13. tea in the gardens

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O jardim imperial parecia mais um cenário de conto de fadas do que um lugar real, com flores exóticas, fontes brilhantes e árvores perfeitamente podadas. Alma, no entanto, mal notava a beleza ao seu redor. Após sua apresentação particular para o Imperador, ela foi "convidada" – o que na prática significava obrigada – a se sentar para um chá com ele nos jardins. 

Ela caminhava como quem se dirigia ao próprio enforcamento, a saia esvoaçando ao vento enquanto seus pensamentos a atormentavam.

Por que ele me chamou aqui? O que ele quer agora?

Será que eu consigo fugir correndo antes que os guardas me peguem?

Claude estava sentado à mesa, o rosto impassível, os olhos claros fixos na xícara de chá em sua mão. Ele parecia descontraído, mas Alma sabia melhor. Aquela serenidade era só fachada. 

"Você demorou," ele disse sem sequer olhar para ela. 

"Talvez seja porque me forcei a usar esse vestido ridiculamente apertado que me enviaram," retrucou Alma, cruzando os braços. "Suponho que Sua Majestade ache que seus convidados devem ser incapazes de respirar durante uma conversa civilizada." 

Ele finalmente levantou os olhos para ela, e Alma sentiu um arrepio. O olhar dele tinha um peso que fazia as palavras ficarem presas na garganta. Mas ela não era do tipo que se calava por muito tempo. 

Ela se sentou de má vontade, as costas retas como uma barra de ferro, e lançou um olhar que parecia dizer: Vamos, me diga logo o que quer.

"Você dançou bem hoje," ele disse, quase como um elogio. 

"Obrigada," respondeu Alma, cautelosa. 

Claude colocou a xícara no pires com um movimento preciso, os dedos longos e elegantes apoiados na mesa. "Quero que você venha morar no palácio." 

Alma quase cuspiu o ar que estava inalando. "O quê?" 

"Você me ouviu," ele disse, sem alterar a expressão. "Quero que você dance para mim todos os dias." 

Ela piscou, incrédula. "Majestade, eu sou uma dançarina, não um pássaro enjaulado que se apresenta quando mandam." 

Claude arqueou uma sobrancelha, como se ela tivesse dito algo divertido. "Não vejo a diferença." 

Alma sentiu o sangue ferver. "Com todo respeito—" 

"Pouco respeito, parece," ele interrompeu. 

"Com todo respeito," ela repetiu, forçando um sorriso tão falso quanto uma joia barata, "isso é ridículo. Eu não sou sua propriedade para ser mantida aqui contra a minha vontade." 

"Ridículo?" Claude inclinou-se levemente para frente, os olhos brilhando com algo entre curiosidade e desafio. "Você prefere continuar morando naquela taverna decadente em vez de desfrutar do luxo do palácio imperial? Acordar todos os dias com roupas novas, comida da melhor qualidade e nenhuma preocupação com o futuro?" 

"Eu prefiro," respondeu Alma, sem hesitar, "acordar todos os dias sem que um homem arrogante me trate como um adorno decorativo." 

O silêncio que se seguiu foi tão denso que parecia que até o vento tinha parado de soprar. 

Finalmente, ele falou, a voz mais fria que antes. "Você está recusando a minha oferta?" 

"Eu estou recusando ser tratada como se fosse um objeto," ela rebateu, as mãos apertando a borda da mesa, e se levantou repentinamente. "Se queria me ver todos os dias, era só dizer. Isso pouparia a ambos essa conversa absurda." 

Os olhos de Claude arregalaram-se ligeiramente – o máximo de emoção que ela já tinha visto nele. Ele permaneceu em silêncio por um instante, como se processasse as palavras.   

Claude permaneceu impassível, mas havia um brilho em seus olhos, algo próximo de divertimento. "Você está irritada demais para alguém que se recusa a obedecer." 

Alma abriu a boca, fechou, e então apontou um dedo para ele. "Eu não obedeço ordens ridículas, especialmente de um tirano mimado!" 

"Você tem muita coragem," ele comentou, recostando-se na cadeira, como se estivesse genuinamente entretido. 

"Ou talvez seja burrice, já que ainda estou dialogando com você, mas agora, deu," ela retrucou, antes de virar nos calcanhares e sair marchando com o que restava de sua dignidade. 

Claude observou enquanto ela se afastava, o riso dançando em seus lábios.

Ele levou a xícara aos lábios, murmurando para si mesmo: "Tão irritante... e tão fascinante." 

𝐁𝐀𝐌𝐁𝐈, 𝑤𝑚𝑚𝑎𝑝Onde histórias criam vida. Descubra agora