A Conversa

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Depois de todas as emoções da noite, fomos mandados para as barracas. Eu ia dividir com Rony, enquanto Hermione com Gina. As barracas não eram aumentadas magicamente e dormimos em colchões infláveis, os quais deixaram os Weasley surpresos com a engenhosidade dos trouxas. Eu acho que dormi apenas duas horas, quando me deu vontade de ir no banheiro. Eu voltava para a barraca quando vi uma forma sentada de costas para mim, de frente para a fogueira já apagada. Me aproximei e logo distingui o cabelo ruivo de Gina.

- Ei... - toquei em seu ombro de leve.

Ela reagiu sacando a varinha e apontando para o meu rosto, fazendo eu dar uns passos para trás.

- Harry, que susto - ela falou colocando a mão sobre o peito e se sentando novamente.

- Desculpa. O que aconteceu? - perguntei preocupado me sentando ao lado dela.

Ela apenas negou com a cabeça, apoiando os cotovelos em seus joelhos e escondendo seu rosto nas mãos.

- Ei... Pode falar para mim o que aconteceu - disse calmamente, tentando transmitir tranquilidade para ela, colocando uma mecha solta de seu cabelo atrás de sua orelha.

- O de sempre - falou, virando o rosto para mim, agora apoiando o queixo em suas mãos.

- Pesadelos? - ela assentiu com a cabeça respirando fundo. Odiava ver ela assim e ainda me sentia impotente, sem saber com ajudá-la. - Você quer falar como foi? - passei meu braço sobre seu ombro.

- Hm... Eu tinha começado a ser controlada de novo... por T-Tom Riddle - ela falou fechando apertado os olhos e deitando a cabeça em meu peito, a abracei forte. - Ele me fez matar vocês... Todos vocês...

Ela não chorou, seus olhos, porém, pareciam nublados e turvos com lágrimas. Suas mãos tremiam e ela tinha começado a fechar e abri-las novamente, eu tinha descoberto porque ela fazia isso, ela me contou que quando tinha pesadelos ou se lembrava de algo muito traumatizante as mãos dela começavam a formigar.

- Ele não pode mais fazer isso, o diário foi destruído - envolvi suas mãos nas minhas. - E mesmo se ele ainda existisse eu não deixaria nada de ruim acontecer com você. Ele não pode mais te alcançar...

Ela passou os braços pela minha cintura me abraçando.

- Eu sei, mas mesmo assim... A alma dele entrou em mim, toda vez que eu penso nisso eu me sinto como se estivesse suja. E se ainda tiver resquício dela em mim? - ela perguntou com um medo claro em sua voz.

Para falar a verdade, eu também penso sobre esse possibilidade acontecer comigo também, mas não acho que vou falar isso para ela no momento.

- Se uma parte da alma dele ainda estivesse viva, eu não conseguiria ter matado ele - tentei dar uma explicação lógica para ver se ela ficava mais calma e de fato a tranquilizou, só um pouco.

Ficamos alguns minutos apenas abraçados, onde tentei de todo modo fazê-la se sentir mais confortável.

- Sabe a última coisa que eu pensei antes de ser morto? - perguntei em um sussurro quebrando o silêncio, com o queixo apoiado no topo da sua cabeça.

- Em que? - ela falou se afastando, me olhando com seus olhos de chocolate.

- Em você... - a encarei passando a mão em seu rosto. - No seu beijo... - passe de leve meu polegar em seus lábios, ela praticamente não piscava. - Seus olhos... E que nunca conseguiria ver você de novo.

- Sério? - ela perguntou cerrando os olhos, mas com a sombra de um sorriso aparecendo em seus lábios.

- Sério - falei com um leve sorriso.

DELICATE ☆ HinnyOnde histórias criam vida. Descubra agora