10. the crazy emperor

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A área onde eles estavam nos jardins estava silencioso, exceto pelo som suave das xícaras de porcelana sendo postas sobre o pires. O aroma doce e reconfortante do chá se espalhava no ar, mas para Alma, o ambiente não era nada acolhedor. Ela se sentia como um peixe fora d'água, cercada por talheres elegantes e uma mesa que parecia mais um campo de batalha do que um lugar para um simples chá.

Seus dedos se entrelaçaram no colo, e ela tentou se manter tranquila, mas sua ansiedade transparecia em cada movimento, desde o jeito como mexia nas mãos até o olhar inquieto que percorria o ambiente.

O Imperador estava à sua frente, sentado com uma postura impecável. Seus olhos claros estavam fixos nela de maneira quase predatória, e Alma sentiu o peso do olhar dele como um peso invisível sobre seus ombros. Ele parecia ter todo o tempo do mundo, observando-a sem pressa, como se estivesse analisando cada gesto seu, cada suspiro. E, sem surpresa, isso só a fazia ficar mais nervosa.

"Eu espero que o chá esteja do seu gosto." Ele falou, a voz baixa e profunda, sem demonstrar nenhum tipo de emoção, como sempre. Mas ela podia sentir a tensão em suas palavras, como se houvesse algo mais por trás delas.

Ela tentou sorrir, mas o gesto parecia mais uma careta nervosa do que um sorriso genuíno. "Sim, é... delicioso, Majestade," ela respondeu, sua voz mais aguda do que o normal.

E antes que ela pudesse se corrigir, ele já estava a observando de novo, como se cada palavra que ela falasse fosse de seu interesse.

"Quer dizer, estou... muito agradecida pela oportunidade de estar aqui."

Claude não disse nada. Apenas a observava com os olhos semicerrados, como se estivesse estudando cada movimento dela. Alma sentiu a pressão aumentar. A cada segundo que passava, ela se sentia mais desconfortável, quase como se sua pele estivesse se esticando de tanto desconforto.

Ela deu um gole no chá, tentando se acalmar. Mas a sensação de ser observada de forma tão intensa fazia seu coração bater mais rápido, e ela mal conseguia engolir sem que fosse evidente o nervosismo em sua garganta. Ela sentia as mãos suadas, mas não queria demonstrar fraqueza, então optou por focar no chá e não nas mãos trêmulas.

"Você dançou muito bem no banquete imperial." A voz de Claude cortou o silêncio de forma abrupta, e Alma estremeceu, erguendo os olhos rapidamente, apenas para se deparar com o olhar fixo dele.

"Ah, sim, Majestade... Eu... Eu tento fazer o meu melhor." Ela forçou um sorriso, embora estivesse bem ciente de que estava falhando miseravelmente em manter a compostura.

"Eu gostaria de ver novamente." A ordem foi simples, direta, sem nenhuma emoção. Ele estava a observando como um predador observa sua presa, esperando por uma reação.

O tom de sua voz não deixava espaço para recusa, mas Alma não sabia se estava mais irritada com ele ou com si mesma por estar se sentindo tão vulnerável.

Ela engoliu em seco, sua garganta ainda mais apertada com a ideia de dançar para ele novamente.

Por que diabos?

"Agora?" Ela quase deu uma risadinha nervosa, como se ele estivesse brincando. Mas sabia que ele não estava. O olhar dele dizia tudo. Ele não estava pedindo. Estava ordenando.

"Sim." Ele se inclinou para frente, as mãos repousando sobre a mesa com um leve estalo dos dedos. "Eu espero que sua dança seja tão boa quanto a do banquete imperial, ou ficarei muito desapontado."

Alma sentiu o estômago revirar. Ela não queria ser uma marionete, mas sentia a pressão dele sobre ela, como se fosse impossível escapar. E, pior, ele parecia estar se divertindo com sua angústia, com sua relutância, até mesmo a ameaçando sutilmente.

A forma como ele a observava, sem pressa, sem nenhum sinal de compaixão, a deixava ainda mais incomodada.

Ela se levantou lentamente, tentando não mostrar que suas pernas estavam tremendo. O que diabos ela estava fazendo? Dançar para o Imperador? Ele provavelmente só queria vê-la se contorcer mais uma vez, não porque achava que ela era boa, mas porque ele gostava de ter o controle.

Cara... Você é um doido.

Se mantenha longe de mim!

Alma começou a dançar, seus movimentos um pouco hesitantes no início, até que o desejo de não parecer completamente patética tomou conta dela. Ela forçou uma expressão serena enquanto começava a se mover, mas seus quadris tremiam sob a pressão de ser observada por ele. Seus passos eram mais pesados, quase como se estivesse dançando sobre vidro, tentando não quebrar a fachada, a ansiedade corria por suas veias como fogo.

Ele, por outro lado, não desvia o olhar. Seus olhos permanecem fixos nela, como se estivesse absorvendo cada movimento, cada gesto nervoso dela. Ele parecia... satisfeito?

Alma não sabia se deveria odiá-lo mais por aquilo ou se deveria simplesmente se resignar.

Ela tentava seguir o ritmo, mas sentia como se sua própria pele estivesse apertando, como se a tensão estivesse tomando conta de seu corpo. Era claro que ele gostava de vê-la assim, desconfortável, lutando para manter as aparências.

Filho da puta.

Quando ela terminou, ela fez uma reverência, mas sua cabeça estava fervendo de frustração. Ele a observava com um pequeno sorriso nos lábios.

Vagabundo.

"Você dançou muito bem," ele disse, sua voz mais suave agora, mas não mais amigável. "Eu quero você de volta ao meu palácio a cada dois dias nesse mesmo horário."

Alma mal teve tempo para reagir, sua mente ainda confusa com o que acabara de acontecer.

Que doideira, mano. Ela estava lidar com a sensação de estar sendo levada à força para um jogo que ela não escolhera.

Mas antes que ela pudesse se mover, ele a segurou pelo braço, com força o suficiente para fazer seu corpo se tensionar ainda mais contra o dele.

"Não me faça ter que fazer algo cruel para te manter obediente, sininho," ele sussurrou, e a maneira como disse isso fez seu estômago se revirar. Ele gostava disso. Ele gostava de vê-la assim.

Ela apenas engoliu em seco, seu rosto queimando de vergonha, mas suas palavras saíram mais afiadas do que ela pretendia.

"Sim, Majestade."

E, ao sair dos jardins, sendo escoltado para a saída do palácio por um guarda, ela não pôde deixar de sentir a pressão de seus olhos em sua nuca, como se ele estivesse se divertindo com sua resistência.

Isso, de algum modo, fazia tudo parecer muito pior.

𝐁𝐀𝐌𝐁𝐈, 𝑤𝑚𝑚𝑎𝑝Onde histórias criam vida. Descubra agora