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𝖉𝖊𝖆𝖗 𝖊𝖓𝖟𝖔 !
~ ও by: streetdenver

Tudo parecia estar indo bem até demais, confessou que estava até estranhando tudo aquilo. Ao chegarem em casa, deram a notícia para o pai, que demonstrou uma felicidade absurda, mas nem sequer tocou em seu bolo de aniversário, ele parecia realmente triste, seu rosto estava pálido e ele demonstrava fraqueza. Guadalupe se preocupou com o estado do seu pai de imediato.

Sabia sobre seus problemas de saúde, e o homem já não era tão novo assim, sem contar que fumava e bebia até que bastante para a sua idade. Ele não quis nem falar oque estava sentindo, mas estava realmente doente. 

Na manhã seguinte, ele não se levantou, simplesmente não conseguiu, Guadalupe por estar sozinha com o pai, apenas ligou para uma ambulância, a mesma que demorou já que o hospital era um pouco afastado. Aos prantos, ela se dirigiu até uma cabine telefônica que havia em frente o hospital, e discou o número da própria casa, naquele horário, um dos irmãos já deveriam estar em casa.

―― Alô...? ―― sua voz saiu pálida devido ao choro assim que ouviu um chiado do outro lado da linha. ―― Javier?

―― Oi, aqui é o Gael, quem fala? ―― ela suspirou aliviada ao ouvir a voz do caçula no telefone, fechou os olhos e controlou a própria respiração.

―― É a Guadalupe, maninho...

―― Você está chorando? Oque houve?

―― Javier está em casa?

―― Está nos estábulos, eu posso chamar ele, oque houve, porque não está em casa? ―― perguntou demonstrando tamanha preocupação. ―― Cadê o pai?

―― Ele está doente, precisei chamar uma ambulância... Olha, Gael, chame Javier, e venham para o hospital, depressa!

―― Oque o pai tem?

―― Faça oque eu te pedi! ―― suplicou alto no telefone ouvindo o mesmo assentir, engatou o telefone e tentou controlar o seu choro, ela estava tão preocupada com o pai que nem se importava com os olhares que recebia das pessoas na rua.

Se virou, e entrou no hospital, ela não podia nem fazer muita coisa até os irmãos chegarem.

Encarou o chão branco do hospital enquanto se encontrava sentada no banco da recepção, não havia recebido mais nenhuma notícia de seu pai e aguardava atenciosamente pelos seus irmãos. Dois rapazes com cabelos claro e olhos azuis adentraram a recepção em um solavanco, ela de cara os reconheceu.

Ficou em pé enquanto sentiu seu olho molhar e esperou que os irmãos se aproximassem dela.

―― Cadê ele? Oque ele tem? ―― Javier segurou os seus ombros e a chacoalhou enquanto encarava os seus olhos, ao perceber a pressão que havia colocado sobre a irmã, apenas a soltou e esfregou a mão sobre a testa. ―― Cadê o pai? ―― perguntou, desta vez mais calmo.

―― estou esperando a duas horas o exames, eles não me deixaram sequer entrar na sala! ―― exclamou frustrada enquanto se sentava novamente.

Gael e Javier se sentaram ao seu lado, deixando a garota no meio deles, ficaram em silêncio por um longo tempo. A cada enfermeira que passava alí, Javier se levantou em um solavanco e parava a enfermeira para pedir sobre o estado do pai,a qual dizia que ainda não tinha informações, e que logo alguém viria para dar notícias.

E realmente, um homem com uma barba cheia apareceu alí usando um jaleco branco, dando a tão esperada, e triste notícia.

―― É benigno ou maligno? ―― Javier perguntou descansando suas mãos na cintura de forma despojada e suspirando, enquanto Gael, chorava triste no ombro da irmã que o tinha nos braços.

―― Maligno, aparentemente, ele estava com o câncer a um bom tempo... Ele não demonstrou nada?

―― Ele sempre foi forte, sempre parecia estar bem... ―― Javier suspirou outra vez. ―― quando ele ganha alta?

―― Hoje mesmo, e qualquer sinal, é bom retornar, tudo bem?

Derrepente o tempo passou, o pai ficava apenas deitado na cama no andar de cima, ficou debilitado tão rápido, Javier não parava em casa devido ao trabalho que havia ficado ainda mais puxado, Gael prolongou os seus estudos, ficava mais tempo na escola e depois ainda ajudava a limpar a sala, recebendo uma pouca quantia de dinheiro para ajudar na casa.

Já Guadalupe, não sabia oque fazer, ficava em casa boa parte do dia para cuidar do pai, e de vez enquando saia para comprar coisas mínimas para a casa. Ela caminha em direção a vila, usava uma calça jeans uma camiseta azul Marinho, estava um vento gélido no ar, ela não pode sequer colocar seus vestidos. 

Caminhava de cabeça baixa quando viu dois pares de sapatos em sua frente, parou de andar e ergueu o olhar arregalado os olhos no mesmo instante.

―― Lupita! ―― o alto falou animado enquanto se aproximava para um abraço, mas por algum motivo, ela simplesmente recuou, piscou algumas vezes pensando em como se desculpar, mas nem soube oque falar. ―― Está bem?

―― Estou, mas não tenho tempo para conversa... ―― falou tristonha enquanto passava por ele e continuava seu caminho, sabendo que ele a seguia.

―― Eu te esperei no campo, e até na estrada de chão perto de sua casa, até pensei em ir te procurar lá, mas não quis te incomodar. Mas pelo jeito, você não estava afim de me ver. ―― Enzo falava tudo enquanto estava alguns passos atrás de Guadalupe. ―― Você pode parar de andar e escutar oque eu tenho para te dizer, Lupita?

―― Guadalupe! ―― ela o corrigiu e se virou em um solavanco, ele pode ver lágrimas querendo escapar de seus olhos claros e ficou preocupado no mesmo instante. ―― Eu não posso parar de andar agora, mesmo eu já tendo parado, Enzo! Eu preciso ir até a vila e voltar para casa!

―― Não pode ao menos conversar um pouco comigo?

―― Não, me desculpe, não posso deixar o meu pai sozinho!

―― Seu pai está doente?

―― Eu posso ir agora?

―― Primeiro me responda.

―― Enzo...

―― Por favor, Guadalupe,  está ou não?

―― Ele está com câncer. ―― falou curta o deixando boqueaberto, pareceu preocupado e quis se aproximar, mas a morena apenas desviou o olhar e se virou continuando o seu caminho.

Enzo era um querido, um homem extraordinário e até um bom amigo. Mas ela não queria se preocupar em manter aquela amizade que ainda nem existia, sua maior preocupação era que o seu pai sobrevivesse, ela havia perdido sua mãe, não queria imaginar perder o pai também.

A noite ela chorou baixinho em seu travesseiro, preocupada, triste e arrependida, por ter tratado o amigo da tal forma, ele só quis ajudar e ela sente como se tivesse sido uma estúpida, talvez agora, Enzo achasse Guadalupe sem graça para manter uma amizade, ela queria se desculpar, mas não queria aceitar a ideia de sair de casa e deixar o pai sozinho. Não queria arriscar.

𝖉𝖊𝖆𝖗 𝖊𝖓𝖟𝖔 ━━ Enzo Vogrincic Onde histórias criam vida. Descubra agora