16. settling down

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As coisas no Palácio Ruby estavam, aos poucos, começando a ficar mais suportáveis para Alma.

Ela havia ganhado aliadas preciosas nas criadas, que riam de suas piadas e achavam hilárias as histórias que ela contava sobre sua vida antes de ser tragada para aquele mundo cheio de intrigas. Lily, especialmente, era como um raio de sol tímido que Alma adorava provocar.

"Ah, Lily, querida, você é um anjo, sabia? Como você conseguiu sobreviver tanto tempo perto do Claude? Ele deve sugar toda a felicidade ao seu redor. Tipo... vuuuup." Alma fez um gesto com as mãos, como se sugasse o ar, e Lily ficou tão vermelha que parecia prestes a explodir.

"Senhorita Alma!" Lily protestou, cobrindo o rosto com as mãos, mas rindo baixinho.

Mas a amizade que mais intrigava os outros era com Félix Robane.

Félix, o braço direito de Claude e seu guarda pessoal, era um homem gentil, de fala mansa e facilmente corável. Alma achava isso uma combinação hilária, especialmente porque ele parecia ser a única pessoa verdadeiramente legal naquele palácio.

"Então, Senhor Robane," Alma começou, enquanto ele tentava manter uma postura profissional ao seu lado, "me diz uma coisa. Por que você trabalha pro Imperador mesmo? Ele é tão..."

"Majestade!" Félix o interrompeu automaticamente, tentando corrigir o rumo da conversa.

"Não, sério. Ele é uma pedra de gelo com pernas. Já pensou em pedir transferência? Talvez cuidar dos jardins? Eles parecem mais amigáveis."

Félix ficou vermelho como um tomate. "Senhorita Alma, eu não posso... Sua Majestade não é tão ruim assim."

Ela arqueou uma sobrancelha e o encarou. "Você acredita nisso mesmo ou tá só tentando salvar seu emprego? Porque, ó, entre nós, ele te explora. Não que eu esteja defendendo o homem, mas ele é tipo... o chefe dos pesadelos."

"Ele é... eficiente," Félix tentou, soando mais como uma pergunta do que uma afirmação.

Nesse momento, a porta se abriu com um baque seco, e Claude entrou no cômodo, seu olhar fixo nos dois.

"Félix," ele disse, a voz baixa, mas carregada de autoridade.

"Majestade!" Félix se colocou em posição imediatamente, batendo os calcanhares juntos.

"Cinco passos pra trás."

"Mas, majestade?!" Félix piscou, confuso, mas não ousou desobedecer.

Ele deu os cinco passos exigidos, até parecer um guarda posicionado longe demais para proteger qualquer coisa.

"Agora mais dez passos."

Félix abriu a boca, fechou, abriu de novo. Parecia um peixe fora d'água. "Majestade... Isso é realmente necessá-"

"Agora, Félix."

Com um suspiro resignado e um olhar quase desesperado lançado a Alma, Félix deu mais dez passos, ficando tão longe que parecia quase na outra sala.

Alma, que assistia a cena com um misto de descrença e diversão, cruzou os braços e estreitou os olhos para Claude.

"Era mesmo necessário? Ele não vai morder você. A menos que você peça, claro."

Claude não respondeu. Ele apenas olhou para ela, os olhos brilhando com um misto de irritação e... algo mais que ela não conseguia identificar.

"Se você tem tempo para brincadeiras, então tem tempo para ensaiar sua próxima dança," ele disse, a voz mais fria do que o normal.

"Ah, claro, porque meu trabalho aqui é entreter o Rei do Gelo." Alma revirou os olhos, mas antes que Claude pudesse retrucar, ela continuou: "Sabe, Majestade, talvez você devesse tentar sorrir mais. Ou... sei lá, dar folga ao Senhor Robane. Ele merece."

Claude não respondeu, mas o leve apertar dos lábios denunciava que ela tinha o irritado.

Félix, ainda à distância, tossiu educadamente. "Majestade, se precisar de mim, estarei aqui... longe."

"Fique longe mesmo," Claude murmurou, antes de sair da sala, com a capa esvoaçando dramaticamente.

Alma o seguiu com o olhar até ele desaparecer e então se virou para Félix, que parecia perdido.

"Ele é sempre assim?"

"Você se acostuma," Félix respondeu, embora sua expressão dissesse o contrário.

𝐁𝐀𝐌𝐁𝐈, 𝑤𝑚𝑚𝑎𝑝Onde histórias criam vida. Descubra agora