Lendas Errantes - Ato I: Projeto ampulheta.

Prenúncio do caos

Os pulmões parecem repletos de chumbo, cada inspiração é uma luta contra a espessura do ar que o cerca. Sua visão se reduz a meros borrões indistintos, enquanto o ambiente ao seus arredores parece pressionar seus ouvidos, abafando qualquer som além do estrondoso batimento de seus próprios corações e a respiração irregular que ecoa como um trovões silenciosos. Eles se sentem imerso em uma esfera de opressão, onde a presença de Sebastian presença domina cada centímetro.

V e Luke avançam com passos hesitantes entre as serpenteantes fumaças, cada respiração cuidadosamente medida para conservar o pouco de ar puro que ainda lhes resta. Cada passo é uma batalha contra a densidade do ambiente, enquanto eles se esforçam para encontrar uma rota de fuga, ansiando por escapar o mais rápido possível daquela atmosfera sufocante o mais rapidamente possível

Na penumbra da névoa densa, V guiava Luke por entre os corredores sinuosos da construção, suas mãos hábeis buscando tatear as paredes labirínticas em uma dança cega.

— Estamos nos aproximando. Ainda consigo sentir sua presença. — V falou com convicção, sua voz ecoando ligeiramente na atmosfera enevoada.

— Eu não sinto nada, cara. O manto dele é espesso demais. Você está delirando. — Luke revirou os olhos, tapando nariz e boca para se proteger da densidade da névoa.

Antes que V pudesse completar sua sentença, um vórtice de fumaça os envolveu, interrompendo sua comunicação abruptamente.

Sebastian emergiu das sombras, seus olhos cansados carregando um misto de desdém e cansaço, enquanto sua mão segurava firmemente o pescoço de V, arrastando-o pelo chão. Com o revólver engatilhado, ele preparou-se para encerrar a vida de V a queima-roupa. Contudo, um clarão verde cortou o ar, decepando o braço de Sebastian, que se desfez em fumaça apenas para se reconstituir instantaneamente.

— Vocês dois... — Sebastian começou, dirigindo seu olhar para V com um misto de raiva e desgosto. — Não conheço o garoto, mas você, V, e aquele... velho, sempre foram um incômodo para mim.

— Ah, Sebastian... Se ao menos você fosse menos previsível em suas traições, suas ações não seriam tão óbvias. Eu conheço muito bem o tipo de homem que você é, e é justamente esse tipo que sei como derrotar. — V apontou seu sabre com uma determinação afiada, seu olhar penetrante como o de uma serpente prestes a dar o bote.

— Você não sabe de nada, moleque! Nunca conseguirá me tocar! — Sebastian ergueu o revólver, seus braços abertos pronto para recebe quaisquer ataque que seja.

— Ah, não? Você viu o que aconteceu com o Maverick. Mas não se preocupe, não sou do tipo que arranca cabeças. — A provocação de V reverberou no ambiente, silenciando brevemente o ar. Uma veia saltou na testa de Sebastian, revelando a tensão crescente.

— O que você disse?! — Sebastian apontou o revólver para V e disparou sem hesitar.

A bala voou em direção a V, mas antes que pudesse atingi-lo, um clarão esmeralda a interceptou. Luke surgiu entre os dois, estendendo-se de forma graciosa.

— Mas eu não posso dizer o mesmo dele. — V inclinou-se levemente, observando Sebastian por entre os ombros de Luke, um sorriso irônico dançando em seus lábios.

— Isso não vai demorar. — Luke deu pequenos pulos, energizado. — Vamos ver se suas balas são mais rápidas do que eu. — O garoto deixou cair a bala interceptada no chão, lançando um sorriso desafiador a Sebastian.

Luke irrompeu na direção de Sebastian como um raio, sua determinação se manifestando em um chute direto ao peito do mafioso. Porém, antes que seu golpe pudesse encontrar seu alvo, o corpo de Sebastian se desfez em espirais de fumaça, escapando habilmente da trajetória do ataque. O garoto, impulsionado pela velocidade, passou reto pelo vácuo deixado para trás, enquanto o turbilhão de ar gerado pela sua passagem afetava Sebastian, forçando-o a se materializar em outro ponto da sala.