Eu me encontrava do mesmo jeito há meses. Deitada na minha cama, comendo outra caixinha de Pocky de morango (meu favorito) e assistindo um filme de terror. Um barulho vindo do meu celular chamou minha atenção, me fazendo pausar o filme. Talvez fosse a notificação mais esperada por mim. Rapidamente, peguei o celular, mas era apenas um lembrete do calendário sobre uma consulta médica marcada para o dia seguinte. Suspirei, desbloqueei o celular e vi que não havia nenhuma mensagem nova, nenhum sinal de Mark. Meu coração afundou mais uma vez, e me senti tola por ter esperado por algo que talvez nunca viesse.
Mark terminou comigo sem mais nem menos, sem nenhuma explicação. Apenas disse que não me amava mais. Senti-me humilhada. Foram 4 anos de relacionamento para terminar como se fosse nada. E mesmo meses depois, ainda tinha uma esperança de que ele pudesse me explicar.
Jogando o celular de lado, me enrolei ainda mais no cobertor e voltei a me concentrar no filme, tentando afastar os pensamentos dolorosos que insistiam em me assombrar. A solidão parecia um buraco negro, sugando toda a minha energia e vontade de seguir em frente.
Levantei da cama para pegar mais uma caixinha de Pocky e acabei me vendo no espelho do micro-ondas. Eu estava acabada, completamente entregue à tristeza. Eu não era essa mulher. Precisava mudar, não deixar esse término sem sentido acabar com a minha confiança. Por que não tentar algo diferente, sair da minha zona de conforto mesmo que seja só por uma noite?
Deixei o Pocky na bancada e fui direto para o banheiro tomar um banho. Tirei meu moletom e entrei na banheira quente, me sentindo relaxada. Me sequei lentamente com a toalha e comecei minha skincare. Ao sair do banheiro, me surpreendi com a hora. Já eram 20:00.
- O que será que coloco? - parei em frente ao meu guarda-roupa, pensando. - Esse é perfeito.Peguei um vestido que nunca havia usado, estava esperando o momento certo e esse parecia ser o meu momento perfeito.
O vestido era preto cintilante, curto, com um corte lateral e alças finas. Nos pés, coloquei um salto preto com uma linha prata na frente. Meu cabelo estava levemente ondulado e solto. Não poderia deixar de fora meus acessórios, uma argola média prata e um colar prata com uma pequena pedrinha. Eu estava maravilhosa, pronta para me livrar dessa tristeza que me perseguiu por meses. Peguei minha bolsa e chamei um Uber e fui para a Luminus Nightclub, uma boate que abriu recentemente na cidade.
Quando desci do carro, uma fila enorme me chamou atenção.
- Sn, aqui. - uma voz reconhecida me chamou. Era Jake, meu melhor amigo.
- Jake, eu não sabia que você estaria aqui. - me aproximei dele na fila.
- Finalmente você saiu daquela caverna. - ele sorriu e eu dei um leve tapa em seu braço.
- Nem me fale. Hoje estou me sentindo muito bem, depois de tanto tempo. - a fila andou e chegamos na porta.
- Boa noite. Posso ver a identidade de vocês? - o segurança pediu.
- Claro. - Jake entregou sua identidade junto à minha.
- Podem entrar, boa festa.
Ao entrar na boate, uma sensação maravilhosa me envolveu. Me sentia livre. Bom, pelo menos até olhar para o bar e ver quem eu menos queria no momento. Mark estava lá, agarrado a uma loira que nunca havia visto antes. De repente, a sensação maravilhosa de antes se transformou em insegurança. Ele estava com outra. Então, uma ideia surgiu em minha mente.
- Jake, você pode me ajudar?
- Você não precisa nem pedir. O que você precisa?
- Finge ser meu namorado esta noite?
- O-o que?
- Por favor!
- Mas por que?
- Mark está aqui e ele está acompanhado de uma mulher. Não quero que ele me veja sozinha, enquanto ele está com alguém.
- Sn, você tem certeza que quer fazer isso? - Jake perguntou, buscando confirmar minha determinação.
- Eu preciso disso, Jake. Preciso mostrar a ele que estou seguindo em frente e que não vou deixar sua partida me definir. - disse, olhando nos olhos de Jake com uma determinação renovada.
- Tudo bem, Sn. Vamos fazer isso. - concordou com relutância.