01. dancers at the festival

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"Alma" sua mãe uma vez chamou seu nome suavemente, seus olhos azuis dóceis escondendo a tristeza por trás do seu sorriso. "Seja uma boa menina e sempre escute o papai, ok?"

A pequena Alma, de apenas quatro anos, retribuiu o sorriso da mãe com um brilhante e assentiu. Ela não imaginava que aquela seria a última vez que falaria com sua mãe, que a abraçou com força e lhe cantou uma canção de ninar.

Porque você escolheu morrer se já sabia?

"Jovem senhorita" a criada pessoal de sua mãe, Ingrid, a abraçou enquanto implorava perdão. "Se eu soubesse que estavam envenenando Lady Scarlett, eu juro que teria feito algo-!"

Nem um ano depois, era Ingrid que estava sendo enterrada. Diziam que ela tinha ficado louca com a morte de Sua Senhora e acabou cometendo suicídio.

Porque você desistiu?

E mais uma vez, a pequena Alma se viu sendo abraçada, só que por sua babá. A velha vestida de preto a deu um sorrisinho e prometeu que tudo ficaria bem, mas que Alma precisava ter esperança.

"Nunca desista, passarinho."

Cinco anos depois e com quase dez, Alma estava vendo a mulher que a criou como sua própria filha sendo enterrada. Seu pai tinha viajado e voltaria só no final do mês. Ninguém estava ali para abraçá-la.

Porque você me deixou?

E aos doze anos, Alma quase se viu sendo enterrada. Mas em vez de morrer como todos queriam, ela se tornou outra pessoa. E essa nova Alma tinha memórias da sua vida passada e não iria mais ter vergonha de si mesma, porque sabia do que era capaz.

Alma trabalhou duro. Ela não precisava do amor do pai distante, nem iria se curvar e obedecer às ordens de sua madrasta e irmãs. Ela honrou sua mãe, abraçando as origens da mesma e aprendeu a dançar e ganhou muito dinheiro com isso; dinheiro esse que ela economizou para quando finalmente fosse sair de casa. E quando chegou o dia do seu aniversário de treze anos, ela se soltou das correntes que a prendiam naquele lugar e foi embora sem olhar para trás.

Ela se disfarçou de dançarina itnerante e viajou ao redor do mundo, conhecendo novas culturas e se divertindo com os amigos que fazia. Ela era livre e independente como um pássaro, e todos costumavam chamá-la de fada selvagem. Seu apelido ficou bastante conhecido quando ela aceitou se apresentar para um pequeno público e rumores sobre sua beleza exótica e dança hipnotizante viraram rotineiros.

Esse é o meu destino.

"Vamos, fada?"

Seus olhos se desviaram para quem a chamou. Diana a encarou de volta, os olhos rosa brilhando mesmo na escuridão da noite. A jovem tinha o cabelo loiro brilhante solto em ondas suaves que iam até a cintura, usando um top rosa translúcido junto com uma calça transparente da mesma cor que fazia sua bela figura se destacar. Um sorrisinho enfeitava seu rosto corado de excitação, acentuando suas feições perfeitamente simétricas.

Alma assentiu.

"Ok. Vamos."

Ao sair da tenda, ela contemplou por um momento o quão animadas as pessoas estavam. As lâmpadas iluminavam as ruas movimentadas enquanto todos tinham sorrisos largos nos lábios e aproveitavam a noite como se não houvesse amanhã. Deveria ser possível de escutar as vozes altas e a tagarelice sem fim até do outro lado do continente.

Vestindo um top roxo com enfeites e uma longa saia de seda translúcido da mesma cor com fendas laterais que deixavam suas pernas á mostra, Alma atraiu a atenção de todos com sua beleza surreal. Seu rosto jovem era emoldurado por seu cabelo rosa claro que lembrava algodão doce e um cocar envolvia sua cabeça com um pingente de topázio azul pendurado no meio da sua testa, realçando seus olhos como o céu ensolarado. Ela usava uma gargantilha simples com correntes finas e suas pulseiras tilintavam com seus movimentos.

𝐁𝐀𝐌𝐁𝐈, 𝑤𝑚𝑚𝑎𝑝Onde histórias criam vida. Descubra agora