15

731 98 13
                                        

Nat

Natalie acabara de se despedir da mãe e estava "arrumando" a casa para a festa com Kevin e Jonas. E "arrumando" significava esconder as garrafas de bebida de sua mãe e as fotos da família com seu pai. De resto, eles estariam chapados demais para reparar.

O primo de Jonas deu uma droga em comprimido para ele e ele levou. Nat não entendeu muito bem o nome que Jonas dissera, mas aceitou.

Algumas horas de drogas, álcool e piadas ruins depois, Natalie e Kevin estavam deitados juntos na cama de Nat, enquanto Jonas estava rindo para o espelho.

- Acho que é a maconha - ele disse, rindo e segurando sua barriga -, mas eu tô me sentindo um gostosão.

- Com certeza é a maconha, Jonas! - Kevin disse e eles riram.

Mas de repente, Nat sentiu algo diferente. Um tipo de vazio, como uma fome de quando a pessoa já está muita horas sem comer. E doía, doía muito.

- Kevin - ela o chamou, sentindo sua voz vacilar -, tá ligado quando você se sente vazio? Como se estivesse... literalmente vazio. Já sentiu isso?

- Lembro da Jack? Aquela menina que eu gostava ano passado.

- O que tem ela?

- Toda vez que eu ficava sozinho, sem ela, eu me sentia assim. Às vezes, até mesmo quando estava com vocês.

Nat olhou para ele e a imagem de uma garota muito linda apareceu em sua mente: Charlotte Matthews.

- E o que você fazia pra isso parar?

- Sei lá. Acho que fumava. Até o dia que eu fui atrás dela e recebi um "não" bem na fuça, aí o vazio sumiu, ficou só a dor.

Kevin olhou para ela.

- Cara, eu acho que vou fazer uma loucura - ela disse, arregalando os olhos.

- Tipo o quê? Você vai... se machucar? Eu não gosto muito disso, Nat.

- Não, claro que não. Eu acho que vou beijar a Lottie.

- Ah, faça isso. E se ela disser não, use sua raiva pra jogar futebol, em vez de acabar se distraindo.

- Eu não sei fazer isso.

- É só concentrar a raiva e desconta-la na força do chute. E seja lá o que vocês fazem além de chutar.

- Tudo bem, vou tentar.

Ela se levantou da cama e Kevin arregalou os olhos.

- Espera, agora?! Já passa das duas da manhã, Natalie!

- Não tô nem aí. Preciso fazer isso agora, senão o vazio nunca vai embora e depois não vou ter coragem.

Ela pôs os chinelos e saiu do carro. Kevin foi até ela cambaleante e gritou antes dela abrir a porta:

- Nat, espera! Eu te levo, já tá muito tarde pra você ir andando.

- Você tá bêbado, cara. Seria mais perigoso ir de carro do que de bicicleta.

- Você também tá, Nat! E sabemos que você não enxerga bem quando tá chapada e bêbada ao mesmo tempo.

Natalie pensou por um tempo e, revirando os olhos, disse:

- Argh, tá legal! Vem comigo. Depois você e o Jonas vão pra casa, tá bom? Bem, dependendo de qual for a reação dela.

- Ah, não! - Jonas disse do quarto, fazendo os dois rirem.

- Tudo bem, Nat. Eu prometo.

- Obrigado.

Nat sorriu e saiu da casa, indo em direção ao carro de Kevin estacionado em frente ao trailer. Ele foi atrás dela rapidamente e ligou o carro.

Quando chegaram, Nat parecia meio nervosa, então Kevin sorriu e disse:

- Nat, boa sorte. Tenho certeza de que vai dar tudo certo.

- Obrigado - mas ela ainda não parecia calma, então ele se aproximou e disse:

- Tem alguma coisa de errado?

- Não... Tem, é. É que acabamos de voltar com nossa amizade, sabe? Não quero estragar tudo que nem fiz com o Travis.

- Você não estragou nada, Natalie. Ele só não era a pessoa certa, tá tudo bem.

- É, acho que sim. Mas acho que preciso - ela tirou um cigarro do bolso e o acendeu - fumar um pouco antes de entrar.

- Não! - Kevin tomou da mão dela e jogou da janela. Ela olhou irritada para ele. - Não, Nat. Precisa ir sozinha. O efeito da droga já deve ter passado, já tem quase uma hora que você tomou. Por isso a adrenalina passou, mas precisa conquista-la novamente sem essa merda, tá legal? E não me chame de hipócrita.

- Tudo bem.

Ela saiu do carro e foi timidamente até a porta de Lottie. Kevin sorriu e afastou o carro.

Natalie pegou o telefone sem fio do bolso e digitou o número de Lottie. Depois de alguns minutos, a morena atendeu com uma voz de sono que fez Nat sentir um frio na barriga:

- Alô.

- Lottie!

- Nat? Mas que porra...?

- Você pode abrir a porta? Tô aqui embaixo.

Lottie não respondeu, mas Nat ouviu o barulho de passos na escada de Charlotte e sentiu uma animação que quase a fez dar pulinhos de alegria.

A morena abriu a porta e disse:

- Oi, Nat. O que tá acontecendo? Você tá chapada ou...

Mas Natalie não a deixou terminar.

Nat e Lottie - YellowjacketsOnde histórias criam vida. Descubra agora