─ ❾ ─

476 70 2
                                    

𝑷𝒆𝒓𝒔𝒆𝒈𝒖𝒊çã𝒐


𝒩𝒶𝓇𝓇𝒶𝒹ℴ𝓇𝒶

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

𝒩𝒶𝓇𝓇𝒶𝒹ℴ𝓇𝒶

    Se observar bem, pode se dizer que todo mundo passa a vida buscando ou lutando por algo. Um emprego bem sucedido, condições melhores, amor... Pessoas buscam aquilo que acham essencial, que acreditam que não podem viver sem. É o que dá sentido a suas vidas medíocres, a pequena esperança de que algum dia se consiga aquilo que tanto deseja.

Alora Blake nunca teve muita certeza do que buscava, do que queria. Em tese ela nunca poderia ter uma vida comum, não quando sendo ainda um bebê curou uma pobre humana de uma doença fatal e sem cura.

Era difícil se adaptar em qualquer lugar que fosse. Não importa quantas vezes se mudasse, antes mesmo do jardim de infância. Não importa quantas pessoas conhecesse. Ela nunca havia conhecido alguém que tivesse coragem o suficiente para ficar. Porquê sim, ficar e fazer parte da vida de alguém era um ato de coragem. Conhecer os defeitos e ainda assim querer estar, conhecer a fragilidade, as emoções e a teimosia. Era preciso ser corajoso para conhecer alguém.

Ela sentiu o peso de ser diferente quando até mesmo no lugar onde deveria se encaixar, ela fora deixada de lado. Era importante frisar o fato dela ter chegado ainda muito nova ao acampamento. Com apenas cinco anos ela presenciou diversas perseguições e a trágica morte de sua mãe.

Tinha borrões de memória do dia em questão. Muito se perdeu com o tempo, uma forma de seu subconsciente poupar-la da dor daquele momento. Mas ela ainda se lembrava de ter esperado em baixo da chuva, abraçada ao corpo sem vida de sua mãe, apenas com a esperança de que seu pai apareceria no último minuto e a ajudaria.
  Ele nunca apareceu, e nunca ajudou. Nem naquele momento, nem antes dele, e nem depois que acordou no acampamento, sem fazer ideia de como havia ido parar ali. Também não fez muito por ela depois de determinar-la e assumir quem era.

Ser reclamada apenas aumentou a ira de Alora. Antes, mesmo sendo nova, havia outras crianças com quem se identificar, largadas no chalé de Hermes. Mas depois de Zeus assumir a paternidade, sua vida se tornou ainda mais infeliz. Isso porquê agora todos a encaravam como se ela fosse esquisita. Era o fruto da falta de palavra de seu pai. Um pai que nunca se importou com ela.

Também não fez muito por ela nos anos seguintes, não a ajudou em nada, o que só a fez alimentar o sentimento de que estava sozinha. Acabou se acostumando com isso.
   Acordava cedo e treinava antes que as outras crianças levantassem. Depois seguia para o café e se sentava sozinha na mesa número um. Passava as manhãs treinando grego com Quirion, e as tardes estudando em seu chalé.

𝓟𝓮𝓪𝓬𝓮  - Clarisse La RueOnde histórias criam vida. Descubra agora