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Acordei no dia seguinte com minha cabeça latejando, abri os olhos e logo voltei a fecha-los por conta da claridade. Quando comecei a sentir bicadas em minha orelha resolvi tentar abrir de novo os olhos. Cherry estava no recosto do sofá sobre mim, com uma expressão preocupada.

- Cherry... - reclamei, afastando minha cabeça de seu bico e ajeitando meus óculos no rosto.

Olhei ao redor e me vi jogado no sofá, na sala de estar. Ainda usando apenas a bermuda, uma garrafa de uísque de fogo pela metade e um copo caído no carpete novo, com uma mancha âmbar em volta dele.

- Droga - peguei o copo o colocando em cima da mesa de centro. Me levantei com certo trabalho, meu corpo doía, assim como minha cabeça.

Tentei me lembrar o que tinha acontecido pela noite, mas a única coisa que eu me lembrei foi encontrando uma porta falsa na dispensa. Era um cômodo bastante sombrio e tinha prateleiras com bebidas, a maioria estava vazia ou quebrada, mas eu consegui achar uma inteira. Eu peguei a garrafa e bem, comecei a beber, daí para frente não me lembro de muita coisa. Mas uma coisa ficou muito viva em mente os olhares das pessoas no Ministério, os gritos daquele homem que eu nem sei quem é e pânico que eu senti.

- Sai, Cherry - empurrei a coruja delicadamente, ela tinha voado para cima de mim. - Ok, ok. Já entendi.

Peguei a carta que estava amarrada em sua perna e guardei no meu bolso, porém a coruja continuou ali. Segui para a cozinha, já que minha boca estava extremamente seca e a coruja me seguiu.

- Mestre Potter! - Monstro exclamou. - Está bem, Potter, meu senhor?

- Com dor de cabeça, mas sim - falei estreitando os olhos com a pontada que senti na cabeça por conta da voz estridente de Monstro, então aquilo era ressaca.

- Aqui, senhor. Minha antiga dona pedia para eu preparar isso quando tinha esse problema - ele falou me entregando um copo com um líquido verde, parecendo musgo.

Peguei o copo e olhei para o conteúdo nojento, eu confiava em Monstro, sabia que ele não tentaria me envenenar, não mais pelo menos, mas aquilo parecia horrível.

- Vai melhorar um pouco, meu senhor - explicou vendo minha hesitação.

Assenti com a cabeça e respirei fundo, tomando um grande gole. A aparência fazia jus ao gosto, além de ter uma consistência muito estranha.

- Argh - reclamei com uma careta, porém eu já podia sentir os efeitos mínimos e olhei agradecido para o elfo.

- Ele vai fazer mais efeito durante o dia, mestre.

- Obrigado - me sentei pesadamente, tomando mais um gole daquele negócio ruim.

- Fiz esse café reforçado, senhor. Não jantou ontem, Monstro ficou muito preocupado, senhor - falou colocando um prato grande com ovos com bacon, além de torradas com passas e uma caneca cheia de café, eu odiava café mais ele disse que iria me ajudar a ficar ainda melhor. Quem sou eu para discordar de um elfo experiente.

Até esse momento não tinha percebido o quanto de fome que eu estava, comecei a comer sem me importar da coruja estar roubando minhas torradas.

- Mestre Potter, chegou essa carta para você hoje cedo - Monstro colocou um envelope cinza claro na minha frente, com o brasão da Academia de Aurores.

Olhei rapidamente para o relógio, eram nove horas da manhã. Voltei meu olhar para a carta novamente, A CARTA. A que definiria meu futuro, Rony provavelmente já deve ter visto a resposta.

Com as mãos trêmulas a abri, quebrando o selo. Dentro havia uma carta e o que parecia ser mais alguns papéis presos juntos. Peguei o mais fino primeiro, respirei fundo e desdobrei o papel, que fez meus olhos doerem por ser tão branco.

DELICATE ☆ HinnyOnde histórias criam vida. Descubra agora