IT'S WARMIN' UP, CAN YOU FEEL IT?

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Bruno's POV

Ao abrir a carta, uma sensação estranha tomou conta de mim, como se cada palavra escrita fosse uma maré de emoções prestes a me afogar. O papel entre meus dedos parecia uma ligação direta com o coração de Serena, como se ela estivesse ali, falando comigo em um sussurro que ecoava pelo quarto. Meu coração, antes endurecido pela confusão, começou a amolecer à medida que as palavras dela penetravam minha resistência. Uma onda de sentimentos me atingiu, e a contradição entre suas atitudes anteriores e a confissão de amor na carta criou um turbilhão em minha mente. A atmosfera no quarto era carregada, com a penumbra das luzes baixas destacando a intensidade do momento. Cada frase que Serena escreveu era como um raio de luz que iluminava os cantos escuros da minha confusão. O papel, agora não mais vazio, estava repleto de sentimentos que eu tentava entender. As lembranças dos nossos momentos compartilhados surgiram, provocando sorrisos e suspiros enquanto eu relembrava a essência do que tínhamos. Ela tinha o dom de me deixar perplexo, alternando entre frieza e paixão, e eu me via refletindo sobre o que aquilo significava. Sentado na beira da cama, encarando a carta, percebi que Serena ainda tinha o poder de mexer comigo de uma maneira que ninguém mais conseguia. O conflito entre suas atitudes recentes e a declaração de amor na carta revelava um lado dela que eu mal compreendia. O quarto, que antes era apenas um espaço físico, tornou-se o palco de uma batalha interna. Serena, com sua carta, parecia atravessar os limites da distância física, trazendo à tona a complexidade do que restava entre nós. Enquanto relia suas palavras, a confusão persistia, mas, entrelinhas, a verdade emergia: ela ainda ocupava um lugar especial em meu coração, maior do que eu gostaria de admitir.

Após deixar o papel de lado, me afastei, jogando-me para trás, abrindo os braços e afundando na cama absurdamente macia, que parecia absorver não apenas meu corpo, mas também a avalanche de pensamentos que a carta de Serena havia desencadeado. Uma sensação de alívio e intensidade se misturava no ar, como se eu pudesse respirar novamente após uma apneia emocional. Me levantei correndo, e sentei em meu piano, e cada palavra daquela carta ressoava na minha mente como notas de uma melodia ainda não escrita, eu podia visualizar os acordes e as letras tomando forma, criando uma canção que seria a resposta mais sincera que eu poderia oferecer a Serena. A onda de criatividade que me envolvia era elétrica, e eu já podia sentir a urgência de transformar aqueles sentimentos em música. Percebi que, de certa forma, Serena havia me presenteado não apenas com suas palavras, mas também com a matéria-prima para uma nova obra. Dedilhando o piano, encontrei a nota certa, e comecei a cantar:

"Girl I been

So dumb

Don't wanna be a fool out of love alone

Girl I been

So wrong

Buyin' up the world just to make it feel like home

I been numb, so numb

Spendin' every dime to get everything I want

There's only one thing missing in life

That's you"

"Garota, eu fui

Tão burro

Não quero ser um tolo apaixonado e solitário

Garota, eu estive

Tão errado

Comprando o mundo inteiro só para fazer parecer um lar

Eu estive anestesiado

Gastando cada centavo para ter tudo o que quero

Só falta uma coisa na vida

Isso é você"

Com o refrão ecoando em minha mente, eu continuei a escrever, imerso em sentimentos que se desenrolavam sobre as linhas da canção. Não pude evitar acrescentar detalhes pessoais, como a lembrança do perfume dela nos lençóis. Recordações da última noite que compartilhamos naquela cama vieram à tona, e o aroma dela, impregnado nos tecidos, ao fechar os olhos, eu podia quase sentir novamente a presença dela naquele espaço, como se as lembranças se materializassem ao meu redor. Por um tempo, resisti à ideia de perder aquele vestígio da presença dela, mas, inevitavelmente, o aroma que embalsamava o tecido começou a desaparecer... A sensação de perda se entrelaçava com a saudade, e o simples ato de mencionar a ausência daquele perfume na canção era como reviver aquele momento em que percebi que ela não estava mais ali. Era uma ferida ainda fresca, um sinal de que o tempo e as lágrimas não apagam completamente as marcas de um amor que permanece vivo na memória.

Underworld Secrets: Between Past and PresentOnde histórias criam vida. Descubra agora