhia da avó em Stone Heart do que o barulho da cidade em Smallville.

E era feliz entre os campos com cavalos e o sabor da liberdade do que a opressão do cimento e concreto da cidade.

Pois em Stone Heart tinha Lena. E isso já era suficiente.

Quando Kara desceu as escadas, encontrou Alex sentada na mesa, dividindo um café com a avó.

— Onde está todos? — Ela pegou uma caneca com café e biscoitinhos na travessa.

— Lena levou todos para o lado da fazenda do terreno. Andrea está lá também, falaram algo sobre sustentabilidade e consumo consciente e o que elas vão plantar.

— E também de uma feira agropecuária em CentralCity. Mal posso esperar para fazer os biscoitinhos de nata e os potes de mel saborizado. Lembra, Kara?

— Mel com gengibre e limão no chá — Kara fez uma careta — Não gostava não.

Alex riu.

— Aliás, o que você estava fazendo no andar de cima? Você dormiu aqui?

Kara ficou rapidamente muda.

— Hm... Eu entrei aqui mais cedo.

— O diabo é o pai da mentira, Kara — Eliza mordeu um pãozinho — Sabe disso.

— Não tenho mais sete anos pra você me assustar — Ela deu de ombros — Aliás, você nem acredita na bíblia, vó.

— Ela tem um bom ponto — Alex respondeu — Mas eu sei que você estava aqui. Dormiu com a Lena.

STONE HEART • supercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora