17. getting naked

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O dia começou mal.

Muito mal.

Alma olhava para o vestido pendurado diante dela, os olhos arregalados de puro horror. O tecido-se é que aquilo poderia ser chamado de tecido-era tão fino e translúcido que ela tinha certeza de que alguém podia ler um livro através dele.

Ele não pode estar falando sério...

Mas o bilhete que veio com o "vestido" não deixava dúvidas:

Use isso. Não se atrase.

Estava sem assinatura. Mas ela sabia muito bem quem foi que o mandou.

Ela sentia o sangue subir ao rosto. Era a milésima vez que ele fazia isso! Mas dessa vez ele se superou. Não havia decote estrategicamente ousado, nem saia curta; era simplesmente um vestido inteiro de... nada.

"Esse homem quer me matar," ela murmurou para si mesma, arrancando o bilhete das mãos e o amassando.

Mas ela sabia que recusar era impossível. Ele sempre conseguia o que queria.

Quando Alma entrou na sala do trono, a expressão de Claude foi de pura satisfação, algo que fez seu sangue ferver ainda mais. Ele estava sentado em sua cadeira habitual, uma mão descansando no queixo enquanto a olhava de cima a baixo.

"Vejo que você obedeceu, finalmente," ele comentou, a voz carregada com aquela irritante neutralidade que a fazia querer jogá-lo de um penhasco.

Ela cruzou os braços, o rosto já vermelho de raiva. "Obedecer? É sério, Majestade? Isso aqui não é uma roupa! É uma vergonha!"

Claude ergueu uma sobrancelha, fingindo inocência. "Você é uma dançarina, não é? Pensei que não tivesse problemas em... exibir-se."

"Exibir-se?!" Alma explodiu, apontando um dedo para ele. "Eu sou uma dançarina, não uma atriz de bordel, seu... seu déspota!"

Ele apenas deu de ombros, como se as palavras dela não o atingissem nem um pouco. "Não vejo muita diferença no momento."

Foi a gota d'água. Alma sentiu algo dentro de si estalar.

"Ah, é?! Pois então tome!"

Com um movimento rápido, ela agarrou a gola do vestido translúcido e começou a puxá-lo para cima, jogando-o no chão sem cerimônia. Agora nua, ela encarou Claude com um dedo apontado em desafio.

"Se queria me ver pelada, era só dizer!"

O silêncio que se seguiu era quase mortal.

Claude, pela primeira vez na vida, parecia genuinamente sem palavras. Seus olhos arregalaram-se ligeiramente, mas logo ele recuperou a compostura. No entanto, Alma percebeu o brilho traiçoeiro nos olhos dele.

"Você está agindo como uma prostituta agora," ele disse finalmente, sua voz baixa e deliberadamente lenta.

Alma sentiu o rosto queimar, não de vergonha, mas de raiva pura e simples.

"Como é que é?!" ela rosnou, parecendo um animal prestes a atacar. "Eu-"

Mas Claude levantou a mão, sinalizando para que ela parasse. E, para seu absoluto desespero, ela viu um leve sorriso brincar nos lábios dele.

"Você é irritante, sininho. Mas ao menos é... criativa."

"CRIATIVA?!" ela praticamente espumava, os punhos cerrados enquanto sua mente corria por insultos o bastante para expressar o quanto ela odiava aquele homem.

Ele não se incomodou. Pelo contrário, levantou-se e começou a caminhar em direção a ela, cada passo mais lento e calculado. Quando parou, estava tão próximo que ela podia sentir o calor de sua presença.

"Coloque outra roupa e volte," ele ordenou suavemente, inclinando-se para sussurrar no ouvido dela. "Mas saiba que eu gostei do espetáculo."

E então, ele se afastou, como se nada tivesse acontecido.

Alma colocou novamente o tal vestido para proteger o pouco que lhe restava de dignidade, e deixou a sala do trono bufando, cada passo ecoando com a fúria que borbulhava dentro dela.

"Eu vou envenenar o chá dele," ela resmungou para si mesma, enquanto uma criada nervosa corria atrás dela com outro vestido menos ousado. "Um veneno lento, mas eficiente."

No entanto, por mais que odiasse admitir... Parte dela gostava de desafiá-lo.

E outra parte sabia que ele estava se divertindo com isso.

𝐁𝐀𝐌𝐁𝐈, 𝑤𝑚𝑚𝑎𝑝Onde histórias criam vida. Descubra agora